A chegada do verão traz consigo temperaturas mais altas e, com isso, uma maior movimentação de animais peçonhentos. Entre dezembro e março, período de férias e maior fluxo turístico nas regiões de mata e litoral, o risco de acidentes com cobras, escorpiões, aranhas, lagartas e animais aquáticos tende a aumentar significativamente.
Esse é um alerta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que recomenda à população cuidados essenciais para evitar acidentes com esses animais e agir corretamente em caso de envenenamento.
Durante o verão, o metabolismo dos animais peçonhentos se acelera, o que faz com que eles busquem mais ativamente alimento e parceiros para reprodução. Esse comportamento leva ao deslocamento de animais tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos, o que aumenta as chances de contato com seres humanos. Com as altas temperaturas, as atividades ao ar livre, como trilhas, jardinagem e passeios por áreas de mata e litoral, tornam-se mais comuns, o que também contribui para o aumento de incidentes.
Por isso, o período entre dezembro e março é considerado crítico em relação ao risco de acidentes envolvendo animais peçonhentos. A Sesa faz um alerta importante, indicando que, embora esses animais possam ser encontrados o ano inteiro, o verão potencializa esse risco, uma vez que os animais estão mais ativos e a população se desloca para áreas mais vulneráveis à presença desses seres.
Cobras, escorpiões, aranhas e lagartas são alguns dos animais peçonhentos mais comuns em áreas de mata, podendo também ser encontrados em jardins e áreas residenciais, especialmente durante os meses mais quentes. A Sesa recomenda adotar medidas simples de precaução para evitar acidentes com esses animais.
Para atividades ao ar livre, como trilhas e jardinagem, é fundamental o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). As botas de cano alto e as luvas são as melhores opções para proteger as extremidades do corpo e evitar o contato direto com os animais. Além disso, a atenção deve ser redobrada com locais que apresentam maior risco de esconderijos, como buracos no chão, ocos de árvores, pedras e montes de lenha. Tocar diretamente nesses locais sem observar o ambiente pode aumentar significativamente o risco de acidente.
Outro cuidado importante é inspecionar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama antes de usá-las. Durante o verão, é comum que as pessoas deixem suas roupas secando ao ar livre, e isso pode criar um ambiente perfeito para a presença de aranhas e escorpiões, que se escondem em lugares como roupas empilhadas ou calçados esquecidos.
Dentro de casa, a prevenção também é fundamental. A Sesa orienta que camas e berços sejam afastados das paredes, e que os lençóis não toquem o chão. Isso ajuda a evitar que aranhas e escorpiões subam pelas superfícies. Para quem vive em áreas rurais ou próximas a regiões de mata, a recomendação é verificar cuidadosamente o ambiente ao redor da residência, mantendo o local limpo e sem esconderijos para esses animais.
Caso algum animal peçonhento seja encontrado dentro de casa, a principal recomendação é manter a calma, afastar-se com cuidado e nunca tentar manuseá-lo. Em vez disso, é crucial chamar profissionais capacitados, como bombeiros, polícia ambiental ou a vigilância de zoonoses. Esses órgãos estão preparados para lidar com a remoção de animais perigosos de forma segura para as pessoas e para os próprios animais.
Lagartas do gênero Lonomia
Em 2024, um caso grave envolvendo a lagarta do gênero Lonomia foi registrado, chamando a atenção para o risco potencial desse animal peçonhento. O contato com essa lagarta pode causar uma síndrome hemorrágica grave, que pode ser fatal se não tratada adequadamente. Essas lagartas vivem em colônias e, ao se encostar em um tronco de árvore onde há várias delas, a exposição ao veneno pode ser ainda mais intensa.
A recomendação é que a população se mantenha alerta em áreas arborizadas, especialmente naquelas em que as lagartas do gênero Lonomia costumam se alojar. Ao passear ou realizar atividades ao ar livre, como caminhadas em trilhas, é importante observar a presença de troncos de árvores e galhos, evitando tocar neles sem verificar previamente.
Se houver contato com uma lagarta desse gênero, é crucial procurar imediatamente um serviço de saúde para iniciar o tratamento adequado. A bióloga Juliana Cequinel, da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Sesa, reforça a importância de buscar atendimento médico rapidamente, pois a síndrome hemorrágica pode ser fatal se não tratada.
Animais aquáticos peçonhentos
Além dos riscos terrestres, o verão também representa um aumento nas ocorrências envolvendo animais peçonhentos aquáticos. O litoral paranaense, por exemplo, tem registrado uma alta no número de atendimentos médicos devido a acidentes com águas-vivas e caravelas. Entre 14 de dezembro e 2 de janeiro, o Corpo de Bombeiros realizou 8.017 atendimentos relacionados a esses animais.
Águas-vivas, caravelas, ouriços-do-mar, arraias e bagres estão entre os animais aquáticos que representam riscos aos banhistas. A Sesa orienta que as pessoas sigam as recomendações dos postos de guarda-vidas, que indicam as áreas mais seguras para o banho. Além disso, em praias com histórico recente de acidentes com esses animais, é importante evitar a entrada no mar, já que o risco de picadas é maior.
Outro cuidado essencial é o uso de calçados apropriados em locais rochosos e de pedras soltas. Além disso, é importante não colocar as mãos em tocas ou buracos em pedras, uma vez que alguns animais aquáticos se escondem nesses locais. Durante atividades como pesca em rios e lagos, a atenção deve ser redobrada ao manusear peixes e retirar anzóis ou redes, já que algumas espécies de bagres e arraias possuem espinhos venenosos.
O que fazer em caso de acidente com animal peçonhento
Em qualquer caso de acidente com animais peçonhentos, o atendimento médico imediato é essencial. Todos os serviços de saúde estão preparados para avaliar e tratar as vítimas desses acidentes, administrando o tratamento adequado, como a soroterapia, quando necessário.
Enquanto se aguarda o atendimento, algumas medidas simples podem ser tomadas. Para picadas ou mordidas, é importante lavar o local com água e sabão (exceto em casos de contato com águas-vivas ou caravelas). Manter a pessoa em repouso e com o membro afetado elevado também é fundamental. Caso o acidente envolva águas-vivas ou caravelas, o vinagre deve ser aplicado na área afetada, sem esfregar, e o uso de compressas geladas é recomendado. Nunca lave a área com água doce.
É importante, ainda, que a vítima forneça o máximo de informações sobre o animal envolvido no acidente, incluindo características físicas, como cor, tamanho e qualquer outra característica visível. Quando possível, levar uma foto do animal ou até mesmo o próprio animal (se estiver morto) pode ajudar os profissionais de saúde a definir o tratamento mais adequado.