Na última quarta-feira (10), Elon Musk anunciou que a Neuralink, empresa cofundada por ele em 2016, retomará os implantes cerebrais em humanos. A decisão vem após a resolução de um problema que afetava a capacidade do primeiro paciente de mover o cursor de um computador com o pensamento. A empresa, que busca criar uma comunicação direta entre o cérebro e os computadores, visa inicialmente ajudar pessoas com tetraplegia a recuperarem sua autonomia.
A tecnologia desenvolvida pela Neuralink é baseada em um dispositivo do tamanho de cinco moedas empilhadas, que é implantado no cérebro por meio de cirurgia invasiva. Esse dispositivo permite que o usuário controle dispositivos eletrônicos apenas com a mente, prometendo, no futuro, “libertar o potencial humano”. A inovação tem como objetivo inicial devolver a autonomia a pessoas com necessidades médicas específicas, como os tetraplégicos.
Em janeiro de 2024, o primeiro implante cerebral foi realizado em Noland Arbaugh, um homem de 29 anos que ficou tetraplégico após um acidente de mergulho. Em março, a empresa divulgou um vídeo mostrando Noland jogando xadrez online usando apenas sua mente. No entanto, o sucesso inicial foi seguido por um contratempo técnico: alguns cabos revestidos de eletrodos retraíram-se, prejudicando a captação de sinais neurais e a capacidade de controlar o cursor.
A Neuralink, em maio, anunciou ter solucionado o problema, aprimorando o algoritmo para torná-lo mais sensível aos sinais neurais. Além disso, a empresa fez ajustes para garantir a implantação dos cabos em maior profundidade no cérebro, o que melhora a precisão e as capacidades dos pacientes. Segundo Musk, a meta é garantir “o máximo progresso possível entre cada paciente” na próxima fase de implementação.
Em maio de 2023, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) autorizou a Neuralink a realizar testes clínicos de seus implantes, um marco significativo para a empresa e para o campo da neurociência.
Elon Musk tem uma visão ambiciosa para a Neuralink, acreditando que a tecnologia poderá proporcionar “superpoderes” aos humanos. Ele destaca a importância de aumentar a largura de banda da conexão entre o cérebro e o computador, algo que considera essencial para a simbiose entre humanos e inteligência artificial. “Para a simbiose entre humanos e inteligência artificial, é muito importante poder se comunicar a uma velocidade que a IA possa acompanhar”, afirmou Musk.
A Neuralink representa uma fronteira revolucionária na interface cérebro-computador, com potencial para transformar a vida de pessoas com deficiências severas e, eventualmente, ampliar as capacidades humanas de forma significativa.
Embora a tecnologia da Neuralink seja promissora, ela também levanta importantes questões éticas. A invasividade do procedimento, a segurança a longo prazo dos dispositivos implantados e as implicações de uma integração tão estreita entre humanos e máquinas são tópicos que exigem cuidadosa consideração. Além disso, a perspectiva de “superpoderes” humanos traz à tona debates sobre desigualdade e a natureza do aprimoramento humano.
A próxima fase de testes clínicos será crucial para determinar a viabilidade e a segurança da tecnologia da Neuralink. Se bem-sucedida, poderá abrir caminho para uma nova era de interação homem-máquina, redefinindo os limites do que é possível para a neurociência e para a humanidade.