Telescópio James Webb revela enigmático “Monstro Verde” em supernova

Uma descoberta recente feita com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb está chamando atenção da comunidade científica. Trata-se de uma estranha estrutura esverdeada, que apareceu nos dados obtidos a partir do remanescente da supernova Cassiopeia A (ou Cas A), localizada a cerca de 11 mil anos-luz da Terra. A figura, batizada popularmente como “Monstro Verde”, possui características únicas que desafiam as interpretações convencionais sobre os efeitos de uma explosão estelar.

Segundo os especialistas da NASA, a estrutura foi formada a partir da violenta explosão de uma estrela há aproximadamente 340 anos. A novidade foi oficialmente divulgada em 1º de maio, acompanhada de imagens impressionantes que combinam dados de múltiplos observatórios espaciais.

Uma imagem construída com múltiplos olhos do espaço

A representação do “Monstro Verde” é um mosaico complexo de observações. Os raios-X captados pelo Chandra estão representados em azul, enquanto o James Webb contribuiu com dados infravermelhos, nas cores vermelha, verde e azul. Os dados ópticos do Hubble aparecem em tons de vermelho e branco, e os dados infravermelhos do Spitzer complementam a imagem em nuances semelhantes.

Essa integração de telescópios distintos permitiu um mapeamento profundo da estrutura da Cas A, revelando tanto regiões extremamente quentes quanto outras compostas por poeira fria, detritos e gases ejetados da estrela original.

Telescópio James Webb revela enigmático “Monstro Verde” em supernova
Foto: Nasa

Como o “Monstro Verde” se formou?

Ao analisar os dados reunidos, os cientistas observaram que a coloração verde e a forma peculiar da estrutura correspondem não aos detritos internos da supernova, mas sim ao material atingido pela onda de choque em expansão. Essa onda, gerada pela explosão estelar, colidiu com os gases ao redor — previamente ejetados pela estrela — provocando um brilho intenso, particularmente visível na radiação infravermelha.

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Além disso, os raios-X detectaram elétrons energéticos que se movem em espiral ao longo das linhas do campo magnético, iluminando áreas como finos arcos luminosos ao longo da estrutura da supernova. Esses arcos também aparecem na periferia do “monstro”, sustentando a hipótese de que sua origem está ligada diretamente à propagação da onda de choque e não à composição central da estrela morta.

O papel da radiação e dos elementos pesados

As leituras feitas pelo Webb mostraram emissão infravermelha resultante da poeira aquecida, enquanto o Chandra detectou gás superaquecido com traços de elementos como ferro e silício. Já o Hubble, por sua vez, contribuiu com uma visão mais clara das estrelas ao redor.

Os estudos também revelaram que a área do “Monstro Verde” possui menores concentrações de ferro e silício em comparação aos detritos internos. Isso reforça a teoria de que a formação é composta por gás externo aquecido pela colisão com a onda de choque, ao invés de ser parte dos materiais expelidos diretamente da supernova.

Cavidades formadas por matéria radioativa

Para aprofundar ainda mais a análise, os pesquisadores utilizaram dados do NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array), da NASA, para identificar titânio radioativo, e do Chandra para mapear níquel e ferro radioativos. Ao comparar essas informações com os mapas criados pelo Webb, foi possível observar como essas substâncias radioativas contribuíram para a formação de cavidades nos detritos internos, criando padrões finos e filamentos entrelaçados.

Essas estruturas provavelmente se formaram quando as camadas internas da estrela explodida foram misturadas violentamente com a matéria radioativa quente, proveniente do colapso de seu núcleo. Isso resultou em um padrão de detritos que parece ter sido esculpido de dentro para fora.

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