A Usina Hidrelétrica de Itaipu, localizada no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, é um dos maiores empreendimentos de engenharia do mundo. A construção da usina foi resultado de uma série de acordos e tratados entre os dois países, culminando na criação da Itaipu Binacional em 1974.
As obras, iniciadas em 1975, envolveram milhares de trabalhadores e consórcios de empresas de ambos os países. Em 1984, Itaipu começou a gerar energia, trazendo benefícios econômicos e ambientais significativos para Brasil e Paraguai.
A construção da Usina de Itaipu Binacional foi precedida por importantes acordos e tratados entre Brasil e Paraguai, que estabeleceram as bases para a cooperação e execução do projeto.
Índice:
Formação da Itaipu Binacional
A fundação de Itaipu foi em 17 de maio de 1974, dia em que foram empossados o conselho de administração e a diretoria executiva, com formação semelhante nos dois países. A Itaipu Binacional foi criada para gerenciar a construção da usina e garantir a cooperação entre Brasil e Paraguai.
A formalização do empreendimento se deu com a assinatura do Tratado de Itaipu em 1973, que estabeleceu os pontos para o financiamento da obra e a operação da empresa, num modelo de sociedade binacional, pertencente às duas nações em partes iguais.
Consórcios Envolvidos
O início efetivo das obras ocorreu em janeiro de 1975. Um consórcio de construtoras, liderado pela Andrade Gutierrez, executou o projeto. A colaboração entre diversas empresas foi essencial para a realização de uma obra dessa magnitude.
Início das obras
A autorização para o início das obras foi dada pelo governo em uma cerimônia oficial. As primeiras escavações começaram logo após, com a remoção de grandes volumes de terra e rocha para preparar o terreno.
Desvio do Rio Paraná
Uma das etapas mais desafiadoras foi o desvio do Rio Paraná. Para isso, foi necessário construir um canal provisório que permitisse a continuação das obras sem a interferência do fluxo natural do rio. Este desvio foi crucial para a construção da barragem principal.
Construção da barragem
A construção da barragem envolveu a utilização de milhões de metros cúbicos de concreto. A barragem foi erguida em etapas, com a concretagem sendo realizada de forma contínua para garantir a estabilidade da estrutura. A montagem das unidades geradoras começou em 1981, quando a concretagem estava quase pronta.
Formação do Reservatório
Em outubro de 1982, a barragem é terminada, e o desvio é fechado, para que se forme o reservatório. É iniciada uma operação com o objetivo de salvar os animais que vivem na área que está sendo inundada. Mais de 36 mil animais foram salvos na operação que recebeu o nome de Mymba Kuera, que significa “pega-bicho” em tupi-guarani. Mas o impacto da intervenção do homem na natureza não pode ser ignorado.
Abertura do vertedouro
Após 14 dias de chuvas fortes, as águas do Rio Paraná enchem o reservatório, que alcança um tamanho equivalente a quatro vezes o tamanho da Bacia da Guanabara. No entanto, do outro lado da barragem, a população ribeirinha e os moradores de Foz do Iguaçu assistem ao esvaziar do Rio, represado para o alagamento.
O enchimento do reservatório interfere na vida de milhares de pessoas que habitam nas margens do Rio Paraná entre Foz do Iguaçu e Guaíra. Os moradores de Foz veem o rio esvaziar a jusante da barragem, por causa do fechamento das comportas, enquanto Guaíra lamenta o alagamento das Sete Quedas.
Início da geração de energia
A montagem das unidades geradoras da Usina de Itaipu começou em 1981, quando a concretagem estava quase pronta. As peças importadas, como a primeira roda de turbina, demoraram quase três meses para percorrer o trecho entre São Paulo e o canteiro de obras. A primeira unidade geradora entrou em operação em 1984, marcando o início da geração de energia na usina.
Crescimento da produção
Desde então, a usina hidrelétrica de Itaipu, empreendimento binacional compartilhado por Brasil e Paraguai, já gerou mais de 3 bilhões de megawatts-hora (MWh). A produção anual de energia aumentou significativamente ao longo dos anos, conforme mostrado na tabela abaixo:
Ano | Unidades Instaladas | GWh Produzidos |
---|---|---|
1984 | 0–2 | 277 |
1985 | 2–3 | 6,327 |
1986 | 3–6 | 21,853 |
1987 | 6–9 | 35,807 |
1988 | 9–12 | 38,508 |
1989 | 12–15 | 47,230 |
1990 | 15–16 | 53,090 |
1991 | 16–18 | 57,517 |
1992 | 18 | 52,268 |
1993 | 18 | 59,997 |
1994 | 18 | 69,394 |
1995 | 18 | 77,212 |
1996 | 18 | 81,654 |
1997 | 18 | 89,237 |
1998 | 18 | 87,845 |
1999 | 18 | 90,001 |
2000 | 18 | 93,428 |
2001 | 18 | 79,307 |
2002 | 18 | 82,914 |
2003 | 18 | 89,151 |
2004 | 18 | 89,911 |
2005 | 18 | 87,971 |
Em 2004, quando completou 20 anos de atividade, a usina já havia gerado energia suficiente para abastecer o mundo durante 36 dias.
Impactos econômicos e ambientais
A Usina de Itaipu Binacional trouxe inúmeros benefícios econômicos para o Brasil e o Paraguai. A geração de energia a partir da usina permitiu uma redução significativa nos custos de eletricidade, impulsionando o desenvolvimento industrial e econômico de ambos os países. Além disso, a usina é uma importante fonte de royalties, que são revertidos em investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
A Itaipu Binacional promove a união entre economia e desenvolvimento sustentável, sendo um exemplo de cooperação internacional bem-sucedida.
Contribuição para energia limpa
A Itaipu Binacional é uma das maiores geradoras de energia limpa e renovável do mundo. A usina evita a emissão de milhões de toneladas de CO2 anualmente, contribuindo significativamente para a redução do impacto ambiental. Além disso, a Itaipu exige que seus fornecedores compartilhem seu compromisso social e ambiental, promovendo práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos.
- Redução de emissões de CO2
- Promoção de práticas sustentáveis
- Geração de energia renovável
Fases da construção
A construção da Usina de Itaipu Binacional foi um empreendimento monumental, dividido em várias fases ao longo de décadas. Cada fase teve suas particularidades e desafios, contribuindo para a grandiosidade do projeto final.
Fase 1: 1975 a 1978
Nesta fase inicial, ocorreram as primeiras escavações e a instalação do canteiro industrial. As principais atividades incluíram:
- Escavação do canal de desvio do rio Paraná
- Construção da barragem de enrocamento
- Instalação do canteiro industrial
- Execução da estrutura de controle, das ensecadeiras principais e do desvio efetivo do rio de seu leito natural
Fase 4: 1984
A inauguração oficial da usina ocorreu em 1984, marcando um ponto crucial no projeto. Esta fase foi caracterizada pela conclusão de várias estruturas essenciais e pelo início da operação de algumas unidades geradoras.
Fase 5: 1986 a 1991
Durante esta fase, houve um foco na expansão da capacidade de geração de energia. As atividades principais incluíram:
- Instalação de novas unidades geradoras
- Otimização das estruturas existentes
- Implementação de tecnologias avançadas para melhorar a eficiência
Histórias dos barrageiros
O Jornal da Fronteira conversou com dois aposentados que trabalharam na época da construção de Itaipu. Dos mais de 120 trabalhadores que passaram na época, sete deles trabalham hoje para a Itaipu Binacional, contando histórias das obras aos turistas.
Eles são chamados de “barrageiros” (homens que trabalharam na construção da barragem). Antonio e João chegaram muito jovens, um com 20 e outro com 25 anos, movidos pela vontade de ganhar de dinheiro.
“Na época, trabalhar na construção da Usina de Itaipu era uma oportunidade para pessoas como nós, homens jovens oriundos de cidades carentes de trabalho, pois aqui ganhava-se muito bem. Muita gente veio de outros estados, assim como nós. Trabalhamos aqui durante mais de 15 anos, na construção da obra, casamos aqui, estabelecemos família e se fixamos aqui, e permanecemos até hoje”, contaram eles.
João acrescentou apesar do grande número de trabalhadores, cerca de 40 mil atuando simultaneamente, a organização era extraordinária. Segundo ele, eram várias construtoras, cada uma encarregada de uma parte da obra.
“Cada pessoa tinha uma missão, para uma obra monumental, uma força de trabalho com 40 mil pessoas, alinhadas com o mesmo pensamento, produz um efeito igualmente impressionante. Se acontecesse de alguém jogar uma bituca de cigarro no concreto, o serviço era interrompido, até que isso fosse retirado, para não provocar um ponto de fraqueza na barragem, em um futuro distante. O concreto que ia para a barragem tinha que ser puro, misturado com o gelo, para se transformar em uma verdadeira pedra, realmente sólido”, relatou ele.
Os pioneiros de Itaipu contaram ainda como era a vida dos barrageiros, durante as obras.
“Não era fácil, pois quando começamos estávamos no meio do nada, era só mato e um rio. Começamos a trabalhar no desvio do rio, e isso levou três anos, escavando nas pedras. Era uma vida de muito trabalho, e o trabalho, por maior que fosse, era muito organizado. Todos ganhavam muito bem, então a gente se superava”, relataram os pioneiros.
Os antigos barrageiros acrescentaram ainda que na época das obras muitos outros negócios paralelos foram surgindo na região.
“A concentração de milhares de homens nas obras, trouxe também muitos bares por aqui. Com isso, apesar de muitos ganharem bem, gastavam quase tudo depois nos bares e outras diversões. Naquela época, também, apareceram por aqui alguns para emprestar dinheiro aos trabalhares. Engraçado observar que a nobre construção de Itaipu, naquela época, desencadeou o surgimento de inúmeros outros negócios paralelos, não tão nobre quanto”, relataram.
A construção da Usina de Itaipu Binacional é um marco histórico e um exemplo de cooperação internacional entre Brasil e Paraguai. Desde a assinatura da Ata do Iguaçu em 1966 até a inauguração da usina em 1984, o projeto envolveu um esforço monumental de engenharia e a colaboração de milhares de trabalhadores de ambos os países.
A usina não só se tornou uma das maiores do mundo, mas também trouxe benefícios econômicos significativos e contribuiu para a geração de energia limpa e renovável. A história de Itaipu é um testemunho do que pode ser alcançado quando nações trabalham juntas em prol de um objetivo comum.
Perguntas frequentes
O que é a Ata do Iguaçu?
A Ata do Iguaçu é um documento assinado em 22 de junho de 1966 por ministros do Brasil e do Paraguai, no qual os dois países se comprometeram a estudar o aproveitamento dos recursos hidráulicos presentes entre os dois países.
Quando foi criada a Itaipu Binacional?
A Itaipu Binacional foi criada em 17 de maio de 1974 para gerenciar a construção da usina.
Quando começaram as obras da Usina de Itaipu?
As obras da Usina de Itaipu começaram efetivamente em janeiro de 1975.
Qual a importância do Tratado de Itaipu?
O Tratado de Itaipu, assinado em 1973, estabeleceu as bases para a construção da usina e determinou que cada país teria direito a 50% da energia produzida.
Quando a primeira unidade geradora de Itaipu entrou em operação?
A primeira unidade geradora de Itaipu entrou em operação em 5 de maio de 1984.
Quais foram os benefícios da Usina de Itaipu para o Brasil e o Paraguai?
A Usina de Itaipu trouxe benefícios econômicos significativos para ambos os países e contribuiu para a geração de energia limpa e renovável.
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