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Por que certos filmes parecem um abraço? A ciência surpreendente por trás dos “comfort movies”

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Alguns filmes vão além do entretenimento: tornam-se refúgios emocionais. São os chamados comfort movies, produções que revisitamos para aliviar o cansaço, a solidão ou o estresse. Após períodos de instabilidade global, esse hábito ganhou força como uma forma de autocuidado. A ciência explica que rever histórias conhecidas estimula memórias afetivas e ajuda a equilibrar emoções. Assim, certos filmes funcionam como um abraço emocional — simples, familiares e terapeuticamente reconfortantes.

O cinema que acolhe: quando a tela vira refúgio emocional

O cinema não é apenas entretenimento. Para muitos, é companhia, aprendizado e, acima de tudo, escape. Os chamados “comfort movies” geralmente são filmes que já conhecemos de cor, cujas falas se entrelaçam à nossa memória afetiva. Há quem recorra a comédias românticas, quem prefira animações clássicas ou quem se identifique com histórias sobre amizade e superação.
O que eles têm em comum? Não causam tensão extrema, não nos deixam ansiosos e nos oferecem a garantia de que tudo vai terminar bem. Em um mundo imprevisível, essa previsibilidade é um alívio.

Segundo psicólogos, o ser humano encontra conforto naquilo que reconhece. A familiaridade reduz o estresse e desperta sensação de segurança. É como voltar a um lugar onde já fomos felizes. Um filme que marcou determinado momento da vida passa a carregar uma espécie de aroma emocional — uma lembrança boa que se renova a cada sessão.

A ciência do aconchego: o cérebro adora repetição

Estudos da Universidade de Chicago indicam que revisitar histórias conhecidas estimula neurotransmissores ligados ao prazer e ao relaxamento, como dopamina e serotonina. Quando a mente não precisa decifrar novidades, ela descansa.
O cérebro encontra paz no óbvio. E isso não é defeito: é sobrevivência.

Além disso, o desfecho previsível afasta riscos emocionais. Não há medo de frustrações, perdas chocantes ou sustos inesperados. A narrativa segue o fluxo que já conhecemos, permitindo que o espectador se entregue com leveza.

Esse mecanismo é especialmente benéfico em tempos de ansiedade. Pesquisadores chamam esse efeito de “recomforting repetition”: o abraço emocional que vem da repetição de experiências prazerosas.

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Nostalgia: a ponte entre quem fomos e quem somos

Grande parte dos comfort movies está conectada à infância ou a fases simples da vida. A nostalgia é uma força poderosa — uma máquina do tempo psicológica.
Quando assistimos novamente ao filme que víamos no sofá da casa da avó ou naquele período de férias inesquecível, nossa mente reativa emoções que estavam guardadas.
Não se trata apenas de lembrar da história do filme, mas de lembrar de nós mesmos.

Pesquisas da American Psychological Association mostram que a nostalgia fortalece autoestima, senso de continuidade e bem-estar. Ela nos lembra que já vivemos bons momentos — e que podemos vivê-los outra vez.
Filmes como “O Rei Leão”, “Harry Potter”, “De Repente 30”, “Uma Linda Mulher”, entre tantos outros, funcionam como cápsulas emocionais que protegem nossa sensibilidade.

O afeto está nos detalhes: o ritual do conforto

O valor do comfort movie vai além da obra em si. Muitas vezes, ele envolve rituais pessoais: fazer pipoca, se enrolar em um cobertor, deitar no sofá favorito, convidar alguém especial para assistir junto.
Esse conjunto transforma o ato de ver um filme em autocuidado.
E autocuidado é, hoje, um dos pilares mais buscados da saúde mental.

Os personagens se tornam amigos, as histórias se tornam parte de quem somos. Quando o mundo se mostra confuso, encontrar refúgio em algo que nos fez sorrir é uma forma legítima de resistência emocional.

Cinema para curar: a psicologia do alívio

Alguns filmes conseguem acessar o que a terapia chama de “regulação emocional”. Eles nos ajudam a lidar com sentimentos difíceis oferecendo um espaço seguro para transformá-los.
Uma comédia leve pode amenizar tristeza.
Uma história sobre recomeço pode inspirar esperança.
Uma trama sobre amor pode resgatar sensações quase extinguíveis.

Além disso, rir — mesmo com piadas já conhecidas — reduz o cortisol, hormônio do estresse. Já as tramas que emocionam podem liberar lágrimas que limpam o que estava preso dentro da mente.

Assistir a um comfort movie é uma forma de comunicação com o íntimo: um lembrete de que ainda existe beleza acessível.

O streaming transformou a cura em hábito

Plataformas como Netflix, Disney+ e Globoplay tornaram o acesso aos comfort movies praticamente infinito.
Você pode assistir ao mesmo filme três vezes na mesma semana sem esforço. As telas se tornaram proteção imediata contra a exaustão diária.
E isso explica por que, durante a pandemia, filmes leves dispararam em audiência no mundo inteiro. O cinema virou terapia em casa.

O que torna um comfort movie realmente eficaz?

Embora os gostos variem, pesquisadores identificaram três elementos comuns:

História positiva — finais felizes ou reconfortantes
Identificação emocional — personagens que parecem reais
Baixa tensão dramática — segurança narrativa garantida

Quando esses elementos se combinam, o cérebro entende: “Aqui posso descansar”.

É como ouvir de alguém querido: “Vai dar tudo certo”.

Um fenômeno universal e profundamente humano

O comfort movie tem um significado coletivo. Compartilhamos títulos que marcaram gerações e que continuam emocionando.
Mas também possui um valor íntimo: cada pessoa tem seu filme favorito para dias ruins.
Ele é aconchegante porque nos lembra que ainda somos capazes de sentir coisas boas.
E sentir faz parte da vida.

Conclusão

Alguns filmes ultrapassam o simples papel de entretenimento e se transformam em refúgio emocional. Eles nos acolhem com histórias familiares, despertam lembranças de tempos tranquilos e ajudam a restaurar o equilíbrio mental. Esses “comfort movies” trazem um tipo de terapia leve e silenciosa: o riso espontâneo, o afeto da nostalgia e o conforto de finais previsíveis que aquecem o coração. Rever essas produções é uma forma de autocuidado, que conecta emoções e memórias positivas. O cinema, nesse sentido, mostra seu poder humano — capaz de curar, reconfortar e renovar o ânimo em meio à correria do cotidiano.

Por que certos filmes parecem um abraço? A ciência surpreendente por trás dos “comfort movies”

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