Poucos escritores tiveram tanto impacto na linguagem quanto William Shakespeare. O dramaturgo inglês não apenas criou personagens inesquecíveis e histórias que ultrapassaram séculos, como também moldou o idioma inglês de forma profunda. Pesquisadores apontam que mais de 1.700 palavras usadas até hoje surgiram pela primeira vez em suas obras. Um número impressionante para alguém que viveu no século XVI, quando a língua ainda estava em formação e longe de ser global. E o mais curioso: usamos muitos desses termos em conversas cotidianas, sem imaginar que vieram de seu gênio literário.
Como Shakespeare criou tantas palavras?
Vivendo em um período de evolução linguística intensa, Shakespeare não se contentou com o vocabulário disponível. Quando precisava expressar algo novo — um sentimento, uma ação, um estado de espírito — ele simplesmente inventava uma palavra. Fez isso de várias formas:
• Transformou substantivos em verbos e vice-versa
• Uniu palavras preexistentes para criar novos sentidos
• Adicionou prefixos ou sufixos ousados
• Adaptou expressões populares da época
Palavras inventadas por Shakespeare que você já usou
Entre as criações mais famosas, estão:
• Lonely (solitário)
• Gossip (fofoca)
• Bedroom (quarto)
• Assassination (assassinato)
• Champion (campeão, no sentido atual)
• Laughable (risível)
• Swagger (ar de superioridade)

Expressões que nasceram no teatro elisabetano
Além das palavras soltas, Shakespeare também deixou frases memórias eternas que continuam ecoando na cultura pop:
• Break the ice (quebrar o gelo)
• Heart of gold (coração de ouro)
• Wild-goose chase (caçada inútil)
• Good riddance (já vai tarde!)
Em peças como “Hamlet”, “Macbeth”, “Romeu e Julieta” e “Sonho de uma Noite de Verão”, essas expressões surgiram em momentos dramáticos e hoje se encaixam em conversas descontraídas.
Por que Shakespeare influenciou tanto o inglês?
Shakespeare escreveu para o grande público: nobres, artesãos e trabalhadores do cotidiano frequentavam seus espetáculos no Globe Theatre. Sua linguagem precisava ser acessível, original e carregada de emoção. Ao mesmo tempo, sua sensibilidade artística o levou a expandir a própria língua. Essa combinação garantiu que suas inovações fossem aceitas, repetidas e eternizadas. Ele falava com todos — e todos se reconheceram em suas palavras.
Conclusão
A obra de Shakespeare atravessou o tempo porque fala do que é essencialmente humano: amor, ambição, ciúme, coragem, medo. E a linguagem foi sua maior ferramenta. Inventar palavras não foi capricho literário — foi a forma encontrada de expandir os limites da expressão emocional e social. Ao usarmos termos criados por ele, fazemos parte dessa continuidade cultural.
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