Quebra da soja no Sul, o que esperar para os preços?

O mercado de soja brasileiro atravessa um cenário de pressão, com variações de preços e perdas significativas nas safras. Cada estado enfrenta desafios próprios, mas a constante nas negociações é a dificuldade causada pela oferta excessiva e os impactos climáticos. No Rio Grande do Sul, a situação segue acompanhando de perto a balança de preços, enquanto em outros estados, como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso, os efeitos da estiagem e das chuvas excessivas continuam a moldar a dinâmica da soja no país.

Rio Grande do Sul

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No Rio Grande do Sul, o mercado de soja se mantém atento às flutuações de preços, que seguem de perto as particularidades de cada região. Em cidades como Cruz Alta, Passo Fundo, Ijuí e Santa Rosa/São Luiz, o preço se estabilizou em torno de R$ 134,00 a R$ 135,00 por saca, com pagamentos programados para o final de fevereiro ou início de março. No entanto, os preços de soja de “pedra” (para venda direta ao produtor) em Panambi continuam a ser mais baixos, marcando R$ 126,00 por saca. Esses preços são influenciados por fatores internos, como a produtividade da safra e a oferta local.

Santa Catarina

Em Santa Catarina, a safra 2024/2025 de soja promete crescer 12,2%, atingindo 2,91 milhões de toneladas. No entanto, a situação externa não está favorecendo o estado. A baixa nos preços internacionais e a queda de 5,7% nas exportações, em volume, e 23% no faturamento, são grandes desafios para os produtores catarinenses. A superoferta de soja no mercado interno pressiona a competitividade da soja de Santa Catarina, que vê seus preços flutuarem entre R$ 132,29 e R$ 141,00 no porto de São Francisco. A falta de perspectivas de recuperação nos preços pode afetar a rentabilidade de muitos produtores.

Paraná

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O Paraná, que tradicionalmente é um dos maiores produtores de soja do país, também enfrenta dificuldades neste ciclo. Os negócios continuam lentos, com preços variando entre R$ 124,00 e R$ 133,00 por saca em diferentes regiões. Em Ponta Grossa, a liquidez foi extremamente baixa, com compradores distantes e vendedores com dificuldade de comercializar seus grãos. Em Maringá, os preços indicados para retirada imediata estavam em torno de R$ 124,42 por saca, mas novamente sem negócios concretizados. O quadro de incerteza econômica e a escassez de compradores têm dificultado as transações no mercado paranaense.

Mato Grosso do Sul e Mato Grosso

Mato Grosso do Sul enfrenta uma situação crítica devido à estiagem que afetou 38% das lavouras de soja. A qualidade da safra está comprometida, com 70% da produção apresentando qualidade ruim ou média. Embora as regiões do norte do estado estejam em melhor situação, a maior parte da produção está no sul, onde os impactos foram mais severos. A colheita já começou, e os preços oscilam entre R$ 115,89 e R$ 120,52 por saca, refletindo as dificuldades enfrentadas pelos produtores.

Enquanto isso, no Mato Grosso, o excesso de chuvas quebrou parte da safra, além de complicar ainda mais a logística. A preocupação com a capacidade de armazenagem é grande, já que a concentração do plantio na região pode resultar em uma colheita concentrada, o que aumentaria ainda mais os custos logísticos. Os preços em algumas cidades do estado, como Campo Verde (R$ 119,60), Lucas do Rio Verde (R$ 110,81) e Sorriso (R$ 113,47), permanecem pressionados para baixo, refletindo um mercado de baixa liquidez.

Um dos maiores desafios do mercado de soja no Brasil continua sendo a logística, que enfrenta sérias dificuldades em estados com grandes concentrações de produção, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A expectativa é de que os armazéns não consigam comportar toda a produção, o que gera incertezas e pressiona os preços para baixo. A concentração das lavouras e a falta de infraestrutura adequada fazem com que o processo de escoamento da produção seja ainda mais complicado, resultando em um mercado fragilizado e com negócios limitados.