Na madrugada da próxima terça-feira, 22 de abril, os céus do Brasil prometem um verdadeiro show cósmico. Trata-se do auge da chuva de meteoros Líridas, um fenômeno que, segundo o Observatório de Astronomia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), teve início no dia 14 e deve continuar até o final do mês, encerrando-se no dia 30. Mas é entre a noite de segunda-feira (21) e a madrugada de terça (22), por volta das 2h (horário de Brasília), que o espetáculo alcançará sua melhor performance.
Essa será a primeira grande chuva de meteoros do ano, marcando oficialmente a abertura da “temporada astronômica” de 2025. Durante o pico, os olhos atentos poderão captar até 18 meteoros por hora cruzando o céu noturno, cada um deles riscando a escuridão com um brilho veloz e fugaz.
Mas o que são essas luzes mágicas no céu? Os meteoros são fragmentos espaciais — minúsculos grãos de poeira e pedra — que entram na atmosfera terrestre em alta velocidade. Ao colidirem com o ar, sofrem aquecimento intenso e se incendeiam, criando aquelas trilhas luminosas que chamamos, poeticamente, de “estrelas cadentes”. Às vezes, chegam até a soltar faíscas, aumentando ainda mais o charme do fenômeno.
A chuva Lírida tem esse nome porque os meteoros parecem surgir da constelação de Lira, onde está localizada Vega — uma das estrelas mais brilhantes do céu. Apesar de ser considerada de intensidade moderada, ela é uma das mais antigas e consistentes já observadas pela humanidade, acontecendo sempre por volta de abril.
O evento tem origem nos detritos deixados pelo cometa Thatcher (C/1861 G1), que passa pelo Sistema Solar a cada 415 anos. Ao cruzar o caminho da Terra, esse “rastro cósmico” é responsável por encantar os observadores aqui embaixo com essas partículas em combustão.
Como ver a chuva de meteoros Líridas do Brasil?
Embora o hemisfério norte tenha uma visão mais privilegiada do fenômeno, os brasileiros também poderão apreciar o espetáculo. Os meteoros atingem a atmosfera a uma velocidade de aproximadamente 46 km por segundo, o que significa que mesmo um olhar rápido para o céu pode capturar momentos únicos.
Para ter a melhor experiência, o ideal é fugir da poluição luminosa. Lugares como parques, praias e áreas rurais são os mais indicados. Quanto mais escuro o ambiente e mais limpo o horizonte, melhor será a visibilidade. Ah, e nada de celular ou telas acesas! A luz artificial prejudica bastante a adaptação dos olhos à escuridão.
Outro fator importante: a Lua. Ela estará em fase minguante e com cerca de 40% da sua superfície iluminada, o que pode ofuscar alguns meteoros mais tênues. Mas isso não significa que a observação será impossível. Pelo contrário: os meteoros mais brilhantes ainda conseguirão se destacar.
Segundo a Unesp, o segredo está em olhar na direção nordeste e tentar localizar Vega. Para facilitar, dá para usar o Cruzeiro do Sul como referência: posicione-se de costas para ele e você estará de frente para o ponto de onde os meteoros parecerão emergir. Mas fique esperto — nem todos seguirão exatamente essa rota, então vale escanear bem o céu.
Paciência é a alma do observador de meteoros
E aqui vai a dica de ouro para quem está começando nesse universo da observação astronômica: tenha paciência. Não é como ligar uma TV e começar o show. Às vezes leva alguns minutos até o primeiro risco luminoso surgir. Mas quando vem… ah, vale a espera.
Portanto, prepare a cadeira de praia, leve uma mantinha (abril ainda pode ser fresco de madrugada), desligue o celular, ajeite o pescoço e contemple. A natureza, mais uma vez, está preparando um espetáculo de tirar o fôlego — e você tem um convite de primeira fila para assistir.
LEIA MAIS: Estrela “devora” planeta e revela segredos cósmicos