Síndrome de Down identificada em ossos de bebês de 5 mil anos

Ao todo, sete bebês tiveram o diagnóstico a partir do DNA / Foto: Iñaki Diéguez/Javier Armendáriz

Um estudo recente publicado na renomada revista Nature Communications revelou uma descoberta arqueogenética intrigante: traços genéticos da Síndrome de Down foram identificados em ossos antigos de bebês, alguns com até 5 mil anos de idade. A pesquisa, liderada por cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, lança luz sobre a prevalência dessa condição genética ao longo da história e suas possíveis implicações culturais.

Os pesquisadores, utilizando técnicas avançadas de análise de DNA, examinaram ossadas encontradas em uma tumba datada de aproximadamente 5.500 anos, localizada no oeste da Irlanda. Esses restos mortais forneceram insights cruciais sobre a presença da Síndrome de Down em populações antigas. Ao todo, sete bebês foram identificados, três dos quais exibiam traços genéticos distintivos associados à Síndrome de Down.

O estatístico Adam Rohrlach, do Instituto Max Planck, desenvolveu um método pioneiro para identificar a assinatura genética da Síndrome de Down em ossos antigos. Utilizando um banco de dados com dezenas de milhares de ossos humanos, Rohrlach criou um programa de computador capaz de analisar e classificar os fragmentos de DNA recuperados, identificando assim ossos com um número anormal de sequências provenientes do cromossomo 21.

sindrome de don 1

Além da relevância científica, a descoberta levanta questões intrigantes sobre práticas funerárias e percepções sociais em culturas antigas. Surpreendentemente, os três bebês diagnosticados com Síndrome de Down foram encontrados enterrados, um fenômeno incomum em uma cultura que tradicionalmente optava pela cremação dos mortos. Essa prática sugere que esses bebês podem ter sido considerados especiais ou possuíam algum significado simbólico para suas comunidades, embora os motivos exatos permaneçam desconhecidos.

A identificação da Síndrome de Down em ossos de bebês pré-históricos representa um avanço significativo no campo da arqueogenética, oferecendo novos insights sobre a prevalência e a percepção dessa condição ao longo da história humana. Além disso, destaca a importância de abordagens multidisciplinares para compreender a complexidade da condição humana e suas interações com fatores culturais e ambientais.