Salões de madeira milenares são encontrados na Escócia

Salões de madeira milenares são encontrados na Escócia

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Uma descoberta arqueológica na costa leste da Escócia está mudando o que se sabia sobre os primeiros assentamentos neolíticos das Ilhas Britânicas. Durante obras de infraestrutura para a construção de campos esportivos escolares, pesquisadores identificaram os restos da maior construção de madeira já registrada no país, datada de aproximadamente 4.000 a.C. Com cerca de 35 metros de extensão, a estrutura é anterior até mesmo a Stonehenge — um marco que a posiciona como uma das mais antigas edificações monumentais da Europa Ocidental.

O achado é assinado pela equipe da GUARD Archaeology, que trouxe à tona não apenas um salão de proporções extraordinárias, mas também um segundo edifício adjacente, cujas evidências indicam função doméstica. Ambos os espaços oferecem um vislumbre fascinante da vida, dos rituais e das celebrações de uma sociedade agrícola que viveu há mais de seis milênios.

O maior salão de madeira neolítico já encontrado na Escócia

O salão principal foi descoberto no município de Carnoustie, em Angus, e se destaca tanto pelo seu tamanho quanto pela complexidade arquitetônica. As escavações revelaram paredes construídas com pau-a-pique, uma técnica de madeira e argila, além de buracos para postes que sustentavam o telhado, canais lineares internos e objetos rituais enterrados com evidente intenção simbólica. Segundo os arqueólogos, trata-se de uma edificação pertencente a um dos primeiros grupos de agricultores que migraram para o atual território escocês, indicando um grau elevado de organização social e conhecimento técnico.

A estrutura é tão monumental que, conforme os pesquisadores, ultrapassa em dimensão qualquer outro salão de madeira conhecido do Neolítico Escocês. Não se trata de uma simples habitação: indícios sugerem que o local foi usado para cerimônias religiosas, encontros comunais e rituais de transição. Entre os itens encontrados, destacam-se machados de pedra cuidadosamente enterrados nas fundações — um costume associado a práticas simbólicas de consagração ou proteção espiritual do espaço.

Salões de madeira milenares são encontrados na Escócia
Foto: GUARD Archaeology

A presença de um segundo salão reforça a complexidade do sítio

A poucos metros do edifício principal, a equipe localizou uma segunda construção de aproximadamente 20 metros de comprimento. Ao contrário do salão monumental, esta edificação apresenta características claramente domésticas: uma lareira central, resquícios de cascas de avelã queimadas e fragmentos de grãos carbonizados, que indicam práticas de preparo de alimentos e talvez armazenamento coletivo.

A arqueóloga Beverley Ballin Smith, integrante da equipe, destacou o simbolismo das avelãs carbonizadas como pista importante. “A abundância de avelãs indica que o outono era uma estação relevante para reuniões e festividades. Esse ciclo sazonal pode ter sido crucial para reforçar laços entre diferentes grupos sociais e famílias da região”, pontua Smith.

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Uma construção que atraiu comunidades inteiras?

Ao analisar os padrões construtivos e os objetos encontrados, os especialistas levantam a hipótese de que os salões de Carnoustie não eram apenas habitações ou estruturas isoladas. Sua escala, localização e a associação com objetos rituais apontam para uma função centralizadora dentro da vida social neolítica. É possível que esses espaços servissem como ponto de convergência para grandes encontros comunitários, celebrações coletivas, trocas de produtos agrícolas e cerimônias sazonais relacionadas à colheita.

Além disso, a presença de duas estruturas com finalidades distintas, mas próximas entre si, indica uma diferenciação funcional e espacial dentro do assentamento, revelando níveis de planejamento que reforçam a sofisticação desses primeiros agricultores.

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