Aumento de casos de síndrome respiratória grave por covid-19 acende alerta

O aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 voltou a acender o alerta em seis estados brasileiros e no Distrito Federal, segundo o mais recente Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta terça-feira (26).

De acordo com o relatório, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo estão entre as unidades federativas que apresentam crescimento na quantidade de ocorrências de SRAG, sobretudo em decorrência do Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19.

O estudo ainda aponta que, embora o crescimento esteja presente em todas essas regiões, os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul já começam a apresentar sinais de desaceleração no ritmo de aumento de casos graves. Esse dado, por si só, oferece um alívio momentâneo, mas não retira a necessidade de vigilância constante e adoção de medidas preventivas, especialmente com a chegada de períodos mais críticos, como o outono e inverno, estações conhecidas por favorecerem a propagação de doenças respiratórias.

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Conforme a análise do boletim, além dos seis estados com crescimento significativo de casos, a situação de alerta se estende a mais quatro estados do Centro-Sul e Nordeste — Ceará, Acre, Pernambuco e Tocantins. Nessas localidades, a curva de aumento de SRAG também segue um comportamento de crescimento na tendência de longo prazo, que se baseia no comportamento dos números das últimas seis semanas.

Em contrapartida, o monitoramento feito pela Fiocruz revela que as ocorrências de SRAG por rinovírus, que têm maior impacto em crianças e adolescentes de até 14 anos, mostram sinais de queda ou desaceleração na maioria dos estados, exceto no Ceará e em Pernambuco, que ainda apresentam crescimento. Essa diminuição reflete as estratégias adotadas para contenção do rinovírus, mas não reduz a necessidade de precauções constantes, principalmente em ambientes escolares.

Outro dado relevante que o estudo apresenta é a persistência da covid-19 como a principal causa de mortalidade por SRAG entre idosos. Apesar de o ritmo de crescimento estar diminuindo, a doença continua sendo responsável pela maior parte dos óbitos nessa faixa etária. Esse cenário destaca a vulnerabilidade dos grupos de risco e a importância de medidas preventivas, como a vacinação e o uso de máscaras em locais de grande circulação.

A influenza A, outro agente viral responsável por episódios de SRAG, ocupa a segunda posição como principal causa de mortalidade entre idosos, conforme o boletim. Isso mostra que o quadro das doenças respiratórias graves continua exigindo um esforço conjunto das autoridades de saúde e da população para evitar um aumento ainda mais significativo nos casos.

Diante desse cenário, a Fiocruz reforça a necessidade de intensificar a campanha de vacinação, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com comorbidades. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, destaca a importância de que todos os idosos e pessoas dos grupos de risco compareçam aos postos de saúde para se vacinarem contra a covid-19 e a influenza A.

Além da vacinação, medidas preventivas como o uso de máscaras em locais fechados e de maior aglomeração, especialmente dentro dos postos de saúde, permanecem como recomendações essenciais para conter a disseminação dos vírus. A pesquisadora também ressalta a importância da adesão às campanhas de vacinação contra a influenza A, que já começaram em algumas regiões do Norte e Nordeste, onde o aumento de casos de SRAG tem sido mais expressivo.

Embora a maioria dos casos graves de SRAG em crianças e adolescentes tenha sido causada por rinovírus, os números vêm apresentando queda na maior parte das regiões brasileiras. O impacto da diminuição dos casos deve ser comemorado, mas a situação exige monitoramento contínuo, já que mudanças sazonais ou novas variantes de vírus respiratórios podem alterar rapidamente o cenário.

Em estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul, por exemplo, a desaceleração no crescimento de SRAG por covid-19 entre crianças é um indício de que as ações preventivas, como a vacinação infantil e o uso de máscaras, têm surtido efeito. Contudo, o aumento de ocorrências por rinovírus no Ceará e em Pernambuco revela que a dinâmica das doenças respiratórias entre crianças e adolescentes segue um comportamento heterogêneo, que demanda ações específicas em cada região.

O Boletim InfoGripe, desenvolvido pela Fiocruz, tem se consolidado como uma ferramenta essencial para o acompanhamento da evolução das doenças respiratórias graves no Brasil. Com uma análise detalhada de dados epidemiológicos e virológicos, o boletim permite identificar tendências, prever surtos e orientar a adoção de medidas preventivas em tempo hábil.

Além de monitorar a evolução dos casos de SRAG por covid-19, o boletim acompanha o comportamento de outros agentes causadores, como o rinovírus e a influenza, fornecendo um panorama completo das condições respiratórias no país. Esse trabalho é fundamental para que as autoridades de saúde possam tomar decisões baseadas em evidências, otimizando os recursos e direcionando campanhas de vacinação e medidas preventivas para as regiões e grupos populacionais mais afetados.

Para os estados que ainda apresentam crescimento no número de casos graves de SRAG por covid-19, como Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo, a recomendação é intensificar as campanhas de vacinação e reforçar o uso de máscaras em ambientes fechados. O apoio das secretarias estaduais de saúde é essencial para garantir que as ações de prevenção cheguem a todas as camadas da população, especialmente as mais vulneráveis.

Nos estados do Nordeste, onde há crescimento de casos de SRAG por rinovírus, a colaboração entre os profissionais de saúde e a comunidade escolar pode ajudar a reduzir as ocorrências entre crianças e adolescentes. A conscientização sobre a importância de manter as vacinas em dia, a higienização constante das mãos e a ventilação adequada dos ambientes são estratégias que devem ser fortalecidas.