Adaga de 3.600 anos é encontrada em naufrágio

Uma descoberta arqueológica de grande importância foi feita recentemente na costa da Turquia: uma adaga datada de 3.600 anos foi encontrada no naufrágio de um navio que transportava lingotes de cobre. Esse artefato, que possivelmente pertence à civilização minoica, pode fornecer novas pistas sobre as rotas comerciais marítimas da Idade do Bronze e a relação entre diferentes culturas do Mediterrâneo.

O Mediterrâneo sempre foi uma rota de ligação entre civilizações, culturas e economias. Durante a Idade do Bronze, por volta de 1500 a.C., o mar desempenhava um papel crucial nas trocas comerciais entre regiões como o Egito, a Grécia e o Chipre. Agora, com a descoberta de uma adaga milenar em um naufrágio na costa da Turquia, arqueólogos subaquáticos têm uma nova oportunidade de estudar esses antigos contatos e compreender melhor como essas civilizações interagiam. A peça, composta de bronze e com pinos de prata, estava junto a uma carga de lingotes de cobre, o que sugere sua ligação direta com o comércio de metais, um dos recursos mais preciosos da época.

Como a adaga foi encontrada

O Ministério da Cultura e do Turismo da Turquia anunciou oficialmente a descoberta da adaga, que foi encontrada durante escavações subaquáticas realizadas por arqueólogos da Universidade Akdeniz, em colaboração com o Museu de Antalya. A adaga estava a cerca de 50 metros de profundidade, entre os destroços de um naufrágio próximo à costa de Kumluca, uma cidade localizada na província de Antalya.

O projeto de escavação começou em 2019, sob a liderança do arqueólogo Hakan Öniz. O trabalho envolveu o uso de tecnologia avançada, como sonar para localizar objetos submersos e a criação de um mapa 3D do naufrágio. Esses recursos permitiram que a equipe identificasse a adaga e os lingotes de cobre, que formam o núcleo da carga do navio. Essa tecnologia moderna foi essencial para a descoberta, oferecendo uma visão detalhada do local do naufrágio e das condições em que os artefatos foram encontrados.

A civilização minoica e as rotas comerciais

A adaga é atribuída à civilização minoica, um povo que floresceu na Ilha de Creta durante a Idade do Bronze. Os minoicos são conhecidos por sua habilidade em navegação e comércio marítimo, e suas rotas comerciais se estendiam por todo o Mediterrâneo, conectando regiões como o Egito, a Grécia, o Chipre e a Ásia Menor. Eles comercializavam uma variedade de bens, incluindo metais, cerâmica e produtos de luxo, como joias e tecidos.

A embarcação encontrada em Kumluca carregava lingotes de cobre que, segundo os pesquisadores, foram extraídos das minas da cordilheira de Troodos, no Chipre. Esses lingotes moldados, datados entre os séculos 15 e 16 a.C., eram destinados provavelmente à costa da Lícia, uma região da antiga Ásia Menor. A presença da adaga minoica nesse contexto reforça a ideia de que os minoicos desempenhavam um papel central nas rotas comerciais da época, servindo como intermediários entre diferentes culturas.

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Adaga
Foto: Mehmet Ersoy/Ministério da Cultura e Turismo da República da Turquia

A importância da descoberta para a arqueologia subaquática

A arqueologia subaquática tem revelado, nas últimas décadas, informações valiosas sobre o comércio e as interações entre as antigas civilizações do Mediterrâneo. Naufrágios, como o de Kumluca, oferecem uma janela para as rotas comerciais e para os bens que circulavam entre diferentes regiões. Com a descoberta desta adaga, somada aos lingotes de cobre, os pesquisadores podem aprofundar o entendimento sobre as redes comerciais minoicas e sua influência sobre outras civilizações da época.

Além disso, a descoberta de artefatos como a adaga de bronze ajuda a preencher lacunas sobre as habilidades metalúrgicas da época. Sabemos que o bronze era amplamente utilizado em armas, ferramentas e ornamentos, e essa adaga, com seus pinos de prata, representa a sofisticação e o cuidado com os detalhes no trabalho metalúrgico dos minoicos. Este nível de habilidade sugere não apenas o domínio tecnológico, mas também a valorização estética dos objetos produzidos.

O naufrágio de Kumluca

A carga principal do navio naufragado em Kumluca era composta por lingotes de cobre, um dos metais mais valiosos da Idade do Bronze. O cobre, junto com o estanho, era essencial para a produção de bronze, o material predominante na fabricação de armas e ferramentas. A origem dos lingotes, conforme apontado pelos estudos da equipe arqueológica, é a cordilheira de Troodos, no Chipre, que era uma importante fonte de cobre para as civilizações mediterrâneas.

A presença desses lingotes sugere que o navio estava envolvido em uma rota comercial estabelecida entre o Chipre e a Ásia Menor, provavelmente transportando cobre para ser trocado por outros bens. As escavações subaquáticas revelam, portanto, mais do que apenas artefatos isolados; elas ajudam a traçar o fluxo de materiais e as relações comerciais entre civilizações. Isso permite que os historiadores reconstruam, com mais precisão, as economias e os contatos culturais da Idade do Bronze.

Os avanços recentes em tecnologia subaquática têm sido cruciais para o sucesso de escavações como a do naufrágio de Kumluca. O uso de sonar, que permite a localização de objetos submersos com precisão, foi fundamental para identificar o local onde a adaga e os lingotes de cobre estavam. Além disso, a criação de mapas 3D do naufrágio permitiu que a equipe de arqueólogos obtivesse uma visão detalhada da disposição dos artefatos e das condições do local.

Essas ferramentas tecnológicas não apenas aceleram o processo de escavação, mas também minimizam o risco de danificar os artefatos, que muitas vezes estão extremamente frágeis após milhares de anos submersos. A capacidade de mapear o local e planejar as escavações com antecedência garante que os objetos sejam removidos com segurança e preservados para análise posterior.

A descoberta da adaga e dos lingotes de cobre tem implicações importantes para o estudo das civilizações marítimas da Idade do Bronze. Com base nesses achados, os arqueólogos podem aprofundar a compreensão sobre como funcionavam as rotas comerciais e quais eram os principais produtos trocados entre as culturas do Mediterrâneo. O fato de o navio estar carregando uma carga tão valiosa reforça a importância do comércio marítimo para o desenvolvimento econômico dessas civilizações.

Além disso, a presença de artefatos minoicos na costa da Turquia sugere que as relações comerciais entre Creta e a Ásia Menor eram mais extensas do que se pensava anteriormente. Isso abre novas possibilidades de pesquisa sobre as interações culturais entre essas regiões e como os minoicos influenciaram outras civilizações por meio do comércio.

Conclusão

A descoberta da adaga de bronze no naufrágio de Kumluca é uma das mais importantes da arqueologia subaquática nos últimos anos. Além de expandir o conhecimento sobre as rotas comerciais da Idade do Bronze, ela revela detalhes sobre as habilidades metalúrgicas e as interações culturais entre as civilizações mediterrâneas. A partir desse achado, pesquisadores poderão continuar investigando o papel dos minoicos e de outras culturas no comércio de metais e outros bens valiosos, proporcionando uma nova visão sobre como essas antigas sociedades se conectavam e prosperavam.

Fonte: Revista Galileu

Os naufrágios mais antigos do mundo

O fundo do mar guarda segredos que fascinam a humanidade há séculos. Entre as riquezas submersas, os naufrágios antigos são verdadeiros tesouros para a ciência, a história e a arqueologia.

De canoas pré-históricas a navios romanos, essas embarcações que encontraram o descanso eterno nas profundezas dos oceanos nos oferecem uma janela para o passado, revelando detalhes sobre o comércio, a tecnologia e a vida cotidiana de épocas distantes.

Esses naufrágios, muitos deles descobertos acidentalmente, tornaram-se verdadeiros ímãs para curiosos e pesquisadores, além de abrigarem uma abundante vida marinha que encontra nos destroços um novo lar.

Cada nova descoberta submersa aumenta as expectativas sobre o que ainda pode ser encontrado nas profundezas inexploradas dos oceanos. Enquanto aguardamos novas revelações, vamos explorar alguns dos naufrágios mais antigos já registrados na história, que nos ajudam a compreender melhor as civilizações que nos precederam.

Cesareia: Um tesouro romano de 1,7 mil anos

Em 2021, pesquisadores fizeram uma descoberta surpreendente na cidade de Cesareia, em Israel: um naufrágio romano datado de 1,7 mil anos atrás. Essa embarcação, que repousava esquecida no fundo do mar, carregava consigo um verdadeiro tesouro de artefatos antigos.

Segundo o Instituto Armstrong de Arqueologia Bíblica, entre os objetos recuperados estavam centenas de moedas romanas de prata e bronze, além de estátuas e estatuetas que revelam aspectos culturais e econômicos do período.

O naufrágio de Cesareia não apenas oferece um vislumbre da riqueza e sofisticação do Império Romano, mas também destaca a importância do Mediterrâneo como uma rota comercial vital na antiguidade.

Os artefatos recuperados indicam que a embarcação provavelmente estava envolvida em atividades comerciais, transportando bens preciosos que alimentavam a economia romana.

Mar da Galileia: embarcação de 2 mil anos

Na costa noroeste do Mar da Galileia, em Israel, os restos de uma embarcação de 2 mil anos foram encontrados em 1986, preservados por uma camada de argila que impediu sua deterioração. Essa descoberta, feita por pescadores locais, foi uma das mais significativas da arqueologia subaquática na região.

De acordo com o Yigal Allon Centre, onde a embarcação está em exibição, a datação por radiocarbono revelou que o barco foi construído entre 100 a.C. e 100 d.C., durante um período de intensa atividade na região, conhecida por sua importância tanto para o comércio quanto para a cultura.

A preservação excepcional do barco oferece uma rara oportunidade de estudar as técnicas de construção naval da época e entender melhor as rotas e práticas comerciais do antigo Oriente Médio.

Hjortspring: A canoa da Idade do Ferro

Entre 1921 e 1922, escavações no pântano de Hjortspring Mose, na Dinamarca, revelaram um dos mais antigos e impressionantes naufrágios da Idade do Ferro. Com quase 20 metros de comprimento, 530 quilos e capacidade para 24 pessoas equipadas com armas e equipamentos, o barco Hjortspring é uma verdadeira relíquia da pré-história escandinava.

Construído por volta de 300 a 400 a.C., o Hjortspring foi projetado como uma grande canoa, refletindo as habilidades avançadas de construção naval da época. A embarcação oferece insights sobre as práticas de guerra e transporte dos antigos escandinavos, além de destacar o papel dos pântanos como locais de preservação arqueológica.

O achado é uma janela para a vida e a cultura dos povos nórdicos antes do advento do Império Romano, sublinhando a importância da navegação na disseminação de cultura e tecnologia durante a Idade do Ferro.

Lago Mendota: A canoa pré-histórica de 3 mil anos

Em 2022, uma descoberta arqueológica no Lago Mendota, em Madison, Wisconsin, trouxe à tona uma canoa de 3 mil anos, esculpida a partir de um único pedaço de carvalho-branco. Com aproximadamente 4,4 metros de comprimento, essa canoa representa um dos exemplos mais antigos de embarcações encontradas na América do Norte.

A Sociedade Histórica de Wisconsin, responsável pela preservação e estudo da canoa, sugere que a embarcação era usada por indígenas que habitavam a região muito antes da chegada dos europeus. A descoberta também indicou a presença de uma aldeia indígena submersa nas proximidades, levantando questões sobre o impacto das mudanças climáticas e geológicas nas populações antigas.

Esse achado é crucial para a compreensão das práticas culturais e de subsistência dos povos indígenas da América do Norte e seu relacionamento com os recursos naturais.

Dover: O barco marítimo mais antigo do mundo

Em 1992, trabalhadores que realizavam obras de uma ligação rodoviária em Dover, na Inglaterra, fizeram uma descoberta extraordinária: um naufrágio de 3,5 mil anos, considerado o barco marítimo mais antigo conhecido do mundo. O barco de Dover, como é chamado, foi cuidadosamente escavado e preservado, oferecendo uma visão detalhada da engenharia naval da Idade do Bronze.

De acordo com o Museu de Dover, que abriga a embarcação, o barco foi construído com tábuas de madeira habilmente unidas, refletindo uma sofisticação técnica notável para a época.

A embarcação é um testemunho das habilidades dos construtores navais pré-históricos e sugere que as viagens marítimas e o comércio entre as ilhas britânicas e o continente europeu eram comuns muito antes do que se pensava.

O barco de Dover não só expandiu o conhecimento sobre a Idade do Bronze, mas também reforçou a importância do transporte marítimo na disseminação de cultura e tecnologia na antiguidade.

Conclusão

Os naufrágios mais antigos do mundo não são apenas testemunhos silenciosos das tragédias do passado, mas também portas de entrada para o entendimento profundo das civilizações que nos precederam. Cada descoberta submersa oferece uma oportunidade única de aprender sobre os costumes, tecnologias e interações comerciais de épocas antigas, ao mesmo tempo que preserva a memória das gerações passadas.

Essas embarcações, agora habitadas por vida marinha, continuam a fascinar cientistas, arqueólogos e entusiastas do mundo todo. À medida que a tecnologia avança e novas técnicas de exploração subaquática são desenvolvidas, é provável que muitos outros segredos do fundo do mar venham à tona, ampliando ainda mais nosso entendimento sobre a história da humanidade.

Em um mundo onde a inovação e o progresso muitas vezes nos fazem esquecer as raízes do passado, os naufrágios antigos servem como lembretes poderosos de que há muito mais a ser descoberto e aprendido nas profundezas de nossos oceanos. O estudo dessas relíquias submersas não só enriquece o conhecimento histórico, mas também nos conecta de maneira profunda e tangível às histórias dos povos que, há milhares de anos, navegaram os mesmos mares que hoje exploramos.

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Naufrágio do século XIX descoberto no Báltico revela tesouro de champanhe

A recente descoberta de um naufrágio do século XIX nas águas do Mar Báltico, próximo à ilha sueca de Öland, revelou um tesouro inesperado: um navio mercante incrivelmente bem preservado, ainda carregado com sua carga original de champanhe, vinho, água mineral e porcelana.

A descoberta, realizada pelo grupo de mergulho Baltictech, surpreendeu a comunidade arqueológica e promete oferecer insights fascinantes sobre o comércio e a vida marítima da época.

O grupo Baltictech, uma associação polonesa dedicada à exploração de naufrágios no Báltico, foi responsável pela descoberta. Inicialmente, as imagens do sonar não indicavam nada extraordinário, aparentando ser apenas um barco de pesca. No entanto, dois mergulhadores decidiram investigar mais a fundo e acabaram encontrando um navio mercante em excelentes condições, com grande parte de sua carga original ainda intacta.

Tomasz Stachura, líder do Baltictech, relatou à AFP: “Todo o naufrágio está carregado até a borda com caixas de champanhe, água mineral e porcelana”. Ele destacou a raridade da descoberta, mencionando que, em seus 40 anos de mergulho, nunca havia encontrado um naufrágio com tanta carga preservada. Os mergulhadores contaram mais de 100 garrafas de champanhe e várias cestas cheias de garrafas de água mineral Selters, lacradas e bem preservadas, datadas entre 1850 e 1867.

A carga do navio é um verdadeiro tesouro histórico. As garrafas de champanhe, vinho e água mineral Selters, bem como a porcelana, oferecem uma visão rara sobre os produtos de luxo transportados durante o século XIX. Essas descobertas podem ajudar a compreender melhor as rotas comerciais, o consumo de luxo e os hábitos de vida da elite europeia da época.

O champanhe encontrado a bordo é particularmente interessante, pois as condições do naufrágio e as temperaturas frias do Báltico podem ter ajudado a preservar as garrafas em um estado excepcional. Se recuperado com sucesso, o champanhe poderia fornecer informações valiosas sobre as técnicas de produção e armazenamento do século XIX.

A água mineral Selters era extremamente popular na Europa do século XIX, conhecida por suas propriedades medicinais e frequentemente exportada para vários países. As garrafas de grés seladas encontradas no naufrágio são um testemunho da qualidade e da importância desta água na época.

Além do valor intrínseco da carga, a descoberta do naufrágio é um marco significativo na arqueologia subaquática. Naufrágios bem preservados como este são relativamente raros e oferecem uma oportunidade única para estudar aspectos históricos, econômicos e sociais do período.

A arqueologia subaquática desempenha um papel crucial na recuperação e preservação de artefatos históricos que seriam inacessíveis por outros meios. A descoberta do Baltictech sublinha a importância de explorar e documentar naufrágios, que são verdadeiras cápsulas do tempo submersas.

O grupo Baltictech notificou as autoridades suecas sobre a descoberta. A recuperação dos artefatos, incluindo champanhe e água mineral, dependerá da aprovação das autoridades e de um planejamento meticuloso para garantir a preservação e integridade dos itens.

Stachura mencionou que a equipe está disposta a esperar e se preparar adequadamente para a operação de recuperação: “[O navio] ficou lá por 170 anos, então deixe-o lá por mais um ano, e teremos tempo para nos preparar melhor para a operação”. A paciência e o cuidado são essenciais para garantir que os artefatos sejam recuperados com segurança e sem danos.

O naufrágio do século XIX encontrado no Báltico fornece uma janela fascinante para o comércio marítimo da época. Durante o século XIX, o Mar Báltico era uma rota comercial vital, conectando vários países europeus e facilitando o comércio de produtos de luxo, como champanhe, vinho e porcelana.

A descoberta revela a extensão e a sofisticação do comércio marítimo no século XIX. O transporte de produtos de luxo como champanhe e porcelana reflete a demanda e o consumo desses itens entre as elites europeias. Além disso, a presença de água mineral Selters indica a popularidade e a valorização de produtos com propriedades medicinais.

A recuperação e a preservação de naufrágios como este são fundamentais para a compreensão da história marítima e do comércio global. As técnicas modernas de arqueologia subaquática permitem a documentação detalhada e a conservação de artefatos, garantindo que as futuras gerações possam aprender e apreciar esses tesouros históricos.

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Descoberta de piso de mármore revela luxo de cidade submersa

Recentemente, arqueólogos fizeram uma descoberta notável no fundo do mar onde repousa a cidade submersa de Baiae: um piso de mármore multicolorido que destaca o luxo e a opulência deste antigo assentamento romano. Conhecida como a “Las Vegas” da Roma antiga, Baiae era um destino de férias para a elite romana, famoso por suas vilas luxuosas e fontes termais.

Baiae estava situada no Golfo de Nápoles, perto dos famosos restos de Pompéia. A cidade era um resort de elite, atraindo figuras proeminentes como Júlio César, Nero, Cícero e Adriano. Ao longo dos anos, arqueólogos subaquáticos recuperaram várias relíquias antigas, mas a recente descoberta de um piso de mármore multicolorido adiciona uma nova dimensão ao entendimento do luxo que definia Baiae.

De acordo com a página do Facebook do Parque Arqueológico dos Campos Flégreos, o piso é composto por milhares de placas de mármore em centenas de formatos diferentes, formando padrões geométricos intricados. Esta obra de arte faz parte do “opus sectile”, um tipo de mosaico composto por vários materiais coloridos como mármore, concha, madrepérola e vidro. Diferente dos mosaicos tesselados comuns, que usam pequenos cubos de pedra ou vidro, o opus sectile utiliza peças cortadas em formas específicas para criar designs mais elaborados e sofisticados.

O piso de mármore descoberto era, provavelmente, o piso de uma sala de recepção de uma villa pertencente a um indivíduo de alto status durante o terceiro século d.C. O design complexo e caro indica o nível de riqueza e sofisticação do proprietário. O padrão do mosaico inclui vários quadrados cercados por círculos inscritos, e muitas das pedras usadas parecem ter sido reaproveitadas de outras construções, destacando a habilidade e o engenho dos artesãos romanos.

A criação de um mosaico como esse era extremamente cara, o que explica o uso de pedras recuperadas de outras estruturas. A reutilização de materiais não apenas demonstra uma abordagem pragmática, mas também sugere um desejo de manter e exibir a riqueza e a sofisticação mesmo em tempos de recursos limitados. A descoberta deste piso oferece insights valiosos sobre as práticas e prioridades da elite romana em Baiae.

Baiae era conhecida por suas vilas luxuosas e seu lindo litoral, atraindo a elite romana com suas fontes termais rejuvenescedoras, que borbulhavam de aberturas vulcânicas abaixo. Essas fontes eram famosas por suas supostas propriedades curativas, fazendo de Baiae um destino desejado para aqueles que buscavam saúde e prazer.

Com o tempo, Baiae tornou-se conhecida por seu apelo hedonista. Sêneca, o famoso filósofo estoico, descreveu a cidade como um “lugar a ser evitado” devido ao vício e ao pecado. Ele lamentou a decadência da cidade, onde festas desenfreadas e estados de embriaguez perturbavam a paz. Apesar de sua reputação decadente, Baiae permaneceu um símbolo do luxo e do excesso romano.

Baiae encontrou seu fim devido a processos históricos e geológicos. Com o colapso do Império Romano, a cidade foi atacada por vários invasores e, mais tarde, invadida por exércitos muçulmanos no século VIII d.C. No século XVI, a cidade afundou abaixo do nível do mar devido à atividade vulcânica dentro dos Campos Flegreios, um supervulcão onde Baiae estava situada.

Hoje, arqueólogos subaquáticos trabalham diligentemente para recuperar e restaurar muitos aspectos da cidade submersa de Baiae. A descoberta e a restauração do piso de mármore são apenas um exemplo do que esses esforços têm revelado sobre a vida luxuosa e opulenta que uma vez floresceu nesta cidade.

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Arqueólogos encontram gravuras de faraós egípcios submersas no rio Nilo

A história egípcia continua a se revelar de maneiras inesperadas e fascinantes. Recentemente, uma descoberta arqueológica subaquática no rio Nilo lançou nova luz sobre a civilização dos antigos faraós.

Durante uma expedição de mergulho ao sul de Aswan, arqueólogos franco-egípcios desenterraram gravuras rupestres que retratam diversos faraós egípcios, juntamente com inscrições hieroglíficas. Esta descoberta, em uma área inundada pela construção da Grande Represa de Aswan, oferece uma janela única para o passado e destaca a importância contínua de Aswan na história do Egito.

Aswan, situada perto da antiga fronteira sul do Egito, sempre teve um papel crucial na história egípcia. Além de ser um ponto estratégico de defesa, a cidade abrigava vários templos importantes, como o Templo de Philae e o Templo de Abu Simbel, que celebravam a glória dos deuses e dos faraós. A construção da Grande Represa de Aswan entre 1960 e 1970 trouxe progresso e desenvolvimento, mas também resultou na inundação de várias áreas arqueológicas, que agora, décadas depois, começam a revelar seus segredos submersos.

A equipe conjunta franco-egípcia, composta por arqueólogos, historiadores e mergulhadores especializados, embarcou em uma expedição para identificar e registrar inscrições e gravuras que sobreviveram debaixo d’água. O trabalho envolve mergulhar até os artefatos remanescentes, utilizando fotografias, vídeos e fotogrametria para documentar as descobertas. A fotogrametria, em particular, é uma técnica avançada que permite criar modelos digitais em 3D dos objetos, fornecendo uma visão detalhada e precisa das gravuras e inscrições.

As gravuras recentemente encontradas retratam alguns dos faraós mais notáveis das dinastias XVIII e XXVI. Entre eles estão Amenhotep III, Thutmose IV, Psamtik II e Apries. Embora o comunicado do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito tenha fornecido poucas informações sobre o conteúdo exato das inscrições, os funcionários confirmaram que as gravuras estão bem preservadas, apesar de terem passado décadas submersas.

Amenhotep III, um dos faraós mais proeminentes do Novo Reino, reinou durante um período de grande prosperidade e paz. Seu reinado foi marcado por grandiosas construções, incluindo o famoso Templo de Luxor e a Colossal Estátua de Memnon. Thutmose IV, seu antecessor, também é conhecido por suas contribuições significativas, incluindo a conclusão do obelisco de Karnak. As representações desses faraós nas gravuras submersas oferecem novos insights sobre sua iconografia e a arte do período.

Psamtik II e Apries, faraós da dinastia XXVI, governaram durante um período de renascimento cultural e artístico no Egito. Psamtik II é lembrado por suas campanhas militares bem-sucedidas e Apries, por sua complexa relação com os gregos e sua eventual deposição. As inscrições que acompanham suas gravuras podem conter informações valiosas sobre suas políticas e interações com outras culturas.

A fotogrametria tem sido uma ferramenta essencial para os arqueólogos nesta expedição. Ao tirar dezenas de fotos de um objeto de diferentes ângulos, a equipe consegue criar modelos tridimensionais precisos, permitindo uma análise detalhada das gravuras e inscrições sem a necessidade de remover os artefatos de seu local submerso. Esta técnica não só preserva o contexto original das descobertas, mas também facilita a partilha de informações com a comunidade científica global e o público.

A descoberta inicial é apenas o começo. Os arqueólogos acreditam que há muito mais a ser encontrado na área submersa ao sul de Aswan. À medida que o trabalho continua, é provável que novas gravuras, inscrições e possivelmente outros artefatos sejam revelados, cada um contribuindo para um entendimento mais profundo da civilização egípcia antiga.

O sucesso da expedição também destaca a importância da colaboração internacional na arqueologia. A combinação de conhecimentos e técnicas de diferentes países não só enriquece a pesquisa, mas também promove uma maior apreciação e preservação do patrimônio cultural global.

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Tesouro fabuloso encontrado nas profundezas de um estranho naufrágio antigo

No início do século passado, uma descoberta misteriosa no Mar Egeu deixou o mergulhador Elias Stadiatis visivelmente abalado. Ele encontrou um naufrágio antigo, repleto de estátuas de mármore e o que descreveu como um “monte de pessoas mortas e nuas”.

Esse naufrágio, datado de mais de 2.000 anos, é o famoso naufrágio de Antikythera, que continua a fascinar e a intrigar arqueólogos e historiadores. Recentemente, uma equipe da Escola Suíça de Arqueologia na Grécia (ESAG) mergulhou novamente no local, revelando um fabuloso tesouro que estava escondido nas águas escuras do Mar Egeu, revelando mistérios de um antigo naufrágio milenar.

Naufrágio de 3.300 anos é encontrado no fundo do Mar Mediterrâneo

Uma descoberta arqueológica extraordinária abalou a comunidade científica no último ano. Um navio da Idade do Bronze, que naufragou há cerca de 3.300 anos, foi encontrado no fundo do Mar Mediterrâneo, junto com sua carga de centenas de frascos intactos. Localizado a aproximadamente 90 quilômetros da costa norte de Israel e a uma profundidade de 1.800 metros, este achado é o mais antigo já encontrado no fundo do mar.

Esta descoberta não só desafia as suposições acadêmicas sobre o comércio antigo, mas também oferece um vislumbre fascinante da história marítima e das capacidades de navegação dos antigos marinheiros.

O navio foi encontrado durante uma pesquisa de rotina do fundo do mar realizada por uma grande empresa de exploração e produção de gás natural. A localização e as condições do naufrágio são impressionantes: a 90 quilômetros da costa e a uma profundidade de 1.800 metros. Até agora, todos os naufrágios datados da Idade do Bronze foram descobertos em águas rasas perto da costa. Por exemplo, o navio naufragado mais antigo do mundo está localizado próximo à costa da ilha grega de Dokos e acredita-se que tenha afundado há cerca de 4.200 anos.

Jacob Sharvit, chefe da Unidade Marinha da Autoridade de Antiguidades de Israel, explicou que a suposição acadêmica até então era que o comércio durante a Idade do Bronze era realizado de forma segura, navegando de porto em porto, abraçando a costa e mantendo contato visual com a terra. “A descoberta deste barco muda agora toda a nossa compreensão das antigas capacidades dos marinheiros: é o primeiro a ser encontrado a uma distância tão grande, sem linha de visão para qualquer massa de terra”, disse Sharvit.

Para navegar em tais condições, os antigos marinheiros provavelmente usaram os corpos celestes, obtendo avistamentos e ângulos do Sol e das posições das estrelas. Esta técnica de navegação avançada sugere que as habilidades marítimas da Idade do Bronze eram muito mais sofisticadas do que se pensava anteriormente.

Após mapear o local, a empresa confirmou que o barco tinha entre 12 e 14 metros de comprimento e estava carregado com centenas de ânforas cananéias. Estas ânforas, um tipo de jarra usada para armazenar produtos líquidos e secos, indicam que o navio transportava mercadorias como óleo, vinho e outros produtos agrícolas. “O tipo de navio identificado na carga foi concebido como o meio mais eficiente de transporte de produtos relativamente baratos e produzidos em massa”, explicou Sharvit. A presença de um espólio tão considerável sugere “laços comerciais significativos” entre o país de origem do navio e o antigo Levante.

Embora ainda se saiba pouco sobre a origem exata do navio, há indicações de que ele poderia ter afundado em meio a uma crise, seja devido a uma tempestade ou a uma tentativa de ataque de pirataria, uma ocorrência bem conhecida no final da Idade do Bronze. Felizmente, o local de descanso do barco no fundo do azul profundo o protegeu de ondas, correntes e mergulhadores, que frequentemente danificam navios naufragados em águas rasas. Como resultado, o corpo do navio permaneceu bem preservado durante quase três milênios e meio, com as suas vigas de madeira enterradas em segurança nos sedimentos do fundo do oceano.

“Há um enorme potencial aqui para pesquisa”, disse Sharvit. “O navio está preservado a uma profundidade tão grande que o tempo congelou desde o momento do desastre.” Esta preservação excepcional oferece uma oportunidade única para os arqueólogos estudarem o navio e sua carga em detalhes, revelando novas informações sobre o comércio e a vida durante a Idade do Bronze.

A descoberta deste navio no fundo do Mar Mediterrâneo tem implicações significativas para a compreensão da história marítima e do comércio antigo. Ela desafia as suposições anteriores sobre as limitações da navegação durante a Idade do Bronze e sugere que os antigos marinheiros eram capazes de realizar viagens longas e perigosas sem contato visual com a terra.

A descoberta do navio da Idade do Bronze no fundo do Mar Mediterrâneo é uma realização notável na arqueologia subaquática. Ela não só oferece um vislumbre fascinante do passado, mas também desafia nossas suposições sobre as capacidades marítimas dos antigos marinheiros. Este achado extraordinário, com suas centenas de frascos intactos e bem preservados, nos conecta a um passado distante e nos convida a explorar mais profundamente as raízes do comércio e da navegação.

A preservação do navio no fundo do mar nos proporciona uma oportunidade única de aprender mais sobre uma era que moldou a história da humanidade, oferecendo novas perspectivas sobre as complexas redes comerciais que existiam há milhares de anos.

Cestas de frutas e túmulos gregos são descobertos em cidade submersa do Egito

Uma cesta de fruta de 2 mil anos encontrada em Thonis-Heracleion – Divulgação/Fundação Hilti – Christoph Gerigk/Franck Goddio

Pesquisadores descobriram fascinantes achados arqueológicos na cidade submersa de Thônis-Heracleion, localizada na baía de Abū Qīr, no Egito. Entre as descobertas estão cestas de vime datadas do século IV a.C., ainda contendo nozes de doum e sementes de uva.

O arqueólogo marinho Franck Goddio relata que os achados estão intactos. “Cestas de frutas foram uma visão surpreendente”, diz ele. O Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática (IEASM), em colaboração com o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, liderou a escavação. A equipe tem estudado Thônis-Heracleion desde sua redescoberta em 2001.

Os pesquisadores especulam que as cestas, encontradas em um quarto subterrâneo, podem ser oferendas funerárias. Nas proximidades, eles descobriram um grande monte funerário e uma coleção impressionante de bens funerários gregos. “Encontramos evidências de material queimado por toda parte”, compartilha Goddio. Ele acrescenta que cerimônias espetaculares devem ter ocorrido lá, já que nenhum objeto posterior ao início do século IV a.C. foi encontrado.

Ao lado do túmulo, foram encontrados potes antigos, artefatos de bronze e figurinhas representando Osíris, o deus egípcio. Centenas de depósitos de cerâmica também foram descobertos, empilhados uns sobre os outros. Essas cerâmicas apresentavam figuras vermelhas em preto importadas.

Thônis-Heracleion teve origem no século VIII a.C. Antes do estabelecimento de Alexandria por volta de 331 a.C., servia como principal porto de entrada para o Egito para navios provenientes do mundo grego.

Em seu auge, entre os séculos VI e IV a.C., Thônis-Heracleion era um centro comercial movimentado. A cidade contava com edifícios em torno de um templo central, com canais conectando diferentes partes da cidade. Casas e estruturas religiosas ficavam em ilhas próximas ao coração de Thônis-Heracleion.

No entanto, no século VIII d.C., a cidade afundou no Mar Mediterrâneo. Alguns historiadores apontam o aumento do nível do mar e o sedimento instável como causas, enquanto outros sugerem terremotos e ondas gigantes como responsáveis por sua queda.

Especialistas costumavam pensar que Heracleion, mencionada pelo historiador grego Heródoto, era uma cidade separada de Thônis. No entanto, uma tabuleta descoberta em 2001 confirmou que Heracleion é o nome grego de Thônis.

As escavações em Thônis-Heracleion são árduas devido às camadas de sedimento protetor. Descobertas anteriores incluem mais de 700 âncoras antigas, moedas de ouro e pesos, além de pequenos sarcófagos de calcário contendo restos mumificados de animais. Recentemente, um navio militar bem preservado do século II a.C. foi desenterrado.

Goddio estima que apenas 3% da cidade submersa foi estudada desde sua redescoberta há duas décadas. Os pesquisadores estão esperançosos de que mais artefatos aguardam descoberta neste tesouro subaquático.

Análise da descoberta extraordinária

Este artigo apresenta uma descoberta arqueológica fascinante na cidade submersa de Thônis-Heracleion, no Egito. As descobertas incluem cestas de vime datadas do século IV a.C., ainda contendo nozes de doum e sementes de uva, bem como um grande monte funerário com bens funerários gregos.

Os achados são notáveis por várias razões. Em primeiro lugar, as cestas de frutas são um raro exemplo de comida preservada do antigo Egito. Em segundo lugar, o monte funerário é um sinal da importância de Thônis-Heracleion como um centro comercial e religioso. Em terceiro lugar, as cerâmicas gregas importadas indicam as fortes ligações da cidade com o mundo grego.

As descobertas fornecem novas informações sobre a história e a cultura de Thônis-Heracleion. Elas também sugerem que a cidade pode conter muitos outros tesouros ainda a serem descobertos.

O título do artigo é chamativo porque destaca as descobertas mais impressionantes: cestas de frutas e um monte funerário. O texto do artigo é informativo e bem escrito, e fornece uma visão geral concisa das descobertas.

A maior descoberta arqueológica de 2022

O ano de 2022 foi um marco para a arqueologia, apresentando ao mundo uma série de descobertas fascinantes e reveladoras, surgindo de várias localidades ao redor do globo. No entanto, dentre todas as notáveis descobertas, um achado se destacou em particular, mostrando-se de enorme importância tanto para a comunidade científica quanto para a história da humanidade: a descoberta dos destroços do icônico navio Endurance.

O navio Endurance foi comandado por ninguém menos que o explorador britânico Ernest Shackleton, desaparecido em meados de 1915 durante uma tentativa de cruzar a Antártica pelo Polo Sul. A embarcação e sua tripulação foram tragados pelo gelo do mar de Weddell, forçando-os a abandonar o navio e iniciar uma das mais notórias jornadas de sobrevivência na história da exploração polar.

O destino do navio permaneceu incerto durante mais de um século, até que em 2022, uma equipe de exploradores, utilizando robôs subaquáticos, encontrou os destroços do Endurance a 3.050 metros abaixo do nível do mar.

A descoberta do Endurance proporcionou um vislumbre inédito do passado e permitiu que estudiosos aprofundassem suas compreensões sobre essa importante era de exploração. Além disso, a localização e identificação do navio representaram um marco para a arqueologia subaquática, demonstrando o avanço da tecnologia na exploração dos oceanos.

Embora 2022 tenha sido um ano repleto de descobertas arqueológicas incríveis, a descoberta do Endurance é considerada a maior de todas, não apenas pela importância histórica do navio, mas também pelo grau de dificuldade e esforço envolvidos na busca. A descoberta não só resolveu um dos maiores mistérios da história da exploração polar, mas também nos deu uma visão mais detalhada de uma das mais marcantes aventuras humanas já registradas.

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