Paraná reforça prevenção contra meningite com redução de casos

A meningite é uma doença grave que pode causar sérias complicações, incluindo risco de morte, quando não diagnosticada e tratada rapidamente. Desde o início de 2024, o Paraná já registrou 857 casos de meningite, resultando em 72 óbitos. Apesar do número expressivo, o estado conseguiu reduzir em 27% a quantidade de casos em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) tem intensificado medidas preventivas, como a vacinação e a conscientização da população, para evitar novos surtos e proteger a saúde dos paranaenses.

Os números mais recentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) mostram que, até a semana epidemiológica 39 de 2024 (21/12/23 a 28/09/24), o Paraná registrou 857 casos de meningite. Esse número é inferior aos 1.173 casos confirmados no mesmo período de 2023, o que indica um progresso significativo nas ações de combate à doença. As medidas de prevenção e conscientização implementadas pela Sesa têm desempenhado um papel crucial na redução da incidência e na contenção de surtos.

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Entretanto, o número de óbitos permanece uma preocupação. Das 72 mortes registradas, nove ocorrereram em crianças com até cinco anos de idade, grupo que requer atenção redobrada devido à maior vulnerabilidade às infecções. O restante dos óbitos incluiu pacientes com idades entre 6 e 85 anos, distribuídos em 16 Regionais de Saúde do estado. A ocorrência em diversas faixas etárias ressalta a necessidade de medidas abrangentes para proteger toda a população.

De 2019 a 2023, o Paraná contabilizou 6.402 casos de meningite e 429 óbitos, evidenciando a gravidade da doença e a urgência de ações preventivas contínuas. Em resposta a esse cenário, a Sesa tem reforçado a importância da vacinação e da manutenção de hábitos de higiene, além de promover campanhas educativas em parceria com municípios e instituições de saúde.

A meningite é uma inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, conhecida como meninges. A doença pode ser causada por diferentes agentes etiológicos, como vírus, bactérias, fungos e parasitas, afetando pessoas de todas as idades, embora as crianças e idosos estejam entre os grupos mais suscetíveis.

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Os tipos mais comuns de meningite incluem:

  1. Meningite viral: É a forma mais comum e menos grave da doença, geralmente causada por enterovírus. Os sintomas são mais leves e incluem febre, dor de cabeça e rigidez na nuca. Na maioria dos casos, a meningite viral se resolve sozinha sem necessidade de tratamento específico.
  2. Meningite bacteriana: É a forma mais grave e pode causar complicações severas, como danos neurológicos permanentes e até óbito. Entre os principais agentes causadores estão o meningococo, pneumococo e Haemophilus influenzae tipo B. A meningite bacteriana requer tratamento imediato com antibióticos.
  3. Meningite fúngica: Menos comum, essa forma geralmente afeta pessoas com o sistema imunológico comprometido, como pacientes com HIV/AIDS ou câncer. O tratamento inclui o uso de antifúngicos.
  4. Meningite parasitária: Causada por parasitas, é rara e normalmente associada a regiões com saneamento básico precário. A prevenção envolve medidas de higiene e controle ambiental.

A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir a meningite. O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil oferece 19 imunizantes para crianças de até dois anos, cinco dos quais atuam especificamente na prevenção da doença. No Paraná, as vacinas são distribuídas gratuitamente nas Unidades de Saúde, e a cobertura vacinal para a meningite meningo C em crianças menores de dois anos é de 96,98%. Outros imunizantes importantes são a vacina pentavalente, com 89,58% de cobertura, e a Pneumo 10, com 86,63%.

O esquema de vacinação recomendado inclui:

  • BCG: Deve ser aplicada ao recém-nascido para prevenir formas graves de tuberculose, que pode afetar o sistema nervoso central.
  • Vacinas meningocócicas C e ACWY: Indicadas aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 12 meses e na adolescência, dos 11 aos 14 anos.
  • Pentavalente: Aplicada aos 2, 4 e 6 meses, protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B.
  • Pneumo 10: Aplicada aos 2 e 4 meses, com reforço aos 12 meses, previne doenças invasivas causadas por pneumococos.

Além da vacinação, outras medidas de prevenção incluem a manutenção de ambientes ventilados, boas práticas de higiene, lavagem frequente das mãos, cuidados na preparação dos alimentos e a etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar). É recomendável também evitar aglomerações em locais com ventilação inadequada e não compartilhar copos, talheres ou outros utensílios.

Os sintomas iniciais da meningite podem variar de acordo com o tipo de agente causador, mas os sinais mais comuns incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náuseas e vômitos. Em alguns casos, podem aparecer manchas na pele, conhecidas como petéquias, que indicam uma infecção grave. Nos bebês, os sintomas podem incluir irritabilidade, choro frequente, recusa alimentar e hipotermia.

O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento eficaz da meningite. Assim, ao apresentar sintomas suspeitos, é importante procurar atendimento médico imediatamente. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como hemograma completo e análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), coletado por punção lombar. A confirmação do tipo de meningite permite a escolha do tratamento adequado, que pode incluir antibióticos, antivirais ou antifúngicos, dependendo do agente causador.

O Dia Mundial de Combate às Meningites, celebrado no último sábado, teve como objetivo reforçar a conscientização sobre a doença e suas formas de prevenção. A data é parte de uma campanha global liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulada “O roteiro global para derrotar a meningite até 2030”. A iniciativa busca reduzir significativamente o número de casos e óbitos causados pela doença em todo o mundo, além de melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

O Paraná está alinhado com as diretrizes da OMS e tem intensificado as ações de controle e prevenção para alcançar as metas estabelecidas. Segundo o secretário de Estado da Saúde, César Neves, a redução de casos e mortes no estado é um reflexo desse compromisso. “Acompanhamos o cenário e no Paraná nosso trabalho se reflete nessa redução de casos e mortes”, afirma.