Na manhã de terça-feira (3), cientistas do mundo inteiro foram surpreendidos por um evento cósmico que acendeu o alerta vermelho para possíveis tempestades espaciais: uma poderosa explosão solar do outro lado do Sol.
Esta explosão gerou uma ejeção de massa coronal (CME), que, embora não esteja diretamente direcionada à Terra, já provocou efeitos significativos no nosso planeta. Satélites na órbita terrestre detectaram um aumento significativo de partículas energéticas, causando até mesmo um apagão de rádio de ondas curtas no Círculo Polar Ártico. Esse fenômeno não apenas evidencia a imprevisibilidade do clima espacial, mas também destaca a vulnerabilidade da nossa tecnologia e infraestruturas que dependem do espaço.
A explosão, capturada pelos coronógrafos do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) — um projeto colaborativo entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) —, revelou uma CME brilhante se afastando da Terra. Porém, apesar da distância segura, os efeitos da explosão foram sentidos por aqui, gerando preocupações sobre o que mais está por vir.
Além disso, a sonda Solar Orbiter (SolO), também da ESA, está diretamente no caminho dessa explosão, prevista para atingir o dispositivo nesta quarta-feira (4). Isso eleva a tensão entre os cientistas, que agora observam atentamente a atividade solar, especialmente um novo grupo de manchas solares que pode representar um risco iminente para a Terra.
As explosões solares, também conhecidas como erupções solares, são explosões de radiação intensa causadas por alterações repentinas na energia magnética armazenada na atmosfera do Sol. Esses eventos frequentemente resultam na liberação de uma ejeção de massa coronal, que consiste em grandes quantidades de plasma e campo magnético expelidos da corona solar para o espaço.
Quando essas partículas energéticas atingem a Terra, podem causar uma variedade de distúrbios, desde belas auroras boreais até danos potenciais a satélites e sistemas de comunicação.
No caso da explosão mais recente, a CME foi detectada se movendo para longe da Terra, o que é uma boa notícia para o nosso planeta. No entanto, os efeitos indiretos, como o aumento de partículas energéticas, já foram sentidos.
Essa radiação pode afetar satélites na órbita terrestre, interromper comunicações de rádio e até mesmo causar apagões de rádio, como o que ocorreu no Ártico. Isso se deve ao efeito ionizante da radiação, que altera a ionosfera da Terra, uma camada da atmosfera que reflete e transmite sinais de rádio.
Enquanto a Terra escapou desta vez, a sonda Solar Orbiter, da ESA, não teve a mesma sorte. A SolO está localizada do outro lado do Sol, diretamente na linha de fogo da CME. De acordo com um modelo da NASA, o material solar deve atingir a espaçonave na quarta-feira (4), por volta das 9h da manhã, horário de Brasília. Já foram observados aumentos de até 100 vezes nas partículas energéticas ao redor da sonda, e esse número pode crescer à medida que a CME se aproxima.
A SolO foi projetada para resistir a condições extremas no espaço e possui escudos especiais para proteger seus instrumentos das partículas carregadas. Contudo, uma exposição prolongada a altos níveis de radiação pode danificar componentes eletrônicos sensíveis e impactar a operação da missão. Cientistas estão monitorando de perto a situação, esperando obter dados valiosos que ajudarão a entender melhor o comportamento das CMEs e suas interações com a sonda.
Além da explosão recente, outro ponto de preocupação são as manchas solares, regiões temporárias de intensa atividade magnética na superfície do Sol que aparecem mais escuras do que o restante. Um novo grupo de manchas solares, identificado como AR3813, está se movendo em direção à Terra e já começou a emitir erupções de classe M, uma intensidade moderada, mas que pode se intensificar. Essas erupções já lançaram várias CMEs em direção a Vênus, demonstrando seu potencial destrutivo ao erodir as nuvens do planeta.
Nos próximos dias, a Terra estará na linha de tiro direta dessa região ativa à medida que ela se posiciona de frente para o nosso planeta. Isso significa que há um risco aumentado de novas CMEs serem lançadas em direção à Terra, potencialmente resultando em tempestades geomagnéticas. Esses eventos podem afetar ainda mais os sistemas de comunicação e navegação, além de representar uma ameaça para astronautas no espaço e passageiros de aviões em rotas polares.
A recente explosão solar e as consequentes CMEs destacam a importância de monitorar constantemente o clima espacial. Com a crescente dependência da humanidade de satélites para comunicações, navegação e até mesmo para a operação de infraestruturas críticas como redes elétricas, entender e prever o comportamento solar é mais crucial do que nunca.
Satélites de comunicação, em particular, são vulneráveis às partículas energéticas aceleradas por CMEs. Essas partículas podem causar danos aos circuitos eletrônicos, afetando a operação dos satélites e interrompendo os serviços que eles fornecem. Além disso, tempestades geomagnéticas intensas podem induzir correntes elétricas nas redes de energia, potencialmente causando apagões e danos a equipamentos.