Santa Catarina em rumo à liderança na indústria de saúde

Santa Catarina surge como um forte candidato a liderar a fabricação de produtos destinados ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS). Em um evento realizado na última quinta-feira (11) em Florianópolis, especialistas em saúde e economia destacaram o potencial do estado em se tornar um polo de produção para remédios e equipamentos médicos, elementos essenciais para fortalecer a indústria brasileira e reduzir a dependência de importações.

Ainda em fase de implementação, o CEIS é uma política nacional que visa estimular a produção interna de medicamentos e equipamentos médicos. A meta é possibilitar que o governo brasileiro possa adquirir localmente o que hoje precisa importar, como máquinas para exames, tratamentos e vacinas. Essa iniciativa não apenas fortalecerá a indústria nacional, mas também poderá trazer significativas economias aos cofres públicos e maior segurança em termos de abastecimento de insumos médicos essenciais.

Segundo João Calixto, diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), Santa Catarina possui várias vantagens competitivas que podem ser decisivas na produção para o CEIS. Entre essas vantagens estão:

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  • Qualificação dos Trabalhadores: O estado possui uma força de trabalho altamente qualificada, capaz de operar tecnologias avançadas e contribuir para o desenvolvimento de produtos inovadores.
  • Expansão de Parques Tecnológicos: Santa Catarina tem investido na expansão de parques tecnológicos, criando um ambiente propício para inovação e desenvolvimento de novos produtos.
  • Relação com Agências de Pesquisa: A estreita colaboração com agências de pesquisa permite um fluxo contínuo de conhecimentos e tecnologias de ponta.
  • Infraestrutura de Portos e Aeroportos: A excelente infraestrutura logística facilita a importação de insumos e a exportação de produtos acabados, aumentando a competitividade da produção local.

Desafios a Serem Superados

Apesar das vantagens, existem obstáculos que precisam ser superados para que Santa Catarina possa se destacar na produção para o CEIS:

  • Escassez de Parcerias com Grandes Laboratórios: A falta de parcerias robustas com grandes laboratórios internacionais limita o acesso a tecnologias e conhecimentos avançados.
  • Número Reduzido de Unidades de Produção: Há uma necessidade de aumentar o número de unidades capazes de escalar a produção de produtos farmacêuticos.
  • Falta de Comitês de Ética: A ausência de comitês de ética suficientes para pesquisas clínicas pode atrasar o desenvolvimento e a aprovação de novos medicamentos e tratamentos.

Rafael Lucchesi, diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacou que Santa Catarina está muito avançada na “agenda da inteligência, do capital humano e da tecnologia”. Segundo Lucchesi, esses fatores colocam o estado em uma posição privilegiada para se tornar um líder na produção de produtos para o CEIS.

Denizar Viana, professor de Medicina e ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, ressaltou que o Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 190 milhões de brasileiros, deverá ser o maior comprador dos produtos CEIS. Isso garante uma demanda constante e substancial para os produtos desenvolvidos, proporcionando segurança econômica para os produtores.

O governo já anunciou uma lista de produtos que pretende adquirir por meio do CEIS, incluindo vacinas, insumos farmacêuticos ativos, tecnologias para dispositivos médicos e equipamentos médicos.

Atualmente, a indústria de saúde em Santa Catarina já é robusta, produzindo medicamentos para humanos e animais, aparelhos eletromédicos, eletroterapêuticos e instrumentos para uso médico e odontológico. Esta indústria é a sexta maior no ranking de produção industrial do estado.

Camile Giaretta Sachetti e Jorge Costa, da Fiocruz, observaram que para se destacar no CEIS, a indústria local pode focar em produtos que incorporem novas tecnologias e atendam às necessidades emergentes em saúde, como aquelas provocadas por mudanças climáticas, persistência de doenças tropicais e envelhecimento populacional.

O secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, afirmou que o segmento de saúde é estratégico para a economia de Santa Catarina e pode se tornar ainda mais relevante com o desenvolvimento do CEIS. Segundo ele, o setor de saúde pode levar o estado a uma nova matriz econômica no futuro, diversificando a economia local e aumentando a sua resiliência.