A selva densa da Amazônia boliviana, conhecida por sua impenetrável vegetação e mistérios milenares, acaba de revelar segredos que podem reescrever completamente nossa compreensão das civilizações antigas da América do Sul. Em uma descoberta que desafia as concepções anteriores sobre a região, cientistas encontraram estruturas monumentais, incluindo pirâmides de terra com até 22 metros de altura, ocultas entre as florestas do sudoeste da Bacia Amazônica.
Essas estruturas, atribuídas ao enigmático povo Casarabe, datam de aproximadamente 500 anos antes de Cristo até o ano 1400, desafiando a ideia de que a região era pouco habitada antes da chegada dos europeus.
O povo Casarabe, até recentemente apenas um sussurro entre os arqueólogos, emergiu das sombras graças a essas descobertas, iluminando uma cultura que floresceu na complexidade e na engenhosidade. As datações por radiocarbono dessas estruturas revelam uma civilização que não só construiu pirâmides impressionantes, mas também desenvolveu um urbanismo tropical singular, com grandes centros urbanos que se estendiam por mais de 100 hectares, equivalentes a três vezes o tamanho da Cidade do Vaticano.
Imagem ilustrativa
Tecnologia Lidar
A chave para desvendar esse passado esquecido foi a tecnologia Lidar, um método de sensoriamento remoto que utiliza lasers para mapear o terreno abaixo da densa cobertura vegetal. Graças a essa tecnologia, os pesquisadores puderam identificar não apenas as pirâmides, mas também quilômetros de estradas, calçadas, e uma infraestrutura maciça de gestão de água, incluindo canais e reservatórios, sugerindo uma paisagem profundamente alterada pela mão humana.
As descobertas desafiam a visão de longa data de que a Amazônia era uma “selva virgem” antes da chegada dos europeus, sugerindo em vez disso que era o lar de sociedades avançadas e densamente povoadas. Esses centros urbanos complexos, com suas pirâmides e terraços, apontam para uma forma de urbanismo tropical até agora não documentada na Amazônia, redefinindo nossas concepções sobre as capacidades e o estilo de vida dos povos antigos da região.
O enigma do desaparecimento dos Casarabes
Apesar das impressionantes revelações sobre a vida dos Casarabes, permanece o mistério sobre o que levou ao abandono desses assentamentos urbanos complexos. As evidências de extensas infraestruturas de gestão de água sugerem que mudanças ambientais, possivelmente períodos de seca, podem ter desempenhado um papel nesse enigma histórico, levantando novas questões sobre a adaptabilidade e a resiliência dessas antigas civilizações.
A descoberta das pirâmides Casarabe e dos complexos urbanos na Amazônia boliviana não é apenas um marco na arqueologia sul-americana, mas também um lembrete de que muito do nosso passado ainda está escondido, aguardando para ser descoberto. Essas revelações desafiam a narrativa de uma Amazônia inabitada e selvagem, mostrando em vez disso uma região vibrante e cheia de complexidade cultural. Conforme os pesquisadores continuam a desvendar os segredos dessas estruturas antigas, podemos esperar que nossa compreensão da história humana na Amazônia e em todo o mundo continue a evoluir, desafiando nossas percepções e inspirando novas gerações de exploradores e estudiosos.