Entenda os riscos do descolamento de placenta na gravidez

O capítulo de segunda-feira (15) do remake “Renascer”, exibido pela TV Globo, trouxe à tona um tema delicado e crucial: o descolamento de placenta. A trama mostrou a perda do bebê de Sandra (Giullia Buscacio) e João Pedro (Juan Paiva), decorrente de uma discussão que deixou Sandra nervosa, levando-a a sentir fortes dores. No hospital, foi constatado o descolamento da placenta, resultando na morte do feto.

O descolamento de placenta é uma complicação séria da gravidez que ocorre quando a placenta se separa do útero antes do parto. Essa separação pode ser parcial ou total, comprometendo a quantidade de oxigênio e nutrientes que o feto recebe e podendo causar sangramento intenso na gestante, colocando em risco a vida da mãe e do bebê.

De acordo com a Cleveland Clinic, o descolamento prematuro da placenta acontece em cerca de uma a cada 100 gestações (1%) e é mais comum no final do terceiro trimestre, que começa por volta de 28 semanas de gravidez e dura até o parto. No entanto, essa condição pode ocorrer a qualquer momento após 20 semanas de gestação.

O descolamento de placenta pode trazer complicações sérias para o bebê. Segundo a Mayo Clinic, algumas dessas complicações incluem:

  • Anemia Grave: Devido à perda de sangue, o bebê pode desenvolver anemia.
  • Crescimento Restrito: A falta de nutrientes pode impedir o desenvolvimento adequado do feto.
  • Falta de Oxigênio: A interrupção do fluxo de oxigênio pode ser fatal.
  • Nascimento Prematuro: Pode ser necessário induzir um parto prematuro para salvar a vida da mãe e do bebê.
  • Aborto Espontâneo: A separação completa da placenta pode levar à perda do feto.
  • Natimorto: Em casos mais graves, o bebê pode nascer morto.

Monique Novacek, ginecologista obstetra da Clínica Mantelli, enfatiza a importância do rápido atendimento médico. “A placenta é o órgão responsável pelo suprimento tanto de nutrientes quanto de oxigênio. Se esse suprimento é interrompido, o bebê pode ser levado a óbito. Por isso, se a paciente desconfiar que esteja com a complicação, ela deve correr para o hospital e fazer o parto, dependendo de como está a situação dela e do feto”, explica.

Além dos riscos para o bebê, o descolamento de placenta pode levar a complicações significativas para a gestante, tais como:

  • Choque Hemorrágico: Devido à perda de sangue, a gestante pode entrar em choque.
  • Problemas de Coagulação: A perda de sangue pode causar distúrbios de coagulação.
  • Necessidade de Transfusão de Sangue: Pode ser necessário repor o sangue perdido.
  • Insuficiência de Órgãos: A perda de sangue pode causar falência dos rins ou de outros órgãos.
  • Histerectomia: Em casos graves e raros, pode ser necessária a remoção do útero.

As causas do descolamento de placenta podem ser variadas, incluindo fatores traumáticos e não traumáticos. Segundo a ginecologista Monique Novacek, os traumas externos podem ser acidentes de carro, quedas ou outras lesões na região abdominal. Já os traumas internos incluem situações como:

  • Líquido Amniótico em Excesso: Rompimento abrupto da bolsa amniótica.
  • Parto de Gêmeos: O nascimento do primeiro gêmeo pode causar descolamento da placenta do segundo.
  • Cordões Umbilicais Curtos: Podem puxar a placenta.
  • Distensões Uterinas: Uterinas além do comum.
  • Miomas Uterinos: Podem causar descolamento.

Outras causas não traumáticas incluem hipertensão materna, pré-eclâmpsia, eclampsia, infecções e condições como trombofilia.

Segundo a Cleveland Clinic, além das causas diretas, existem fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de descolamento de placenta, tais como:

  • Histórico de Descolamento de Placenta: Descolamento em gestações anteriores.
  • Diabetes Gestacional: Diabetes durante a gravidez.
  • Tabagismo: Fumar durante a gravidez.
  • Idade Avançada: Mulheres com mais de 40 anos.

Sintomas do Descolamento de Placenta

O sintoma mais comum do descolamento de placenta é o sangramento vaginal acompanhado de cólicas. Outros sinais podem incluir:

  • Dor Abdominal: Dor intensa na região abdominal.
  • Contrações Uterinas: Mais longas e intensas que as típicas do parto.
  • Sensibilidade Uterina: Sensação de rigidez no útero.
  • Dor nas Costas: Pode ser um sinal de descolamento.
  • Menor Movimentação do Feto: O bebê pode se mover menos devido à falta de oxigênio.

Tratamento do Descolamento de Placenta

Uma vez que a placenta se descola do útero, ela não pode ser reconectada ou reparada. O tratamento depende da gravidade do descolamento, da idade gestacional do feto, dos sinais de sofrimento fetal e da quantidade de sangue perdido pela gestante. Segundo a Cleveland Clinic, as opções de tratamento incluem:

  • Repouso em Casa ou Hospitalização: Para descolamentos leves, pode ser recomendado repouso.
  • Medicamentos Corticosteroides: Para ajudar no amadurecimento dos pulmões do feto.
  • Parto Imediato: Se o descolamento for grave, pode ser necessário realizar o parto imediatamente, mesmo que prematuro.

Se o parto já estiver próximo e o descolamento for leve, a gravidez pode continuar até o final, com o uso de medicamentos com corticosteroides. Nos casos mais graves, uma cesárea de emergência é normalmente realizada.

Embora não seja possível prevenir completamente o descolamento de placenta, é possível reduzir alguns fatores de risco. De acordo com a Mayo Clinic, evitar o tabagismo e o uso de drogas durante a gravidez é crucial. Além disso, o monitoramento regular da pressão arterial pode ajudar a identificar e tratar hipertensão e pré-eclâmpsia, reduzindo o risco de complicações.

Sair da versão mobile