Dados recém-divulgados pelo IBGE revelam que a economia brasileira encerrou o ano de 2023 com um crescimento acumulado de 2,9% no Produto Interno Bruto (PIB). Esses números, revelados nesta sexta-feira (1º), surpreenderam os analistas, que, em sua mediana, projetavam uma alta ligeiramente superior, de 3%, para o período de 12 meses.
O primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado por avanços significativos, impulsionados por diferentes fatores. Um dos principais foi a ampliação da safra agrícola, que teve um impacto direto no desempenho do PIB, especialmente nos primeiros meses do ano passado. A atividade econômica também se beneficiou da retomada do mercado de trabalho, com a abertura de empregos e a melhoria da renda, aliadas à estabilidade da inflação, o que impulsionou o consumo.
O governo adotou medidas como a transferência de recursos através do Bolsa Família para os estratos mais pobres da população, fortalecendo assim o poder de compra das famílias de baixa renda. Entretanto, o alto patamar dos juros representou um desafio para um crescimento ainda maior do consumo, já que o ciclo de cortes da taxa básica, a Selic, só teve início em agosto, limitando o estímulo ao mercado interno.
Apesar do desempenho sólido em 2023, as projeções para 2024 sugerem um cenário de desaceleração econômica. Analistas do mercado esperam um avanço de 1,75% para o PIB neste ano, segundo dados do Banco Central. Fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor, seca e tempestades, têm prejudicado a produção no campo, reduzindo o potencial da agropecuária como motor do crescimento. No entanto, o ciclo de queda dos juros pode representar um estímulo para o consumo em 2024, particularmente para bens de maior valor agregado, que dependem de financiamento.
O desempenho do PIB em 2023 reflete uma combinação de fatores positivos, como o vigor da safra agrícola e a recuperação do mercado de trabalho, contrastando com desafios como a persistência dos juros elevados e os impactos dos fenômenos climáticos. Para 2024, as expectativas de crescimento apontam para uma desaceleração, mas medidas como a política monetária expansionista podem oferecer suporte à atividade econômica, mitigando os efeitos adversos do ambiente externo. O desafio para as autoridades econômicas será encontrar o equilíbrio entre o estímulo ao consumo e a necessidade de controle da inflação, garantindo assim uma trajetória sustentável de crescimento para a economia brasileira.