Santa Catarina celebra 195 anos de imigração alemã com homenagens e preservação cultural

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina promoveu uma sessão especial para celebrar os 200 anos da imigração alemã no Brasil e os 195 anos da chegada dos alemães a Santa Catarina. A solenidade, realizada na segunda-feira (16), foi marcada por homenagens a municípios, instituições e personalidades que desempenharam um papel fundamental na preservação da cultura germânica no estado.

Com a proposta do deputado Ivan Naatz (PL), o evento destacou a importância dos imigrantes alemães na construção da identidade de Santa Catarina, tanto na cultura quanto na economia, além de seu impacto no turismo local. O parlamentar enfatizou a relevância da presença germânica, afirmando que “a força de trabalho e as tradições alemãs moldaram a identidade do estado e são evidentes em diversos aspectos, como o potencial turístico catarinense.”

Além de homenagear prefeituras e entidades, a sessão prestou tributos a personalidades, tanto atuais quanto in memoriam, que se destacaram nas artes, ciências, política, esportes, economia e negócios, tanto em nível estadual quanto nacional e internacional. A sessão teve o apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), que criou a Comissão do Bicentenário da Imigração Alemã para realizar eventos ao longo do ano em comemoração à data.

A imigração alemã tem profunda influência na história e no desenvolvimento de Santa Catarina. Essa influência é especialmente visível na arquitetura, tradições e na cultura de diversas cidades do estado, como Blumenau, Pomerode e Joinville, que se tornaram verdadeiros ícones do legado germânico no Brasil. O estado é conhecido por seu progresso econômico, que se deve, em grande parte, à ética de trabalho e ao espírito empreendedor dos descendentes de alemães.

Durante a sessão, Suely Petry, diretora de patrimônio histórico museológico de Blumenau, discursou em nome dos homenageados, destacando a importância da imigração alemã no desenvolvimento econômico e cultural de Santa Catarina. “A contribuição alemã é refletida no nosso comércio, indústria e na miscigenação com os brasileiros, que fez de Santa Catarina um dos estados mais desenvolvidos, gerando empregos e impulsionando o progresso”, disse.

Paulo Bornhausen, secretário executivo de Articulação Internacional de Santa Catarina, também ressaltou a importância das primeiras levas de imigrantes alemães no estado. “As famílias alemãs chegaram há quase 200 anos e contribuíram decisivamente para transformar Santa Catarina no melhor estado do Brasil. Desde São Pedro de Alcântara, elas se espalharam por toda a região, deixando um legado que perdura até os dias de hoje”, afirmou Bornhausen.

A imigração alemã no Brasil teve início em 25 de julho de 1824, quando um grupo de 39 imigrantes de língua alemã desembarcou na região que hoje corresponde ao município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Este evento marcou o início de um grande fluxo de imigração alemã para o Brasil, que se estendeu por quase um século.

Em Santa Catarina, o marco da imigração foi a fundação da colônia de São Pedro de Alcântara em 1829, a primeira de muitas comunidades alemãs no estado. Entre os séculos XIX e XX, cerca de 300 mil alemães imigraram para o Brasil, com o auge desse movimento acontecendo na década de 1920, quando mais de 75 mil alemães chegaram ao país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esses imigrantes desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento de Santa Catarina, criando comunidades prósperas, estabelecendo um sólido sistema de educação, e promovendo o progresso industrial e agrícola. A miscigenação entre os alemães e outros grupos étnicos também ajudou a formar uma sociedade diversificada e culturalmente rica.

Durante a cerimônia, várias cidades catarinenses que possuem forte influência germânica foram homenageadas, incluindo São Pedro de Alcântara, Blumenau, Joinville e Pomerode. Essas cidades são reconhecidas por preservar a herança cultural alemã, com eventos tradicionais, arquitetura em estilo enxaimel e práticas que mantêm viva a memória dos antepassados imigrantes.

Além dos municípios, instituições e personalidades de destaque também foram lembradas. Entre os homenageados estavam Jorge Konder Bornhausen, ex-governador de Santa Catarina e responsável pela criação da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Sueli Petry, Fritz Plaumann, um dos maiores entomologistas e botânicos da história (in memoriam), e Hermann Blumenau, fundador da cidade de Blumenau (in memoriam).

Outras figuras de destaque incluíram Zilda Arns Neumann, médica pediatra e sanitarista que fundou a Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa (in memoriam), e Walter Orthmann, catarinense descendente de alemães e reconhecido como o funcionário mais antigo do mundo (in memoriam). Cada homenagem simbolizou o impacto profundo e duradouro que essas personalidades deixaram em suas respectivas áreas de atuação.

Santa Catarina é hoje um dos estados brasileiros mais associados à cultura alemã. As festividades anuais, como a Oktoberfest de Blumenau, são um grande exemplo de como as tradições germânicas continuam sendo celebradas e valorizadas. A Oktoberfest, por exemplo, atrai milhares de turistas todos os anos, fortalecendo a economia local e mantendo a cultura viva por meio de música, dança e gastronomia típica.

Além da Oktoberfest, outros eventos tradicionais, como as festas de reis e o tiro ao alvo, também continuam a fazer parte da vida dos descendentes de alemães em Santa Catarina. As sociedades de tiro, clubes de dança folclórica e corais são instituições centenárias que perpetuam a herança cultural, passando os costumes de geração em geração.

A língua alemã, embora menos falada entre as gerações mais jovens, ainda sobrevive em algumas localidades, especialmente nas zonas rurais. Comunidades como Pomerode são conhecidas por manterem o dialeto germânico, e esforços para preservar a língua continuam a ser realizados por escolas e grupos culturais.

À medida que Santa Catarina celebra quase dois séculos da imigração alemã, a importância de manter viva essa herança se torna cada vez mais relevante. O estado continua a se destacar pela sua prosperidade econômica, em grande parte impulsionada pelo espírito empreendedor herdado dos imigrantes alemães.

O governo e diversas instituições culturais têm trabalhado ativamente para preservar e promover essa herança, organizando eventos, exposições e projetos educacionais que mantêm viva a memória dos primeiros colonos alemães. O trabalho da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), que criou a Comissão do Bicentenário da Imigração Alemã, é um exemplo desses esforços. A FCC tem promovido uma série de eventos ao longo do ano para celebrar a cultura germânica, reforçando a importância de transmitir essa herança para as futuras gerações.

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