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Será esta a Arca de Noé? Novas evidências reacendem o mistério milenar

Nova análise na Formação Durupınar, na Turquia, revela túnel e composição química incomum, reacendendo a hipótese de que o local possa ser a Arca de Noé descrita na Bíblia.

Nas montanhas do leste da Turquia, um silêncio ancestral repousa sobre uma formação geológica em forma de barco. Mas esse silêncio acaba de ser interrompido. Pesquisadores americanos e cientistas do solo estão revisitando a famosa Formação Durupınar — localizada a menos de 30 km do Monte Ararat — e apresentando novas evidências que reacendem uma das perguntas mais antigas da história: a Arca de Noé teria realmente existido?

O novo estudo sugere que aquela formação rochosa, frequentemente considerada apenas um fenômeno natural, pode conter traços físicos, químicos e estruturais consistentes com uma embarcação construída há mais de 4.300 anos. E não qualquer embarcação: a lendária arca descrita no Livro do Gênesis, supostamente usada para salvar a vida humana e animal durante o Grande Dilúvio.

Formação Durupınar: uma estrutura em forma de barco que nunca saiu do imaginário bíblico

Descoberta em 1948 por um pastor curdo após fortes chuvas e tremores de terra, a Formação Durupınar vem alimentando debates científicos e religiosos há mais de sete décadas. Seu formato lembra o casco de um navio parcialmente enterrado no solo. Mas até agora, a maioria dos estudiosos acreditava se tratar de um capricho da natureza — resultado de erosões e fluxos de lama antigos.

A nova onda de estudos, liderada por Andrew Jones, da organização Noah’s Ark Scans (Califórnia), visa reverter esse ceticismo. Em parceria com universidades turcas, a equipe utilizou radares de penetração no solo (GPR), análise química do solo e mapeamento de cavidades internas — e os resultados são intrigantes.

Varreduras subterrâneas revelam túnel central e compartimentos estruturados

O que chamou mais atenção nos novos estudos foi a identificação de três camadas horizontais a diferentes profundidades dentro da formação, algo que, segundo os pesquisadores, coincide com a descrição bíblica da arca, dividida em três conveses.

Além disso, foi detectado um túnel de 13 metros atravessando o centro da estrutura — largo o suficiente para permitir a passagem de uma pessoa. Corredores laterais e espaços ocos sugerem que havia divisões internas, algo incomum em formações rochosas naturais, mas condizente com compartimentos típicos de uma construção naval.

“Esses padrões não são o que se espera de uma massa rochosa comum ou de um depósito de lama endurecida”, afirmou Jones. “Mas são exatamente o que esperaríamos encontrar se estivéssemos diante de um navio feito pelo homem, conforme descrito no Gênesis.”

Análise do solo reforça a hipótese de madeira em decomposição

Outro membro da equipe, o cientista do solo William Crabtree, conduziu a coleta de amostras em 22 pontos diferentes dentro e ao redor da formação. A análise revelou que o solo interno possui o dobro de matéria orgânica em comparação com o exterior. Os níveis de potássio e o pH também apresentaram variações significativas, o que pode indicar a presença de matéria vegetal em decomposição — talvez madeira.

“Se esta estrutura foi mesmo construída com madeira, e se ela se decompôs com o tempo, os sinais seriam exatamente esses: aumento de matéria orgânica e mudanças na acidez do solo”, explicou Crabtree. “E é exatamente isso que encontramos.”

Além disso, a vegetação dentro da estrutura apresenta coloração distinta da vegetação ao redor — um indicador de que o solo subterrâneo tem composição diferenciada, o que corrobora com a tese de uma origem artificial.

Do mito à hipótese científica: escavações oficiais finalmente vão começar

Desde sua descoberta, a Formação Durupınar esteve à margem da ciência institucional. Porém, agora, com a adesão de universidades turcas e o apoio do governo local, uma escavação controlada está programada para os próximos meses.

A primeira etapa envolverá perfurações verticais e sondagens com instrumentos de alta precisão, além de novas varreduras com GPR de última geração. Um plano de preservação está sendo elaborado para evitar que a estrutura sofra danos, mesmo que se prove tratar de uma formação natural.

“Mesmo que não seja a arca, a formação tem importância geológica e cultural singular. Merece ser estudada com todo rigor e respeito”, destacou um dos geólogos turcos envolvidos no projeto.

Monte Ararat e as tradições do Dilúvio: um marco espiritual e arqueológico

O Monte Ararat sempre foi considerado, por diversas tradições, o local de repouso final da Arca de Noé. Esse monte, o mais alto da Turquia com mais de 5.100 metros de altitude, é citado não apenas na Bíblia, mas também em lendas armênias, textos do Alcorão e tradições sumerianas.

A recorrência da narrativa do dilúvio em dezenas de culturas — desde os povos mesopotâmicos até civilizações indígenas americanas — levanta uma questão instigante: teria ocorrido um evento catastrófico global que inspirou essas histórias? Ainda que em escalas locais, há registros geológicos de inundações maciças em várias regiões do planeta datando de cerca de 5 mil anos atrás.

Sinais e símbolos: quando a ciência encontra a fé

A imagem da Arca de Noé inspira teólogos, exploradores e céticos há séculos. Para os religiosos, sua descoberta seria a confirmação de uma narrativa sagrada. Para os cientistas, um achado arqueológico desse porte seria uma revolução no entendimento das civilizações antigas e de sua relação com os fenômenos naturais.

Mas a busca pela arca não é apenas sobre achados materiais — é também sobre o valor do símbolo. A arca representa a esperança em meio à destruição, a salvação em tempos de caos, a promessa de um novo começo.

O que esperar da escavação e das futuras descobertas?

A equipe de Jones acredita que a escavação trará mais dados sólidos sobre a natureza da Formação Durupınar. Se forem encontrados vestígios de madeira fossilizada, pregos de metal, artefatos humanos ou inscrições, o peso das evidências pode transformar um antigo mito em um capítulo real da história.

Até lá, a cautela é palavra de ordem. O debate entre fé e ciência continua — mas com um ingrediente novo: dados tangíveis, registros em camadas e resultados laboratoriais que merecem atenção.

A Arca de Noé pode mesmo ter deixado vestígios?

A hipótese ainda não está comprovada, mas jamais esteve tão próxima de ganhar respaldo científico. As novas evidências encontradas na Formação Durupınar abrem uma nova era na investigação sobre a Arca de Noé — e podem alterar a forma como encaramos a convergência entre mito, arqueologia e geologia.

Seja você cético ou crente, é difícil ignorar o fascínio que essa possibilidade carrega. E nos próximos anos, com escavações científicas e novas tecnologias, talvez estejamos prestes a desvendar um dos maiores mistérios da humanidade.