Os enigmas do Sítio Petróglifos de Mara Rosa em Goiás

Os petróglifos encontrados no Sítio Arqueológico de Mara Rosa, em Goiás, representam um dos mais intrigantes legados deixados pelos povos originários da América do Sul. Este sítio, ainda pouco conhecido, é um testemunho silencioso de uma cultura ancestral que estabeleceu conexões simbólicas entre a paisagem, os astros celestes e seus registros rupestres.

Localizado em uma área de afloramentos graníticos no Cerrado brasileiro, este tesouro arqueológico desperta interesse não apenas pela beleza e complexidade das gravuras, mas também pelos mistérios que ainda desafiam pesquisadores.

Localizado a cerca de 15 km da cidade de Mara Rosa e 3 km do povoado de Amarolândia, o sítio foi descoberto nos anos 1970 durante pesquisas arqueológicas realizadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).

Desde então, os registros passaram a ser protegidos pela legislação federal, mas apenas recentemente têm recebido maior atenção devido ao seu potencial de revelar mais sobre as sociedades que habitaram a região.

Os petróglifos de Mara Rosa consistem em gravuras em rochas que possuem orientações específicas, sugerindo um propósito cultural e simbólico. As inscrições estão alinhadas predominantemente no eixo norte-sul, uma característica que levanta hipóteses sobre sua relação com o movimento dos astros ou mesmo com a proximidade de cursos d’água, como o Ribeirãozinho, que margeia a área.

Um dos aspectos mais intrigantes do Sítio Petróglifos de Mara Rosa é a sua orientação. Estudos preliminares indicam que as gravuras foram feitas em rochas posicionadas estrategicamente, muitas vezes voltadas para o oeste. Essa disposição sugere que os povos que criaram as inscrições poderiam ter utilizado os petróglifos como marcadores astronômicos, alinhando-os com eventos celestes específicos, como solstícios ou equinócios.

A arqueoastronomia, campo que estuda a relação entre as culturas antigas e os fenômenos celestes, é uma das abordagens empregadas para entender a intencionalidade dessas obras. Essa hipótese ganha força quando se observa que outras culturas ao redor do mundo também utilizaram registros rupestres para documentar suas observações astronômicas.

A seleção de rochas específicas para a realização das gravuras não foi aleatória. Estudos apontam que os povos antigos optaram por rochas de granito por sua durabilidade e visibilidade na paisagem. Além disso, a localização próxima a cursos d’água pode ter sido uma escolha simbólica, representando fertilidade, abundância ou territorialidade.

Essa escolha também implica um esforço físico significativo, já que a elaboração das gravuras em ambientes abertos exigia mais tempo e energia do que em abrigos rochosos. Isso demonstra a relevância cultural desses registros e reforça a ideia de que eles tinham um propósito claro e intencional.

Apesar de sua importância, o Sítio Petróglifos de Mara Rosa enfrenta desafios relacionados à conservação. O intemperismo e as mudanças climáticas têm acelerado o processo de decomposição das rochas, colocando em risco as gravuras que já foram parcialmente desgastadas.

Para combater essa ameaça, pesquisadores têm utilizado métodos de registro como desenhos técnicos, fotografias detalhadas e programas de vetorização. Essas iniciativas visam não apenas preservar o patrimônio, mas também promover estudos futuros que possam elucidar os mistérios do sítio.

O Sítio Petróglifos de Mara Rosa é um testemunho da sofisticação cultural dos povos que habitaram a região há milhares de anos. Embora os significados exatos das gravuras permaneçam obscuros, é evidente que elas desempenharam um papel crucial na vida dessas comunidades, seja como marcadores territoriais, representações simbólicas ou registros de eventos astronômicos.

A continuidade das pesquisas no sítio é essencial para desvendar as histórias que essas rochas ainda guardam. Ao preservar e estudar os petróglifos, não apenas honramos o legado dos povos originários, mas também ampliamos nosso entendimento sobre as conexões entre cultura, natureza e cosmos.