Robô da Nasa enfrenta terreno perigoso em Marte e revela passagem pelo “Portão do Diabo”

O rover Curiosity, enviado pela NASA para explorar o solo marciano, acaba de registrar um dos momentos mais ousados e visualmente impactantes de sua missão. Enquanto escala a encosta do Monte Sharp, o robô enfrentou uma passagem estreita e acidentada, batizada pelos pesquisadores como “Portão do Diabo” — uma área desafiadora localizada dentro da Cratera Gale, no planeta vermelho.

As imagens, divulgadas pela agência espacial na última segunda-feira (7), capturam o exato instante em que o rover cruza essa trilha traiçoeira. Com rochas pontiagudas e solo instável, a travessia exigiu cautela e habilidade: em alguns trechos, as rodas dianteiras sequer tocavam o solo.

Segundo a geóloga planetária Catherine O’Connell-Cooper, da Universidade de New Brunswick, o solo ali possui uma crosta de rocha lisa repleta de nódulos de formatos curiosos, provavelmente esculpidos por ventos constantes que sopram na mesma direção há milhões de anos. “Estamos num trecho chamado ‘Touch and Go’, onde o Curiosity para para analisar uma rocha e segue adiante logo depois”, explicou a cientista em nota oficial.

Rumo a alturas nunca antes alcançadas

Desde que pousou em Marte em 2012, o Curiosity tem como objetivo principal descobrir vestígios de condições que possam ter permitido a existência de vida microbiana no passado. Agora, ao atingir regiões mais elevadas do Monte Sharp, o rover explora camadas sedimentares que contam a história geológica do planeta.

O terreno ao redor do Portão do Diabo é particularmente instável — os blocos e sedimentos dificultam até mesmo o ato de estacionar o robô com segurança. Ainda assim, o avanço do Curiosity representa um marco: é a primeira vez que ele chega tão longe desde o início da missão.

E não para por aí. Em breve, a câmera ChemCam — equipada com um laser e sensores espectroscópicos — vai registrar imagens de uma área chamada Condor Peak, famosa por suas formações em “boxwork”, estruturas de veias entrelaçadas que lembram uma colmeia de pedra. A expectativa é que esse tipo de formação traga pistas valiosas sobre a presença de água em Marte no passado remoto.

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Robô da Nasa

O que está por trás da curiosidade marciana

O nome do rover não foi escolhido por acaso. “Curiosity” representa o espírito investigativo da missão, cujo arsenal tecnológico inclui brocas, câmeras de alta definição, espectrômetros e instrumentos de análise química. Um dos principais métodos de coleta é a perfuração de rochas e posterior análise dos pós minerais, permitindo aos cientistas entenderem a composição do solo marciano com extrema precisão.

Na travessia do Portão do Diabo, o robô não só coletou amostras, como também gerou uma imagem estéreo em mosaico, que permitirá aos cientistas montar um modelo tridimensional detalhado da área. O objetivo final é alcançar uma altitude suficiente para tirar uma foto panorâmica de todo o percurso percorrido até o momento — um verdadeiro diário visual da jornada do Curiosity.

Perspectivas para 2025

A empolgação dos cientistas da NASA é evidente. A região para onde o Curiosity se dirige contém formações geológicas que podem representar fases importantes da história marciana. Até o fim de 2025, a meta é examinar essas veias de rocha de perto e entender como elas se formaram — um passo essencial para reconstruir o passado do planeta.

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