Rosto esculpido de 1.000 anos é encontrado curiosamente no fundo de um lago

Um descoberta arqueológica intrigante aconteceu Europa, quando foi encontrado um rosto esculpido em uma viga de carvalho de 1,34 metros.

Essa arte com mais de 1.000 anos estava nas profundezas do Lago Lednica, na Polônia. O artefato representa um marco singular na arqueologia eslava: trata-se da primeira escultura humana em madeira, em tamanho grande, do início da Idade Média descoberta nesta região.

Este achado sugere que este rosto esculpido tinha finalidade espiritual e demonstra o avanço técnico dos primeiros habitantes do território polonês, no período da ascensão da dinastia Piast.

O objeto foi encontrado em Ostrów Lednicki, uma ilha com vestígios de uma imponente fortaleza medieval e palácio ducal, considerada um dos berços do Estado polonês. A peça fazia parte de um sistema estrutural que impedia o colapso das muralhas da fortificação.

No entanto, a presença do rosto esculpido em relevo tridimensional ultrapassa a funcionalidade arquitetônica: segundo os pesquisadores, trata-se de uma expressão clara do universo simbólico dos eslavos, projetada para interagir com as forças espirituais da natureza.

Liderada pelo Dr. Andrzej Pydyn, do Centro de Arqueologia Subaquática da Universidade Nicolau Copérnico, a equipe envolvida nas escavações acredita que o rosto estava voltado para a água de forma intencional, o que reforça a teoria de que o artefato representava uma entidade protetora associada a crenças antigas sobre espíritos aquáticos.

Este elemento reforça a intersecção entre fé e paisagem na cultura eslava, em que lagos, florestas e rios eram percebidos como domínios vivos e sagrados. O achado é comparável, em estilo e significado, a estatuetas multifacetadas encontradas na Ilha de Wolin, outro centro espiritual eslavo.

O momento da descoberta também foi fortuito: as escavações começaram após uma seca atípica em 2021 baixar os níveis do lago, revelando estruturas de madeira expostas. A análise dendrocronológica confirmou que a árvore foi cortada no final do século X, com uma precisão impressionante para arqueologia desse tipo.

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O rosto mede 13,5 por 10 centímetros e revela um trabalho meticuloso, quase cerimonial, feito com instrumentos simples, mas com uma habilidade artística avançada.

Historicamente, Ostrów Lednicki já era considerado um marco da transição do paganismo para o cristianismo na Polônia. A fortaleza foi sede de cerimônias batismais e abrigava uma capela em estilo pré-românico com pias batismais em pedra.

A descoberta dessa escultura pagã em um contexto que também reúne traços cristãos reforça a ideia de uma sobreposição de crenças durante os primórdios do Estado polonês — uma era de conversões graduais, em que o cristianismo foi assimilado sem que os antigos mitos fossem totalmente apagados.

Konrad Lewek, arqueólogo do projeto, afirmou que esse tipo de representação humana em madeira, com essas dimensões e qualidade, é extremamente raro em sítios eslavos. A peça, portanto, extrapola o valor material ou estético: ela é um documento da subjetividade espiritual de um povo que não deixou textos, mas esculpiu seus medos, esperanças e divindades na madeira de carvalho que sustentava suas muralhas.

Após conservação especializada que está sendo conduzida sob rigoroso controle de umidade, o rosto esculpido será exibido ao público no Museu dos Primeiros Piasts em Lednica. A previsão de exposição é para o segundo semestre de 2026, o que permitirá que estudiosos, turistas e curiosos possam contemplar de perto essa janela para o espírito do século X.

Encontrar este rosto esculpido com mais de 1.000 anos, representa um grande avanço no estudo dos povos antigos daquela região polonesa, que o Jornal da Fronteira apresenta a seus leitores, que estão sempre ávidos por informações curiosas e relevantes sobre o que está acontecendo no mundo.

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