A safra de feijão 2024/25 no Brasil promete um crescimento expressivo na produção, passando de 3,26 milhões de toneladas para 3,28 milhões de toneladas, impulsionada principalmente pelo aumento na área de cultivo. A área destinada às três safras agregadas de feijão deve crescer de 2,857 milhões de hectares para 2,891 milhões de hectares. O estado do Paraná desempenha um papel fundamental nesse cenário, com a expectativa de adicionar 23 mil hectares à sua área de plantio na primeira safra.
Esse crescimento na produção é visto com otimismo pelos especialistas, que apontam o Paraná como uma das principais forças motrizes por trás desse resultado. A primeira safra no estado deverá contribuir com 57% de aumento em relação à safra anterior, o que coloca o Paraná em uma posição estratégica para o setor.
O agrônomo Carlos Hugo Godinho, analista da cultura no Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), reforça a importância desse aumento de área para o resultado nacional.
O Paraná, tradicional produtor de feijão, terá um papel essencial no aumento da produção nacional com o acréscimo de 23 mil hectares na primeira safra, um crescimento de 22% em relação ao período anterior. Esse incremento representa mais da metade de toda a expansão de área destinada à cultura do feijão no Brasil para a primeira safra.
Com essa ampliação, a produção paranaense na primeira safra deve atingir 251 mil toneladas, um aumento de 57% em comparação às 160 mil toneladas da safra 2023/24. Esse salto na produção é uma resposta às condições favoráveis do clima e à expectativa de boas colheitas, mas também se deve à gestão eficiente e ao planejamento estratégico do estado, que historicamente tem um papel relevante no agronegócio brasileiro.
Enquanto a primeira safra no Paraná aponta para um crescimento substancial, a previsão para a segunda safra de feijão no Brasil, feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de uma leve redução de 1,4% na área de cultivo. Essa diminuição, ainda não detalhada por estado, reflete a cautela dos produtores em relação aos desafios climáticos e econômicos que podem surgir ao longo do ciclo agrícola.
O Deral compartilha dessa visão mais conservadora para a segunda safra, destacando que as condições da primeira safra terão um papel crucial na definição da extensão e qualidade da segunda. Se as condições climáticas continuarem favoráveis e a primeira safra for bem-sucedida, os produtores poderão se sentir mais confiantes em investir na segunda etapa do cultivo.
A primeira safra de feijão já começou a ser plantada em algumas regiões do Paraná, com cerca de 16% da área destinada ao cultivo já ocupada. A expectativa é de que a maior parte da colheita ocorra até janeiro de 2025, coincidindo com o início do plantio da segunda safra.
As chuvas registradas durante a semana de 13 a 19 de setembro foram vistas como extremamente benéficas para o desenvolvimento inicial das plantas. No entanto, os especialistas alertam que serão necessárias mais chuvas regulares para garantir o potencial produtivo da safra. A regularidade no abastecimento hídrico é essencial para que o feijão alcance os volumes de produção esperados.
Além do feijão, o Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado pelo Deral também traz informações sobre outras culturas e setores importantes para a economia agrícola do Paraná, como soja, suínos, bovinos e frangos. Esses produtos são fundamentais para o estado, que tem uma participação expressiva no agronegócio nacional e internacional.
As chuvas também tiveram um impacto positivo na produção de soja, outra cultura de grande importância para o estado do Paraná. A partir da semana de 13 a 19 de setembro, os produtores de soja foram liberados para iniciar o plantio, e já há mais de 30 mil hectares plantados, o que representa 0,52% da área projetada de 5,8 milhões de hectares.
No cenário internacional, os Estados Unidos, maior produtor mundial de soja, já semeou cerca de 6% de sua área total, estimada em 35 milhões de hectares. Isso gera uma expectativa de produção de 124 milhões de toneladas. Assim que a produção norte-americana chegar ao mercado, os preços globais da soja devem diminuir, afetando o mercado brasileiro.
Outro destaque no boletim é a campanha de atualização do rebanho suíno, coordenada pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). A campanha, realizada entre maio e junho de 2024, registrou 98,71% da população suína cadastrada no estado. Essa atualização é essencial para que o órgão de defesa tenha informações precisas sobre a quantidade e localização dos animais, o que permite uma ação rápida e eficiente em casos de focos ou suspeitas de doenças.
Aqueles que não realizaram a atualização cadastral devem procurar as unidades da Adapar para regularizar a situação de bovinos, suínos, ovinos, caprinos, equídeos, aves, peixes e abelhas. Esse processo é fundamental para garantir a segurança sanitária e o controle de possíveis surtos.
O mercado de bovinos também apresentou um desempenho positivo nas últimas semanas. O preço do boi gordo registrou uma alta de 7,22% no mês, alcançando R$ 257,05. Esse aumento se deve à menor oferta de animais prontos para o abate, consequência da escassez de pastagens de qualidade, resultado do clima seco.
No atacado paranaense, os preços também subiram. O dianteiro bovino passou de R$ 13,93 para R$ 14,03, enquanto o traseiro aumentou de R$ 21,10 para R$ 21,27 entre os dias 9 e 13 de setembro. Essa tendência de alta reflete a dinâmica de oferta e demanda do mercado.
No setor avícola, as exportações brasileiras de carne de frango sofreram uma leve retração nos primeiros sete meses de 2024. Em termos de faturamento, houve uma queda de 8,1%, passando de US$ 5,9 bilhões em 2023 para US$ 5,4 bilhões em 2024. Em volume, a redução foi mínima, de 0,2%, refletindo a estabilidade do mercado. No Paraná, o volume exportado de frango diminuiu 0,3%, o que representa uma leve desaceleração, mas ainda mantendo o estado como um dos maiores exportadores do país.
Por outro lado, o setor de mel registrou um aumento significativo. As exportações de mel in natura cresceram 25,7% em volume, totalizando 21.144 toneladas nos primeiros sete meses de 2024. O Paraná, em particular, se destacou como o quarto maior exportador, com 2.291 toneladas enviadas ao exterior, gerando uma receita de US$ 5,5 milhões.