Rosalia Lombardo, a “múmia mais bela do mundo”, permanece intacta há mais de 100 anos e intriga ciência e visitantes em Palermo
Em 1920, a pequena Rosalia Lombardo faleceu em Palermo, na Sicília, vítima de pneumonia durante a epidemia da gripe espanhola. Com apenas dois anos de idade, seu corpo foi levado às catacumbas dos Capuchinhos, local conhecido por abrigar milhares de múmias. Diferente das demais, Rosalia se tornou única: mais de um século depois, ainda parece apenas dormir em um caixão de vidro, encantando visitantes do mundo todo.
Quem era a menina?
A origem de Rosalia é cercada de versões. Algumas fontes indicam que seu pai era um comerciante de couros siciliano, enquanto outras apontam que ela pertencia a uma família nobre. Há também registros sugerindo que seria filha de Mário Lombardo, general do exército nos anos 1920. Independentemente da versão, sabe-se que a criança era saudável até que a família foi atingida pela epidemia. O pai, devastado com a perda, buscou ajuda para manter a filha preservada da forma mais fiel possível.
O trabalho de Alfredo Salafia
O responsável pela preservação foi Alfredo Salafia, professor e embalsamador da Sicília. Considerado um dos maiores especialistas da época, ele aplicou em Rosalia uma técnica inovadora, que se mostrou eficaz ao ponto de resistir por mais de 100 anos. Salafia morreu em 1933, mas deixou manuscritos que, décadas mais tarde, revelariam os segredos de sua fórmula.

A fórmula secreta revelada
Anotações encontradas pelo paleopatologista Dario Piombino-Mascali mostraram que a preservação de Rosalia envolveu uma mistura precisa de substâncias:
- Formalin: eliminava bactérias, impedindo a decomposição.
- Álcool: aliado ao clima seco das catacumbas, ajudava na desidratação do corpo.
- Glicerina: evitava o ressecamento excessivo.
- Ácido salicílico: atuava contra fungos.
- Sais de zinco: responsáveis pela rigidez e conservação incomum.
O processo foi surpreendentemente simples: uma única injeção sem drenagem de fluidos ou procedimentos adicionais. O resultado é um corpo que se mantém quase intacto até hoje.
A aparência que impressiona
No caixão de vidro, Rosalia transmite a impressão de estar em sono profundo. A pele mantém um aspecto suave, os cabelos dourados seguem presos com um laço de seda e seus traços delicados permanecem quase inalterados. Essa imagem gera um misto de fascínio e inquietação em quem a observa.
O mito da múmia que pisca
Relatos de visitantes ao longo das décadas afirmavam que Rosalia abria e fechava os olhos. O mistério foi esclarecido em 2009 pelo pesquisador Dario Piombino-Mascali. Segundo ele, os olhos da criança nunca estiveram totalmente fechados; a variação da luz natural que entra pelas janelas das catacumbas cria a ilusão de movimento, como se a menina piscasse suavemente.

Um ícone da preservação
Mais do que um corpo embalsamado, Rosalia Lombardo se tornou símbolo da ligação eterna entre pai e filha, além de representar um marco da ciência de conservação humana. Seu caso é estudado até hoje por especialistas e segue atraindo curiosos, historiadores e turistas que visitam Palermo.
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