Com crescimento de 48% nos óbitos maternos em relação ao ano anterior, Santa Catarina registra o pior cenário em duas décadas. Especialistas cobram medidas urgentes para reverter o quadro.
Santa Catarina viu um aumento preocupante no número de óbitos maternos em 2024. De acordo com dados divulgados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC), 43 mulheres morreram durante a gestação, o parto ou no puerpério – período de até 42 dias após o parto.
O número representa um crescimento de 48,3% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 29 mortes.
Com exceção do ano pandêmico de 2021, quando 86 óbitos foram registrados, sendo a maioria associada à Covid-19, 2024 se tornou o ano com mais mortes maternas no estado nas últimas duas décadas.
O levantamento considera todas as mortes relacionadas à gravidez ou às consequências do período gestacional, excluindo causas acidentais ou incidentais.
Do total de óbitos registrados neste ano, 62,8% tiveram causas obstétricas diretas. As mais comuns foram hemorragias (22,2%), hipertensão (14,8%), abortos (7,4%) e infecções puerperais (3,7%). Já os 37,2% restantes foram atribuídos a causas indiretas, como doenças infecciosas e parasitárias (18,8%), doenças do aparelho digestivo (12,5%) e diabetes mellitus (12,5%).
A DIVE/SC destaca que causas obstétricas diretas costumam estar associadas a falhas no atendimento, como omissões ou tratamentos inadequados. As causas indiretas, por sua vez, dizem respeito a complicações de doenças preexistentes agravadas pelas mudanças fisiológicas da gravidez.
Regiões com mais óbitos maternos em 2024
O Oeste catarinense lidera com sete mortes, seguido por Laguna, Grande Florianópolis e Foz do Rio Itajaí, com cinco óbitos cada. As demais regiões também apresentaram casos, mostrando que o problema é distribuído por todo o estado e não restrito a uma área específica.
Nos últimos 20 anos, Santa Catarina apresentou uma média de 32 óbitos maternos por ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 300 mil mulheres morrem anualmente em todo o mundo durante a gravidez ou parto, e lançou uma campanha para reforçar a necessidade de cuidados e prevenção.
Prevenção e recomendações aos profissionais de saúde
De acordo com a DIVE/SC e a Diretoria de Atenção Primária à Saúde (DAPS), muitas das mortes registradas poderiam ter sido evitadas. Por isso, uma série de recomendações foram emitidas aos profissionais:
- Realizar digitação imediata e investigação rápida dos óbitos
- Manter reuniões regulares dos Comitês Regionais de Prevenção
- Realizar pré-natal com estratificação de risco em cada consulta
- Implementar protocolos de atendimento para hemorragia, hipertensão e infecção
- Suplementar cálcio a partir da 12ª semana de gestação
- Estabelecer fluxo para consulta de puerpério com visita domiciliar após o parto
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