Após meses de negociações, os Estados Unidos e a China concluíram um novo acordo comercial que prevê a retomada das exportações chinesas de minerais estratégicos.
A assinatura do pacto ocorreu em Genebra e foi confirmada por autoridades norte-americanas, marcando um novo capítulo nas relações econômicas entre as duas maiores economias do mundo.
De acordo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, o tratado foi formalizado dois dias antes do anúncio oficial e estabelece compromissos mútuos após um período de tensão comercial. Segundo ele, a China se comprometeu a retomar o envio de minerais raros, enquanto os EUA se prontificaram a suspender contramedidas aplicadas anteriormente.
Entre os desdobramentos imediatos está a dispensa da Siemens AG da obrigatoriedade de obter licenças especiais para atuar no mercado chinês.
A companhia alemã, referência mundial em softwares para design de semicondutores, informou que retomou integralmente suas operações com clientes chineses. Outras empresas do mesmo segmento, como a Cadence Design Systems e a Synopsys, não comentaram se receberam tratamento semelhante.
As chamadas terras raras são insumos fundamentais para a produção de equipamentos de alta tecnologia, incluindo turbinas eólicas, aeronaves, semicondutores e motores industriais.
Pelo novo entendimento, os EUA autorizarão o fornecimento à China de softwares de design para chips, etano e motores a jato, desde que haja liberação rápida por parte de Pequim para a exportação de minerais considerados críticos.
Um porta-voz da Casa Branca confirmou que os dois países validaram os termos discutidos nas reuniões na Suíça. Já a representação diplomática chinesa em Washington preferiu não se pronunciar, e o Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu aos questionamentos enviados até o momento.
A repercussão no mercado financeiro foi imediata. Bolsas asiáticas registraram alta, os índices futuros europeus avançaram e o índice global de ações atingiu novo pico, impulsionado pela perspectiva de maior estabilidade comercial entre EUA e China.
O secretário Lutnick também antecipou que o presidente Donald Trump tem a intenção de concluir, até 9 de julho, uma série de acordos com os principais parceiros comerciais do país.
O plano é organizar os tratados por áreas específicas, criando uma base para negociações futuras com outras nações. Trump sinalizou que as tratativas com a Índia estão em estágio avançado, enquanto o Japão demonstrou resistência à proposta norte-americana de impor tarifas de 25% sobre veículos.
Ryosei Akazawa, chefe da equipe japonesa de negociação, está em Washington e reiterou que o Japão não aceitará essas tarifas. Caso os acordos não sejam finalizados no prazo, Trump pretende enviar propostas diretas aos governos envolvidos, podendo aplicar tarifas unilaterais — as chamadas tarifas recíprocas — que podem alcançar até 50%. Essas medidas já haviam sido anunciadas anteriormente, mas estavam suspensas temporariamente para permitir espaço à negociação.
Apesar do avanço, o pacto entre EUA e China não contempla todos os pontos sensíveis da relação comercial entre os dois países. Questões como o combate ao tráfico de substâncias ilegais e o acesso pleno de empresas norte-americanas ao mercado chinês continuam em aberto.
A primeira rodada de negociações havia resultado em uma redução parcial de tarifas, mas foi seguida por acusações mútuas de descumprimento. Somente após novos encontros em Londres foi possível avançar no entendimento que agora conta com o aval do presidente Trump e do presidente Xi Jinping.
Lutnick enfatizou que o levantamento das contramedidas impostas pelos EUA depende da entrega efetiva dos minerais por parte da China. Nesta semana, o Departamento de Comércio norte-americano já autorizou o envio de etano para território chinês, embora o desembarque ainda exija aprovações adicionais.
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Estudante da área de saúde, Crysne Caroline Bresolin Basquera é especialista em produção de conteúdo local e regional, saúde, redes sociais e governos.