Novo boletim epidemiológico da dengue registra mais 25,4 mil casos e 26 óbitos

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou nesta terça-feira (9) um novo boletim das arboviroses, referente à Semana Epidemiológica nº 14, que compreende o período entre 31/03/2024 a 06/04/2024. O documento apresenta mais 25.462 novos casos confirmados de dengue, 26 novos óbitos e 43.889 notificações. Com a atualização, o Paraná contabiliza no período epidemiológico atual 103 mortes, sendo 45 homens e 58 mulheres, e 184.819 casos pela doença.

Situação dos óbitos e casos de dengue por região

Os novos óbitos são de pessoas entre 35 e 97 anos, residentes em 14 diferentes municípios (Chopinzinho, Dois Vizinhos, São Jorge D’Oeste, Cascavel, Espigão do Alto Iguaçu, Araruna, Mandaguari, Sarandi, Cambé, Londrina, Cornélio Procópio, Ibaiti, Terra Roxa e Ivaiporã), sendo que 18 tinham comorbidades. São 12 homens e 14 mulheres.

Os municípios onde ocorreram as mortes são de abrangência das Regionais de Saúde de Pato Branco (7ª RS), Francisco Beltrão (8ª RS), Cascavel (10ª RS), Campo Mourão (11ª RS), Maringá (15ª RS), Londrina (17ª RS), Cornélio Procópio (18ª RS), Jacarezinho (19ª RS), Toledo (20ª RS) e Ivaiporã (22ª RS).

Distribuição dos casos de dengue por região

A Regional com mais casos confirmados de dengue é a 10ª RS de Cascavel, com 25.729. Na sequência estão a 16ª RS de Apucarana (25.288), 8ª RS de Francisco Beltrão (22.969), 17ª RS de Londrina (18.577), 15ª RS de Maringá (15.255) e 11ª RS de Campo Mourão (13.295). Já os municípios que apresentam mais casos confirmados são Apucarana (15.141), Londrina (13.263), Cascavel (11.358), Maringá (8.608) e Quedas do Iguaçu (5.670).

Situação epidemiológica geral

Além dos mais de 184 mil casos confirmados de dengue e das 395.214 notificações desde o início do período epidemiológico 2023/2024, existem ainda 89.012 casos em investigação e 110.946 já foram descartados. Dos 399 municípios paranaenses, 392 estão com casos confirmados.

Situação das arboviroses chikungunya e zika

A publicação traz ainda informações das arboviroses chikungunya e zika, também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Houve o registro de quatro novos casos de chikungunya, somando 101 confirmações da doença no Estado. Do total de casos, 65 são autóctones (quando a doença é contraída no município de residência). Há, ainda, 407 casos em investigação e 1.046 notificações. Desde o início deste período não houve confirmação de casos de zika vírus. Foram registradas 95 notificações.

18 coisas que você precisa saber sobre mudanças climáticas e saúde

FOTO: Orlando Kissner/Alep

A audiência pública “Mudanças Climáticas e os Impactos nos Sistemas de Saúde”, promovida pela deputada estadual Márcia Huçulak (PSD) na quinta-feira (04/04) trouxe várias informações, análises e dados importantes sobre o tema. (Saiba mais)

A saúde é uma das áreas mais afetadas pelas alterações em curso.

Veja alguns destaques do que foi apresentado no encontro:

Márcia Huçulak, deputada estadual (PSD), ex-secretária de saúde de Curitiba.

• “Na minha vida pública aprendi que a sociedade está preparada para lidar com as consequências. Deu uma enchente, vai lá e ajeita as coisas. Isso é importante, precisa fazer. Mas precisamos pensar como evitar a enchente.”

• “As políticas públicas mais afetadas pelas mudanças climáticas são as de saúde. Enchente, por exemplo, traz mais leptospirose, gastroenterites, além de perda de domicílios…”

Wilson Flavio Feltrim Roseghini, professor doutor do departamento de Geografia e diretor do Laboratório do Clima da UFPR.

• Em 1995, 31,4% dos municípios brasileiros registravam infestação do mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue); em 2014 já eram 81,3% e em 2021, 89,9%. O aumento da incidência é atribuído à elevação da temperatura.

• As principais condicionantes socioambientais responsáveis pela disseminação e manifestação da dengue são: clima, fluxo da população, a circulação de sorotipos, o modo de vida da população, a ineficiência das políticas públicas, o descaso com as situações de risco e vulnerabilidade à doença.

Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk, médico veterinário, professor aposentado dos cursos de Medicina Veterinária da UFPR e da PUCPR, doutor em biologia animal.

• Análise de risco feita pelo Banco Mundial coloca o clima como o principal problema do planeta. O segundo é a desinformação.

• “As alterações no clima produzem mudanças nos ciclos de vida dos vetores de doenças, nos patógenos, assim como nas doenças.”

• “Os vírus [transmissores de zoonoses que afetam os seres humanos] não respeitam fronteiras.”

• “Só uma abordagem colaborativa pode mitigar o impacto das mudanças climáticas na saúde. Isso é uma estratégia de sobrevivência.”

Alcides de Oliveira, médico, diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.

• Metade das doenças respiratórias e 60% das doenças respiratórias agudas estão associadas à poluição ambiental, ocasionando em torno de 1,2 milhão de mortes por ano no mundo.

• “O calor extremo é um problema de saúde claro e crescente, sendo urgentemente necessários planos de adaptação baseados em evidências para evitar mortes.”

• “O impacto das mudanças climáticas na saúde é incontestável e já nos afeta diariamente.”

José Alvaro Carneiro, diretor-geral do Complexo Pequeno Príncipe.

• “A sociedade global não está cumprindo o acordo de Paris e as perspectivas não são boas. Precisamos provocar uma alteração para que se alerte sobre isso [gravidade das mundaças climáticas].”

• Muitos cientistas já trabalham com um aumento de 4ºC para o ano 2100.

Mário Antônio Navarro da Silva, professor titular do departamento de zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

• Transmissores da dengue. Em média, o índice de adequação de temperatura para Aedes albopictus é cerca de 42 vezes maior do que para Aedes aegypti. Isso significa que a adequação seja muito maior para Aedes albopictus. É preciso colocar atenção nele também.

• O mosquito tem uma história de mais de 172 milhões de anos. Qual mosquito? São mais de 3.000 espécies. Mas as pessoas conhecem só o mais famoso deles, o Aedes aegypti.”

• “O mosquito é uma máquina biológica extremamente eficiente.”

• “Estamos fornecendo condições superadequadas para o mosquito se proliferar.” Hoje, ele  vive mais e se prolifera mais rápido. A longevidade da fêmea do mosquito Aedes albopictus é de 19 dias a uma temperatura de 15°C e de 61 dias a 20°C.

Beatriz Battistella Nadas, secretária municipal de Saúde de Curitiba.

• “É muito importante tratarmos o assunto sob as óticas da responsabilidade, da solidariedade e do civismo, para assim termos uma população mais saudável e feliz.”

Descubra por que os casos de dengue aumentaram no Brasil

Em um cenário alarmante, o Brasil enfrenta um repentino surto de dengue em 2024, resultando em um aumento dramático de 140% nas mortes causadas pela doença em menos de uma semana. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o país contabiliza 36 óbitos relacionados à dengue, uma disparada em comparação aos 15 registros da semana anterior. Essa crescente epidemia de dengue está deixando autoridades de saúde e a população em alerta.

O aumento repentino nas mortes por dengue é motivo de grande preocupação para as autoridades de saúde. Em apenas três dias, o país testemunhou sete novas vítimas da doença, um indicador claro da rápida disseminação do vírus. Os números do Ministério da Saúde revelam que, na última sexta-feira (2 de fevereiro de 2024), havia 29 mortes registradas, o que significa que o país viu um aumento de 7 mortes em um curto período.

Minas Gerais e Paraná emergem como os estados mais afetados por essa crescente epidemia de dengue. Com um total de 13 mortes, Minas Gerais lidera a lista, seguido de perto por Paraná, que já registrou 11 óbitos relacionados à doença. Outros estados que reportaram casos fatais de dengue incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco.

Vários fatores podem explicar o aumento acentuado das mortes por dengue no Brasil. O clima tropical do país, propício à reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, é um dos principais motivos. Além disso, o acúmulo de água parada em recipientes domésticos e lixo descartado de forma inadequada oferece ambientes ideais para a proliferação do mosquito.

A falta de medidas eficazes de controle de vetores e de educação pública sobre prevenção da dengue também desempenha um papel crucial nesse surto. A resistência do mosquito a inseticidas e a falta de recursos adequados para combater a epidemia são desafios adicionais.

Diante dessa situação crítica, é fundamental que a população e as autoridades tomem medidas enérgicas para conter o avanço da dengue. A prevenção ainda é a melhor arma contra a doença. Isso inclui eliminar criadouros de mosquitos, usar repelentes, vestir roupas de manga longa e instalar telas de proteção nas janelas.

Além disso, é imperativo que o governo invista em campanhas de conscientização pública, aprimore os esforços de controle de vetores e assegure o acesso à assistência médica adequada para os pacientes com dengue. Somente com uma abordagem abrangente e colaborativa, o Brasil poderá enfrentar eficazmente essa epidemia de dengue.

A escalada alarmante das mortes por dengue no Brasil em 2024 é motivo de grande preocupação e exige ação imediata por parte das autoridades de saúde e da população em geral. A rápida disseminação do vírus destaca a necessidade de medidas preventivas eficazes, educação pública e esforços de controle de vetores mais intensos.

Minas Gerais e Paraná, como os estados mais afetados, devem liderar o caminho na implementação de medidas de prevenção e tratamento. O Brasil não pode ignorar esse desafio crescente; é hora de unir esforços para proteger a saúde e o bem-estar de todos os brasileiros.

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