Seca extrema pode ter extinguido o “hobbit humano”

Seca extrema pode ter extinguido o “hobbit humano”

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A história do Homo floresiensis, espécie humana de baixa estatura popularmente apelidada de “hobbit”, ganha uma nova e surpreendente explicação. Após décadas de debates sobre o motivo do desaparecimento dessa espécie que viveu isolada por mais de um milhão de anos na ilha de Flores, na Indonésia, um estudo internacional publicado na revista Communications Earth & Environment trouxe uma resposta que conecta clima, ecossistemas e sobrevivência: o “hobbit” pode ter sido extinto pela seca extrema.

A pista escondida no interior de uma caverna

A pesquisa analisou uma estalagmite na caverna de Liang Luar, que preservou um registro detalhado das chuvas entre 91 mil e 47 mil anos atrás. A composição química de suas camadas permitiu reconstruir o regime de chuvas com precisão rara, revelando três períodos climáticos: uma fase úmida prolongada, seguida por chuvas sazonais intensas e, por fim, uma secura extrema que durou milhares de anos.

Quando a água desaparece, o ecossistema colapsa

Os resultados mostram que, a partir de 61 mil anos atrás, a seca prolongada alterou drasticamente a paisagem de Flores. As fontes de água diminuíram, o fluxo do rio Wae Racang perdeu força e o ambiente se tornou cada vez mais árido. Sem chuva, não havia vegetação suficiente e, sem vegetação, as presas do Homo floresiensis também desapareceram.

A prova mais reveladora veio dos fósseis do Stegodon florensis insularis, um elefante-pigmeu que era a principal fonte de alimento dos “hobbits”. A análise do oxigênio em seu esmalte dentário mostrou uma queda clara nos registros durante os períodos secos. Cerca de 90% dos fósseis datam da fase mais úmida, e quase nenhum aparece depois da seca extrema. Sem elefantes-pigmeus, a sobrevivência dos “hobbits” tornou-se inviável.

Para os paleoclimatólogos, a única saída para herbívoros e predadores seria migrar em direção ao litoral, seguindo pequenos cursos d’água remanescentes. Nick Scroxton, coautor do estudo, sugere que ambos, elefantes e Homo floresiensis, podem ter sido empurrados pela escassez para áreas costeiras, buscando a única fonte estável de água durante a estação seca.

Teria o “hobbit” encontrado nossos ancestrais?

Na mesma região, logo acima dos últimos vestígios fósseis e ferramentas atribuídas ao Homo floresiensis, arqueólogos encontraram uma espessa camada de cinzas vulcânicas com cerca de 50 mil anos. Acima dela, surgem os primeiros indícios de Homo sapiens. Não há evidência direta de contato ou conflito, mas a coincidência temporal sugere um cenário de competição, doenças ou até predação que podem ter acelerado o desaparecimento dos “hobbits”.

Seja pela seca devastadora, pela perda de presas, por erupções explosivas ou pela chegada de humanos modernos, os pesquisadores descrevem o fim dessa espécie como “um colapso ambiental gradual e inevitável”, capaz de derrotar uma população que resistiu isolada por centenas de milhares de anos.

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