Do excesso de telas à crise econômica: entenda, com base em estudos recentes, por que a ansiedade explodiu e o que realmente ajuda a recuperar o equilíbrio emocional.
A sensação de peito apertado, mente acelerada e sono ruim deixou de ser uma exceção e virou quase regra no cotidiano de muitas pessoas. Em conversas entre amigos, no consultório de psicólogos e psiquiatras e até nas redes sociais, uma pergunta aparece com frequência crescente: afinal, por que estamos mais ansiosos? Especialistas analisam o comportamento atual e apontam que não se trata apenas de “frescura” ou “falta de força de vontade”, mas de um fenômeno multifatorial, que mistura contexto econômico, mudanças tecnológicas rápidas e formas novas de se relacionar com o mundo.
Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, após a pandemia de Covid-19, os diagnósticos de transtornos de ansiedade cresceram de forma significativa em vários países, incluindo o Brasil. A busca por termos como “crise de ansiedade”, “síndrome do pânico” e “como acalmar a mente” disparou nos mecanismos de pesquisa, mostrando que o problema está mais visível – e mais urgente. Ao mesmo tempo, nunca se falou tanto sobre saúde mental, autocuidado e psicoterapia, o que abre espaço para uma discussão mais madura e responsável.
Este artigo aprofunda o tema “Por que estamos mais ansiosos? Especialistas analisam o comportamento atual” em três frentes: o contexto social e econômico, o impacto das tecnologias e o papel das relações pessoais e do estilo de vida. O objetivo é oferecer uma análise clara, embasada e acessível, com foco no leitor que quer compreender o cenário e encontrar caminhos possíveis de cuidado.
A ansiedade como expressão de um tempo acelerado
Ansiedade deixou de ser exceção: o que os números mostram
Nos últimos anos, organismos internacionais e institutos de pesquisa têm registrado aumento expressivo dos transtornos de ansiedade. Relatórios da OMS apontam que, após 2020, houve crescimento relevante nos índices de ansiedade e depressão em escala global, associado a fatores como isolamento social, luto, insegurança econômica e mudanças bruscas na rotina. Esses números ajudam a desfazer a ideia de que se trata apenas de um “mau humor passageiro” e reforçam a necessidade de encarar a saúde mental como prioridade de saúde pública.
Especialistas explicam que a ansiedade, em níveis moderados, é uma emoção normal e até necessária para a sobrevivência, pois prepara o organismo para lidar com desafios. O problema começa quando essa resposta se torna intensa, frequente e desproporcional, funcionando como um alarme que dispara o tempo todo, mesmo quando não há perigo real. Nesse ponto, ela passa a comprometer o sono, a concentração, o desempenho no trabalho, os relacionamentos e a qualidade de vida.
Contexto econômico e incertezas constantes
Medo do futuro e pressão por desempenho
Um dos eixos centrais para entender por que estamos mais ansiosos, segundo especialistas, é o ambiente de incerteza econômica e social. Em muitos países, inclusive o Brasil, uma parcela significativa da população convive com instabilidade no emprego, renda apertada, endividamento e dificuldade para planejar o futuro. A combinação de custo de vida elevado, competição por vagas e medo de perder o trabalho aumenta a sensação de ameaça constante.
Essa insegurança influencia diretamente a mente. Quando o indivíduo não sabe se conseguirá pagar as contas, sustentar a família ou manter o padrão de vida, o cérebro interpreta a situação como risco permanente. Isso aciona, com frequência, o chamado “modo de alerta”, característico da ansiedade. Psicólogos apontam que, nesse contexto, não é raro encontrar pessoas com pensamentos recorrentes de catástrofe, imaginando cenários extremos mesmo em situações corriqueiras.
Comparação social e cobrança interna
Outro ponto destacado por profissionais da saúde mental é o aumento da comparação social. Em uma sociedade que valoriza produtividade, sucesso financeiro e visibilidade, muitas pessoas sentem que estão “ficando para trás”. Essa percepção aparece tanto em adultos, pressionados por metas e resultados, quanto em jovens, que se veem obrigados a decidir rapidamente sua carreira e a “dar certo” em um mundo competitivo.
A comparação constante alimenta a autocrítica e a sensação de insuficiência. Quando a pessoa acredita que “nunca é o bastante”, cada desafio pode ser percebido como ameaça à própria identidade. A ansiedade, nesse cenário, não vem apenas do que acontece fora, mas também das exigências internas, muitas vezes rígidas e punitivas.
O papel das telas: redes sociais, excesso de informação e mente sobrecarregada
Notificações sem pausa e cérebro em alerta contínuo
Um dos fatores mais discutidos por especialistas na tentativa de explicar por que estamos mais ansiosos é o uso intenso de telas. Celulares, computadores, tablets e televisores fazem parte do cotidiano, mas o problema não está apenas na presença da tecnologia, e sim na forma como ela é usada.
A cada notificação, mensagem ou alerta, o cérebro recebe um pequeno estímulo que o leva a alternar rapidamente o foco de atenção. Ao longo do dia, isso se repete dezenas ou centenas de vezes. Esse padrão de funcionamento impede o descanso mental e cria a sensação de que sempre há algo pendente: uma resposta atrasada, um e-mail ainda não lido, uma notícia urgente, um vídeo novo para assistir. Esse fluxo contínuo pode elevar o nível basal de ansiedade, pois o organismo não se permite entrar em estado de relaxamento profundo.
Redes sociais, comparação e “vida perfeita”
Expectativas irreais e autoimagem fragilizada
As redes sociais contribuem de maneira importante para o aumento da ansiedade. Ao rolar o feed, o usuário vê uma sequência de momentos recortados: viagens, conquistas, relacionamentos aparentemente estáveis, corpos dentro de padrões específicos. Embora as pessoas saibam, racionalmente, que aquilo é uma seleção de cenas, emocionalmente é comum que surja a comparação direta.
Especialistas em psicologia alertam que essa comparação constante pode gerar sentimentos de inadequação, inveja, culpa e baixa autoestima. A pessoa passa a se perguntar por que sua vida parece menos interessante, por que não alcançou as mesmas metas ou por que não corresponde aos padrões de beleza mais divulgados. Esse conflito interno alimenta a ansiedade e pode desencadear comportamentos de compulsão, como consumo excessivo, dietas radicais ou busca por reconhecimento a qualquer custo.
Excesso de notícias e sensação de mundo em crise permanente
O fluxo constante de informações também tem impacto direto sobre a saúde mental. Notícias sobre conflitos, desastres, crises políticas, violência e desastres naturais chegam em tempo real, muitas vezes sem contexto ou filtro. Quando consumidas em grande volume, essas informações podem gerar um sentimento de impotência e insegurança generalizada.
Psiquiatras apontam que o cérebro humano não foi preparado para lidar com tantas ameaças simbólicas ao mesmo tempo. Mesmo que os acontecimentos estejam geograficamente distantes, o organismo reage emocionalmente, como se tudo estivesse acontecendo ao lado de casa. Em pessoas mais sensíveis, esse bombardeio informativo pode aumentar sintomas de ansiedade, insônia e irritabilidade, especialmente quando não há pausas ou estratégias para selecionar o que realmente importa.
Estilo de vida, relações pessoais e caminhos de cuidado
Rotina fragmentada, sono ruim e sedentarismo
Um ponto frequentemente citado por médicos e psicólogos ao explicar por que estamos mais ansiosos é a qualidade do estilo de vida contemporâneo. Muitas pessoas dormem menos do que o recomendado, mantêm uma alimentação irregular, passam horas sentadas e têm pouco contato com espaços ao ar livre. Esses fatores, combinados, criam um terreno fértil para o aumento da ansiedade.
O sono, em especial, desempenha papel central. É durante a noite que o cérebro consolida memórias, regula hormônios e “organiza” emoções. Quando a pessoa dorme tarde, acorda cedo e não descansa de forma adequada, o organismo tende a ficar mais reativo, com menor tolerância ao estresse. O resultado, no dia seguinte, é uma mente mais agitada, suscetível a preocupações e pensamentos repetitivos.
Solidão, vínculos frágeis e necessidade de pertencimento
Conectados o tempo todo, mas nem sempre próximos
Embora a comunicação digital tenha ampliado a possibilidade de contato, vários estudos indicam aumento da sensação de solidão em diferentes faixas etárias. A ausência de conversas profundas, o distanciamento físico de familiares e amigos e a falta de espaços de convivência segura contribuem para a percepção de isolamento.
A ansiedade, nesse contexto, surge tanto pela falta de apoio emocional quanto pela dificuldade de compartilhar medos e dúvidas. Especialistas ressaltam que relações de confiança funcionam como proteção psicológica, pois permitem dividir responsabilidades, buscar aconselhamento e sentir-se acolhido. Quando isso não ocorre, o indivíduo tende a carregar tudo sozinho, o que aumenta a sobrecarga emocional.
Quando procurar ajuda profissional
Nem toda ansiedade exige intervenção clínica, mas é importante saber identificar sinais de alerta. Entre eles, estão: crises de falta de ar, palpitações frequentes, pensamentos catastróficos persistentes, medo intenso de situações comuns, insônia recorrente e prejuízo claro em áreas importantes da vida, como trabalho, estudos e relacionamentos.
Nesses casos, a recomendação de especialistas é buscar avaliação profissional com psicólogo e, se necessário, psiquiatra. A psicoterapia oferece ferramentas para reorganizar pensamentos, trabalhar emoções e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis. Em algumas situações, o uso de medicação pode ser indicado por tempo determinado, sempre sob acompanhamento médico.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Ansiedade é sempre considerada uma doença?
Não. A ansiedade, em níveis moderados, é uma emoção normal e funcional, que prepara o corpo para lidar com desafios. Ela passa a ser considerada um transtorno quando é intensa, frequente, difícil de controlar e causa prejuízos na vida cotidiana, como insônia, dificuldade de concentração, crises físicas e afastamento social.
2. O uso de redes sociais realmente aumenta a ansiedade?
Para muitas pessoas, sim. O uso excessivo, a comparação com outras vidas aparentemente “perfeitas”, o fluxo constante de notícias e a sensação de estar sempre atrasado ou desconectado podem elevar os níveis de ansiedade. Estabelecer limites de tempo de tela e selecionar conteúdos consumidos é uma estratégia importante de cuidado.
3. Quais são os principais sintomas de um transtorno de ansiedade?
Os sintomas podem incluir preocupações intensas e persistentes, sensação de perigo iminente, taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, tensão muscular, irritabilidade, insônia e dificuldade para relaxar. Em crises de pânico, esses sinais podem ser ainda mais intensos, levando a sensação de que algo grave está prestes a acontecer.
4. Mudanças no estilo de vida podem ajudar a reduzir a ansiedade?
Sim. Sono de boa qualidade, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, diminuição do consumo de álcool e cafeína e momentos de descanso longe das telas são medidas que, em conjunto, atuam diretamente na redução da ansiedade. Embora não substituam tratamento profissional quando necessário, funcionam como pilares de prevenção e cuidado contínuo.
5. Quando é o momento certo de procurar um psicólogo ou psiquiatra?
O momento certo é quando a pessoa percebe que não está conseguindo lidar sozinha com os sintomas, quando a ansiedade começa a comprometer o desempenho no trabalho ou nos estudos, prejudicar relacionamentos, afetar o sono de forma recorrente ou gerar sofrimento intenso. Nesses casos, buscar ajuda profissional é um gesto de responsabilidade consigo mesmo, e não um sinal de fraqueza.
Conclusão
Responder à pergunta “Por que estamos mais ansiosos? Especialistas analisam o comportamento atual” exige olhar atento para vários fatores que se entrelaçam: instabilidade econômica, uso intenso de telas, excesso de informação, comparação social e rotinas cada vez mais fragmentadas. A ansiedade, nesse cenário, funciona como um termômetro do tempo em que vivemos, apontando para a necessidade de ajustes individuais e coletivos. Reconhecer o problema é o primeiro passo para buscar apoio e construir hábitos mais equilibrados, que incluam sono adequado, limites para o uso de tecnologia, vínculos afetivos consistentes e, quando necessário, ajuda profissional.
Para quem deseja aprofundar o tema, acompanhar histórias reais, análises e conteúdos de serviço sobre saúde mental, informação de qualidade é indispensável. O Jornal da Fronteira segue como uma referência regional para entender não apenas os números, mas também as pessoas e os contextos que moldam esse cenário, oferecendo reportagens e artigos que ajudam o leitor a se informar e a se cuidar com mais consciência.

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