Governo de Santa Catarina implanta em Chapecó programa pioneiro que permite transfusão de sangue total ainda no local da ocorrência ou durante transporte aéreo.
O Governo de Santa Catarina passou a operar em Chapecó, no Oeste do estado, o Programa de Transfusão Pré-Hospitalar de Sangue Total, iniciativa inédita no país que permite a realização de transfusões ainda no local da ocorrência ou durante o transporte aeromédico. O objetivo é reduzir o risco de choque hemorrágico em vítimas com sangramento grave e aumentar as chances de sobrevivência em situações de risco iminente de morte.
A expansão do programa foi anunciada na sexta-feira (12) e será executada pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio do serviço aeromédico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina, em parceria com o Serviço Aeropolicial da Polícia Civil. A iniciativa já estava em funcionamento em Florianópolis e Blumenau e passa agora a atender também a região Oeste.
O governador Jorginho Mello destacou que o programa é resultado da integração entre o governo estadual e as forças de segurança pública, incluindo Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Segundo ele, a ampliação representa um avanço significativo na capacidade de resposta do Estado em situações de emergência e reforça o compromisso com a preservação de vidas, especialmente em regiões mais distantes dos grandes centros hospitalares.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, o diferencial do programa está na possibilidade de iniciar a transfusão antes da chegada ao hospital. Em ocorrências graves, cada minuto é determinante para a sobrevivência do paciente. Tradicionalmente, o atendimento pré-hospitalar utiliza reposição com soro até a chegada a uma unidade com agência transfusional. Com o uso do sangue total, o tratamento começa ainda durante o deslocamento aéreo, aumentando de forma significativa as chances de estabilização e sobrevida.

O serviço aeromédico atua diariamente no atendimento pré-hospitalar de alta complexidade, levando estrutura equivalente à de uma unidade de terapia intensiva para diferentes cenários, como acidentes automobilísticos e outras situações críticas. Segundo o superintendente de Urgência e Emergência, Marcos Fonseca, a eficácia do sangue total já foi comprovada na evolução clínica dos pacientes atendidos ainda na cena, o que reforça a importância da ampliação do programa.
Desde sua implementação, o programa de Sangue Total já realizou 84 transfusões em Santa Catarina, sendo 67% dos atendimentos destinados a pacientes do sexo masculino. A maioria dos casos envolve situações de trauma, especialmente acidentes de trânsito. Santa Catarina é o único estado do país a operar o serviço de forma estruturada, com protocolos alinhados a padrões internacionais. O Hemosc, responsável pelo fornecimento do sangue, é reconhecido nacionalmente pela qualidade técnica e pelo cumprimento rigoroso das normas sanitárias.
A diretora-geral do Hemosc, Patrícia Carsten, ressaltou que a iniciativa já permitiu que pacientes chegassem vivos ao hospital em condições de receber tratamento definitivo, viabilizando inclusive a doação de órgãos em alguns casos. Segundo ela, o protocolo adotado no estado tem despertado o interesse de hemocentros de outras unidades da federação, que buscam conhecer a experiência catarinense.
Outro marco alcançado com o programa foi a certificação do Serviço Aeromédico de Santa Catarina como agência transfusional. Trata-se da primeira unidade aérea pública do país a obter alvará da Vigilância Sanitária para esse tipo de operação. Para garantir o funcionamento do serviço, o Hemosc fornece bolsas de sangue total do tipo O positivo, com baixa titulação de hemolisina, conforme a disponibilidade do estoque. As bolsas são armazenadas em caixas térmicas especiais e podem ser utilizadas por até 48 horas durante os atendimentos, permanecendo conservadas por até 15 dias na base operacional.
Diante dos resultados obtidos, o governo estadual já trabalha para ampliar o programa para outras regiões. A previsão é que, no primeiro trimestre de 2026, o serviço passe a operar também em bases aéreas da Serra e do Extremo Sul catarinense. A meta seguinte é estender o uso do sangue total às Unidades de Suporte Avançado do Samu, permitindo que um número maior de pacientes seja beneficiado em todas as regiões de Santa Catarina.

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