O Museu de Lincoln, no Reino Unido, receberá no próximo ano um sarcófago de 4.000 anos da Idade do Bronze, esculpido em um único tronco de carvalho e descoberto por acaso em um clube de golfe em Lincolnshire. A peça tem três metros de comprimento e foi identificada durante um trabalho de manutenção de rotina em um lago do Tetney Golf Club, em 2018.
O caixão contém os restos mortais de um indivíduo de alto status, sepultado com evidente cuidado, e foi encontrado junto de um machado considerado excepcionalmente raro, fato que chamou a atenção de arqueólogos internacionais, segundo informou a BBC.
A descoberta foi classificada como uma das mais importantes da Idade do Bronze na Grã-Bretanha. O chamado “Caixão de Tetney” integra um grupo de cerca de 65 sepultamentos britânicos realizados em troncos de árvores durante o período. O achado reúne características incomuns de preservação e um conjunto significativo de informações sobre práticas funerárias e rituais dedicados a indivíduos de elite há quatro milênios. Após o caixão ser exposto ao ar e à luz do sol após milênios enterrado, as equipes responsáveis priorizaram a preservação imediata devido ao risco de desintegração.
O arqueólogo Hugh Wilmott, professor da Universidade de Sheffield, relatou que ele e sua equipe estavam próximos ao local em uma escavação de treinamento no momento da descoberta, o que permitiu atuação rápida. Ele afirmou ao The Guardian que a situação proporcionou uma experiência de aprendizado relevante para os alunos, que puderam acompanhar as ações emergenciais de conservação em campo.
Tim Allen, representante da Historic England, destacou a importância e a delicadeza do contexto ambiental em que o caixão foi originalmente depositado, descrevendo-o como parte de uma paisagem composta por bosques, áreas salinas e zonas pantanosas. A equipe iniciou de imediato um processo detalhado de estabilização do material. Posteriormente, o sarcófago permaneceu por um ano em um ambiente refrigerado antes de seguir para o York Archaeological Trust, onde recebeu tratamento de conservação especializado financiado por uma verba de £110 mil concedida pela Historic England.
Dentro do tronco oco, os arqueólogos encontraram elementos que reforçam o cuidado dedicado ao sepultamento. O indivíduo, com cerca de 1,75 metro — altura acima da média para o período — foi colocado sobre um leito de ramos de carvalho e teixo. Estudos de restos vegetais e pólen indicaram que ele utilizava uma guirlanda de flores no pescoço, enquanto avelãs e outras plantas podem ter feito parte de uma oferenda alimentar.
O item mais notável encontrado ao lado do corpo foi um machado notavelmente bem preservado, incluindo o cabo de madeira original. Apenas 12 exemplares completos semelhantes são conhecidos na Grã-Bretanha. A Historic England concluiu que o objeto provavelmente representava um símbolo de autoridade, reforçando a hipótese de que o falecido ocupava posição de destaque em sua comunidade.
A conservação dos materiais orgânicos, entre eles o cabo do machado, os restos vegetais e o próprio caixão esculpido em carvalho, foi considerada excepcional e ampliou significativamente o valor científico da descoberta.




