Na rodovia MT-338, em Porto dos Gaúchos, uma cena impressionante chocou motoristas e ambientalistas: uma sucuri-verde grávida foi atropelada enquanto tentava atravessar a via, resultando na morte do animal e na expulsão de seus filhotes, que ficaram espalhados ao longo da estrada.
Aproximadamente 40 filhotes foram encontrados mortos, numa imagem devastadora que expõe não só a tragédia individual do acidente, mas também o impacto irreparável para a biodiversidade local. A fêmea, de cerca de oito metros de comprimento, não apenas perdeu sua vida, mas também sua prole, que, nascida para sobreviver em um ambiente selvagem, agora se torna um símbolo da vulnerabilidade da fauna brasileira diante da expansão das rodovias.
Adriano Próspero, agrônomo que viajava para Cuiabá, foi o responsável por registrar as imagens da sucuri-verde após o atropelamento. Segundo ele, o animal, com cerca de oito metros de comprimento, já estava morto quando ele chegou ao local. Próspero relatou que inicialmente pensou que o réptil estivesse vivo, mas, ao se aproximar, percebeu que não havia mais sinal de vida. “Foi uma cena aterrorizante. A perda é inestimável, tanto para o ecossistema quanto para a biodiversidade local”, afirmou o agrônomo, visivelmente tocado com a situação.
O mais impactante foi o fato de que a serpente estava grávida e, após o atropelamento, seus filhotes foram expelidos, alguns ainda com sinais de vida. O número estimado de filhotes foi de aproximadamente 40, o que é bastante significativo, considerando que as maiores fêmeas de sucuri podem gestar até 60 filhotes.
Daniella França, doutora em zoologia e especialista em répteis e anfíbios, explicou que a sucuri-verde é semiaquática, e as fêmeas frequentemente buscam áreas próximas a rios, córregos ou lagoas para dar à luz. “A sucuri-verde tem um comportamento reprodutivo muito específico, e o fato de o acidente ter ocorrido durante um momento crítico como o parto é uma tragédia para a espécie”, destacou França.
O Ibama, em nota oficial, lamentou o atropelamento da sucuri-verde e ressaltou a importância de ações para mitigar os impactos ambientais desse tipo de ocorrência. “O atropelamento de fauna silvestre é uma das maiores ameaças à biodiversidade, e a gestão ambiental nas rodovias, especialmente em trechos concessionados à iniciativa privada, é fundamental para minimizar esses impactos”, afirmou o Instituto. A legislação ambiental brasileira determina que as concessionárias de rodovias devem implementar medidas para reduzir os atropelamentos de animais e garantir a preservação da fauna local.
Fotos de divulgação: Ederson Negri Antonioli/Arquivo pessoal