A planície de Salisbury acaba de ganhar novos elementos na investigação sobre o passado pré-histórico da Grã-Bretanha. Pesquisadores encontraram poços profundos e estrategicamente alinhados ao redor de Stonehenge, indicando que a região abrigava práticas ritualísticas complexas muito antes da construção do famoso círculo de pedras. As estruturas, organizadas em padrões geométricos e escavadas manualmente, revelam que o território era ocupado e reinterpretado por diferentes comunidades ao longo de milênios.
Segundo os especialistas, os poços não são formações naturais, mas obras humanas concebidas com objetivos específicos. Suas bordas regulares e sinais de reescavações sugerem que eram utilizados repetidamente, possivelmente como referências territoriais, pontos cerimoniais ou marcadores de orientação vinculados a rituais. Fragmentos orgânicos encontrados em algumas dessas cavidades podem oferecer datas mais precisas sobre fases pouco conhecidas do desenvolvimento daquele assentamento.
A descoberta reforça uma visão mais ampla do monumento: Stonehenge não era uma estrutura isolada, mas parte de um complexo sagrado que incluía rotas processionais, enterramentos, círculos menores e, agora, uma rede subterrânea. Isso amplia a compreensão de que o local funcionava como centro social e espiritual, atraindo povos que marcavam ciclos sazonais e realizavam cerimônias coletivas. A escavação dos poços, que exige planejamento e trabalho coordenado, indica também elevado grau de organização social e conhecimento técnico entre os grupos neolíticos e da Idade do Bronze que ocuparam a área.
Ainda em estudo, os achados são considerados um dos maiores avanços recentes sobre Stonehenge. Cada novo poço analisado ajuda a reconstruir um território simbólico capaz de refletir visões de mundo complexas. O que se revela não é apenas um monumento de pedras enigmáticas, mas um vasto mapa espiritual criado por sociedades cujo legado ainda continua a ser decifrado.
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