Santa Catarina registra queda nos acidentes de trabalho, mas cresce a preocupação com doenças ocupacionais e saúde mental
Em 2023, o estado de Santa Catarina registrou mais de 55 mil acidentes de trabalho, ocupando a quinta posição entre as unidades da federação com maior número de ocorrências.
Em 2024, o total chegou a 37 mil casos, o que representa uma média de quatro acidentes por hora e uma redução de 13% em relação ao ano anterior. Desse total, 186 trabalhadores catarinenses perderam a vida no exercício de suas atividades.
As informações são do Ministério da Previdência Social e foram divulgadas durante uma audiência pública realizada no Auditório Antonieta de Barros, no Parlamento catarinense, para debater a importância da prevenção de acidentes e doenças no ambiente de trabalho.
O evento foi organizado pelo presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, deputado Neodi Saretta, que destacou a relevância da audiência pública ao dar visibilidade ao Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e ao Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, ambos comemorados em 28 de abril.
A solenidade contou com a participação de representantes do parlamento, de entidades sindicais como a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias (Fetiesc), a Central dos Trabalhadores (CGT), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Força Sindical, a Movida e a Nova Central Sindical, além de autoridades políticas, profissionais de saúde e trabalhadores.
Durante a audiência, o deputado Neodi Saretta alertou que, apesar da redução nos números, muitos acidentes de trabalho não são notificados oficialmente, indicando que a situação real pode ser ainda mais grave.
O parlamentar também chamou a atenção para o crescimento de doenças ocupacionais, como lesões por esforço repetitivo, problemas respiratórios e transtornos mentais. Em 2024, Santa Catarina registrou 16 mil afastamentos por transtornos como ansiedade e depressão, e no ano anterior, mais de 33 mil trabalhadores precisaram se licenciar por sofrimento psíquico, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social.
Atualmente, o estado ocupa a quarta posição nacional no ranking de afastamentos por saúde mental.
A audiência também destacou a necessidade de ações mais eficazes de prevenção e a importância da atualização da Norma Regulamentadora NR-1, que inclui a fiscalização de riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
Representantes sindicais defenderam que a atualização da norma é essencial para enfrentar o adoecimento mental dos trabalhadores, embora a implementação tenha sido adiada para 2025. Segundo Idemar Antônio Martini, presidente da Fetiesc, o cenário atual exige medidas urgentes para proteger a saúde mental no ambiente laboral.
O médico perito e especialista em medicina do trabalho, Roberto Ruiz, reforçou que faltam políticas públicas eficientes tanto para a prevenção de acidentes quanto para a proteção da saúde emocional dos trabalhadores. Para ele, a nova NR-1 será um instrumento fundamental para obrigar as empresas a desenvolverem ações específicas voltadas para a saúde mental.
O superintendente do Ministério do Trabalho em Santa Catarina, Paulo Eccel, ressaltou que a chegada de 25 novos auditores fiscais em agosto de 2024 fortalecerá as ações de fiscalização no estado.
De acordo com a atualização da NR-1, práticas como metas excessivas, jornadas prolongadas, ausência de suporte e assédio moral poderão resultar em multas às empresas, variando de R$ 500 a R$ 6 mil.
A preocupação com o assédio moral no ambiente de trabalho foi reforçada pelo professor Carlos Magno, representante da UGT-SC, que apontou o crescimento dessa prática como um dos principais desafios para a promoção de um ambiente laboral mais seguro e saudável.
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