Imagem: cedido por pesquisador ao jornal da USP/Marcelo Roberto Souto de Melo
Uma recente expedição liderada pelo Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP), originalmente planejada para estudar a vida marinha nas profundezas do oceano brasileiro, resultou em uma descoberta alarmante: vastas quantidades de lixo foram encontradas entre 200 e 1.500 metros de profundidade e a cerca de 200 km da costa de São Paulo e Santa Catarina. Esta pesquisa, pioneira em solo brasileiro, lança luz sobre uma realidade pouco explorada e preocupante: a poluição das profundezas oceânicas.
O estudo, publicado recentemente na renomada revista científica Marine Pollution Bulletin, revelou uma presença significativa de detritos marinhos em locais remotos e profundos do oceano. Surpreendentemente, em 31 dos locais de coleta, apenas três não apresentaram vestígios de poluição junto com os peixes capturados pelas redes da expedição.
O plástico emergiu como o material mais prevalente, seguido por metais, têxteis, vidro e tintas de embarcação. A presença densa de materiais como vidro, metal e concreto sugere que esses detritos podem estar há décadas no leito marinho, representando uma ameaça constante à saúde dos ecossistemas marinhos.
A descoberta destes detritos em profundidades tão remotas levanta preocupações significativas sobre os potenciais impactos ambientais e de saúde pública. A toxicidade do lixo marinho, especialmente as tintas de embarcações que contêm substâncias perigosas, representa uma ameaça direta à vida marinha e à segurança alimentar humana.
Imagem: Marine Pollution Bulletin
A presença de microplásticos, um fenômeno crescente nos oceanos globais, é ainda mais alarmante. Estas diminutas partículas de plástico, muitas vezes resultantes da degradação de grandes itens plásticos, podem ser ingeridas por organismos marinhos e, eventualmente, integradas à cadeia alimentar, representando riscos desconhecidos para a saúde humana.
Diante deste cenário preocupante, é imperativo que sejam tomadas medidas imediatas para mitigar os impactos da poluição marinha nas profundezas oceânicas. Novas pesquisas são essenciais para compreender melhor a extensão e os efeitos desta poluição sobre a vida marinha e os ecossistemas.
Especificamente, estudos adicionais serão realizados para investigar a contaminação por microplásticos em peixes e invertebrados das profundezas. Além disso, a conscientização pública sobre os perigos da poluição marinha e a implementação de políticas de gestão de resíduos mais eficazes são fundamentais para proteger os oceanos e garantir a saúde dos ecossistemas marinhos e da humanidade como um todo.
Em última análise, a descoberta de vastas quantidades de detritos marinhos nas profundezas do oceano brasileiro é um lembrete contundente da necessidade urgente de ação coletiva para preservar e proteger nossos preciosos recursos naturais para as gerações futuras.