Autoridades de aviação da Europa investigam um caso que expôs falhas de controle e segurança no setor aéreo. Um cidadão espanhol teria trabalhado durante três anos como comandante da companhia lituana Avion Express usando documentos falsificados. A revelação, feita pelo jornal italiano Corriere della Sera, causou preocupação entre reguladores, já que o homem pilotou voos comerciais em diferentes países sem possuir a habilitação necessária.
Apresentando-se como um profissional experiente, o espanhol afirmou ter acumulado mais de 10 mil horas de voo e duas décadas de carreira. Porém, investigações preliminares indicam que ele possuía apenas licença de primeiro-oficial — qualificação válida exclusivamente para copilotos.
Licença fraudulenta permitiu atuação como comandante
Fontes ligadas ao caso relatam que o investigado estava habilitado apenas para operar aeronaves Airbus A320 na função de copiloto. Sua experiência anterior teria sido limitada a voos como primeiro-oficial na Garuda Indonesia, principal companhia aérea da Indonésia.
Mesmo com certificações insuficientes, ele conseguiu assumir o comando de diversos voos, não apenas da Avion Express. Isso porque a empresa opera no modelo ACMI, sistema no qual aeronaves e tripulações são contratadas por outras companhias, ampliando o alcance dos voos realizados pelo piloto falso.
Denúncia interna levou ao pedido de demissão
A fraude começou a ser descoberta quando a Avion Express recebeu informações suspeitas sobre o histórico profissional do funcionário. Pouco tempo depois, o espanhol pediu demissão, atitude que reforçou as suspeitas e motivou a abertura de uma investigação interna.
Em comunicado ao Corriere della Sera, a Avion Express confirmou que ele havia trabalhado na empresa, mas disse não haver prova definitiva de falsificação documental até o momento. A companhia afirma que está cooperando com autoridades de vários países para verificar a autenticidade das licenças apresentadas.
Especialistas alertam para riscos à segurança aérea
Profissionais de aviação consultados pela imprensa ressaltaram a gravidade do caso. Um comandante é o responsável máximo pela aeronave e pelos passageiros, com poder de decidir sobre emergências, rotas alternativas, procedimentos de segurança e condutas críticas de voo.
A possibilidade de alguém sem capacitação técnica ocupar esse cargo por anos acende o alerta sobre possíveis falhas de auditoria e avaliação de habilidades em empresas de aviação civil europeias.



