Arqueólogos afirmam ter identificado as ruínas da antiga cidade bizantina de Tharais, desaparecida há séculos, no deserto ao sul da Jordânia. A cidade é citada no célebre Mapa Mosaico de Madaba, criado no século VI d.C. e considerado o mais antigo mapa cartográfico do Oriente Médio ainda preservado. No entanto, sua localização exata permaneceu desconhecida — até agora.
O possível reencontro com Tharais foi divulgado por meio de uma reportagem do Türkiye Today, que destaca os avanços de um projeto arqueológico recente conduzido nas proximidades de El-‘Iraque, uma cidade atual situada perto da borda sudeste do Mar Morto. A região corresponde a uma importante rota comercial e religiosa da era romana e bizantina, que conectava a antiga Zoar ao centro da Jordânia.
Evidências materiais reforçam a identificação de Tharais
Durante os últimos anos, a equipe de pesquisadores, liderada pelo arqueólogo Musallam R. Al-Rawahneh, da Universidade Mutah, reexaminou documentos históricos, inscrições antigas e registros cartográficos, enquanto realizava escavações e levantamentos de campo. O grupo encontrou fragmentos de cerâmicas, inscrições funerárias em grego e latim, além de mosaicos decorativos — indícios consistentes com o que se esperava de um centro urbano bizantino.
Mas foi a descoberta das ruínas de uma igreja em estilo basílica, combinada com outras estruturas de construção semelhantes às representadas no Mapa de Madaba, que fortaleceu a hipótese de que ali estaria a antiga Tharais. Os arqueólogos acreditam que a cidade funcionava não só como um assentamento agrícola, mas também como santuário cristão e ponto de parada comercial, refletindo sua importância religiosa e econômica na época.
Reconstruindo a história a partir do mosaico
O Mapa Mosaico de Madaba, encontrado no piso de uma igreja na atual Jordânia, é uma peça-chave para a arqueologia cristã e do Oriente Médio. Ele representa cidades, vilarejos, rios e rotas sagradas, sendo um dos principais vestígios gráficos da geografia religiosa bizantina. A presença de Tharais nesse mapa destaca seu prestígio no contexto da peregrinação cristã, e a nova descoberta lança luz sobre sua real localização e função.
O artigo científico que detalha as escavações e análises foi publicado na revista especializada Gephyra. A pesquisa reforça a relevância do mapa como fonte histórica e mostra como o cruzamento entre cartografia antiga e arqueologia de campo pode resgatar cidades esquecidas do passado.
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