Descoberta incrível: Pinturas rupestres apontam a existência de cobras gigantes no passado remoto da América do Sul

Pesquisadores fizeram uma descoberta fascinante nas margens do Alto e Médio Rio Orinoco, região que abrange partes da Venezuela e Colômbia. Pinturas rupestres monumentais, incluindo uma representação de uma cobra gigante, lançam luz sobre aspectos culturais, espirituais e ecológicos de antigas civilizações sul-americanas. O estudo, publicado na revista Antiquity, revela que essas gravuras, com mais de dois mil anos, possuem um profundo significado histórico e cultural.

A imagem da cobra, encontrada entre várias outras pinturas rupestres, destaca-se como a maior gravura monumental já registrada. Representando espécies como anacondas e jiboias, esses desenhos não apenas impressionam pelo tamanho, mas também pela técnica e detalhamento.

Para os arqueólogos, esses animais desempenhavam papéis centrais na mitologia e na cosmologia de povos indígenas que habitavam a região.

Essas serpentes gigantes eram frequentemente associadas a divindades criadoras, simbolizando forças primordiais da natureza e do universo. Essa associação espiritual também pode ter servido como uma forma de aviso: as cobras, letais e imponentes, marcavam territórios, alertando visitantes de que estavam entrando em terras sagradas ou pertencentes a determinados grupos.

Durante as escavações, os cientistas descobriram uma conexão intrigante entre a arte rupestre e pedaços de cerâmica encontrados anteriormente na mesma região. A cobra representada nas pinturas assemelha-se a desenhos gravados nesses artefatos, reforçando a continuidade cultural e simbólica entre diferentes gerações.

De acordo com o professor João Delgado, especialista em arqueologia amazônica, “essas conexões mostram como a identidade cultural era passada de geração em geração, mantendo vivas tradições e crenças fundamentais para essas comunidades”.

Embora a descoberta seja empolgante, ela também levanta preocupações quanto à preservação desse patrimônio. A equipe de pesquisa já registrou os sítios arqueológicos nos órgãos de patrimônio nacional da Colômbia e da Venezuela. Eles também planejam colaborar com comunidades indígenas locais para garantir a proteção das gravuras, especialmente diante do crescimento do turismo na região.

pinturas rupestres 1

A professora Marta Hidalgo, da Universidade de Caracas, alerta: “O turismo, embora traga benefícios econômicos, pode representar uma ameaça à integridade desses sítios. Precisamos equilibrar o acesso com a preservação.”

A região do Alto e Médio Rio Orinoco é rica em biodiversidade e cultura, atraindo um número crescente de turistas. No entanto, o aumento do fluxo turístico pode expor as pinturas rupestres a danos irreparáveis.

Além disso, a área enfrenta desafios ambientais devido ao desmatamento e à mineração ilegal, que ameaçam não apenas o ecossistema, mas também a sobrevivência de comunidades indígenas. Para muitos desses povos, as gravuras não são apenas símbolos históricos, mas parte de sua identidade viva.

A representação da cobra gigante não se limita à estética. Ela encapsula a relação entre os antigos habitantes da região e seu meio ambiente. Esses animais, além de imponentes, desempenhavam um papel crucial nos ecossistemas locais, controlando populações de presas e mantendo o equilíbrio natural.

Para os pesquisadores, a gravura também reflete o respeito e a reverência que esses povos tinham pela natureza. Ela sugere uma consciência ecológica que está profundamente enraizada na espiritualidade indígena, algo que ainda inspira reflexões nos dias de hoje.

Enquanto os cientistas continuam a estudar as gravuras e seu contexto, a descoberta destaca a importância de proteger o patrimônio cultural e natural da Amazônia e regiões adjacentes. Essas pinturas são mais do que artefatos históricos; elas são testemunhos vivos da interação entre o ser humano e a natureza, além de um lembrete de como culturas antigas moldaram sua visão de mundo a partir do ambiente ao seu redor.