Sistema Solar pode ser arremessado no Universo com fusão de galáxias

Há pouco mais de cem anos, a humanidade ainda acreditava que toda a vastidão do cosmos cabia dentro da Via Láctea. Essa visão limitada foi rompida quando Edwin Hubble, ao observar uma estrela peculiar, percebeu que ela estava muito além dos limites da nossa galáxia. Com isso, ele identificou Andrômeda — e inaugurou a era das galáxias extragalácticas.

Desde então, telescópios poderosos têm revelado um Universo repleto de bilhões de galáxias, cada uma com seus próprios sistemas estelares. E uma dessas vizinhas cósmicas, Andrômeda, está vindo em nossa direção. Segundo a NASA, em cerca de 4 bilhões de anos, ela pode colidir com a nossa Via Láctea, iniciando um evento colossal que alteraria as coordenadas do Sistema Solar no espaço.

O que esperar da colisão galáctica

Apesar do tom apocalíptico, essa colisão não deve ser como as pancadas entre objetos físicos. Galáxias são compostas majoritariamente por espaço vazio, o que significa que, mesmo em uma fusão, é raro que estrelas colidam diretamente. Em vez disso, elas se reorganizam, orbitando novos centros gravitacionais. O resultado mais provável será a formação de uma galáxia única, com aparência elíptica, completamente diferente das duas espirais originais.

Para nós, habitantes do Sistema Solar, o impacto será mais visual do que destrutivo. Ainda que o Sol — e, portanto, a Terra — escape ileso, é provável que nossa vizinhança cósmica mude drasticamente. Podemos ser “empurrados” para uma nova localização no Universo, fruto do rearranjo das estrelas que compõem essa nova galáxia unificada.

Sistema Solar pode ser arremessado no Universo com fusão de galáxias

Simulações revelam destino surpreendente

Um grupo de cientistas combinou dados dos telescópios espaciais Hubble e Gaia para criar modelos altamente detalhados da interação futura entre as galáxias do chamado Grupo Local — que inclui a Via Láctea, Andrômeda e outras menores. Os modelos consideram variáveis como massa, velocidade e atrito gravitacional para prever o que pode acontecer nos próximos 10 bilhões de anos.

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As projeções, ainda não revisadas por pares e disponíveis no repositório científico arXiv, trazem surpresas. Embora a colisão entre a Via Láctea e Andrômeda seja a hipótese mais comentada, ela não é garantida. O atrito gravitacional, força responsável por reduzir a velocidade das galáxias e facilitar a fusão, pode ser mais fraco do que se supunha.

Colisão pode nem acontecer

De acordo com os autores do estudo, existe cerca de 50% de chance de que a colisão jamais ocorra. Sim, é possível que as duas galáxias apenas passem uma pela outra, como gigantes dançarinas cósmicas, sem se fundirem totalmente. Isso dependerá de variáveis extremamente delicadas e difíceis de medir com precisão com os instrumentos disponíveis atualmente.

Ou seja: apesar da grandiosidade da previsão, tudo pode mudar conforme novas observações sejam feitas. O próprio movimento das galáxias, suas massas e a densidade de matéria escura ao redor ainda são pouco compreendidos. Por isso, os pesquisadores defendem que essa é uma previsão em aberto, que será continuamente revisada nos próximos anos.

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Uma mudança de endereço no Universo

Independentemente de colidir ou apenas flertar com Andrômeda, o destino da Via Láctea — e do Sistema Solar — continua sendo um campo fértil para a pesquisa astrofísica. A possibilidade de que, um dia, a Terra esteja orbitando o Sol em um ponto completamente diferente do Universo atual é tão fascinante quanto assustadora.

Mesmo assim, não há qualquer risco real para a vida humana ou para a estabilidade do planeta. A escala de tempo envolvida é tão gigantesca que civilizações inteiras podem surgir e desaparecer antes que qualquer movimento significativo aconteça.

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Fonte: Olhar Digital