Cientistas anunciaram que o núcleo da Terra está desacelerando, um fenômeno que levanta diversas questões sobre as implicações para nosso planeta. Pesquisas indicam que o ciclo de rotação do núcleo interno da Terra dura cerca de 70 anos. Vamos explorar o que isso significa e as possíveis consequências dessa descoberta intrigante.
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No coração da Terra, existe uma esfera de metal sólido que gira independentemente da rotação do nosso planeta, semelhante a um pião dentro de outro pião maior. Desde sua descoberta pela sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann em 1936, o núcleo interno tem sido um mistério para os cientistas. A velocidade e a direção de sua rotação têm sido objeto de debate por décadas.
Evidências sismológicas e a desaceleração do núcleo
A observação direta do interior profundo da Terra é impossível, o que complica o estudo do núcleo. Os sismólogos obtêm informações examinando como as ondas de grandes terremotos se comportam ao passar pelo núcleo. Diferenças nas ondas sísmicas em diferentes momentos permitem medir as mudanças na posição do núcleo interno e calcular sua rotação.
A hipótese de que o núcleo interno gira diferentemente do resto da Terra foi proposta nas décadas de 1970 e 1980, mas apenas nos anos 1990 as evidências sismológicas começaram a aparecer. No entanto, a interpretação desses dados gerou controvérsias, principalmente devido à dificuldade de obter observações detalhadas.
Um modelo recente, proposto em 2023, sugere que o núcleo, anteriormente girando mais rápido que a Terra, agora está desacelerando. Esse modelo foi apoiado por um estudo publicado na revista Nature em junho de 2023, que confirma a desaceleração e sugere um ciclo de 70 anos de desaceleração e aceleração do núcleo.
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O impacto do campo magnético
O núcleo interno, composto principalmente de ferro e níquel, é extremamente quente, com temperaturas próximas às da superfície do sol. O campo magnético da Terra influencia sua rotação. Alterações na velocidade de rotação do núcleo podem afetar o campo magnético, que protege nosso planeta da radiação solar prejudicial. Um núcleo girando mais lentamente pode impactar esse campo e encurtar ligeiramente a duração de um dia.
Observações sismológicas detalhadas
Para investigar o movimento do núcleo, os cientistas rastreiam ondas sísmicas de terremotos e testes nucleares. Estudos recentes analisaram ondas sísmicas de terremotos ocorridos entre 1991 e 2023, bem como testes nucleares soviéticos dos anos 1970. Essas observações revelaram mudanças na rotação do núcleo, confirmando o ciclo de 70 anos.
Os cálculos sugerem que o núcleo está prestes a começar a acelerar novamente nos próximos cinco a dez anos. No entanto, ainda há muitas incertezas devido à profundidade e inacessibilidade do núcleo interno. Estudos futuros serão essenciais para entender melhor esses processos complexos.
Conclusão
As descobertas sobre a desaceleração do núcleo interno da Terra são fascinantes, mas ainda não compreendemos completamente suas implicações. Mudanças na rotação do núcleo podem impactar o campo magnético da Terra e a duração dos dias, embora esses efeitos sejam imperceptíveis para a maioria das pessoas. Continuar a estudar o núcleo interno ajudará a desvendar os mistérios do interior profundo da Terra e sua influência nas camadas superficiais do nosso planeta.