Paraná lidera inovação com pesquisa genética que já coletou 3 mil amostras

O Paraná está se consolidando como um dos principais polos de pesquisa genética do Brasil. Com o projeto Genomas Paraná, iniciado em 2023, o estado busca compreender a genética da população para promover avanços significativos na medicina de precisão e na prevenção de doenças crônicas. Em sua fase inicial, a iniciativa já coletou mais de 3 mil amostras biológicas em Guarapuava e analisou 280 delas utilizando equipamentos de última geração.

O Genomas Paraná é financiado pelo Governo do Estado por meio da Fundação Araucária e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com um aporte inicial superior a R$ 6 milhões. Essa iniciativa é um marco para o Paraná, que se posiciona na vanguarda nacional ao investir em tecnologia de ponta para entender o perfil genético de seus cidadãos.

O Vale do Genoma: o berço da inovação genética

O projeto Genomas Paraná é uma das principais iniciativas do Vale do Genoma, um ecossistema de inovação criado em 2021 para transformar o Paraná em referência em biotecnologia e saúde. Esse ambiente reúne mais de 20 instituições, como as universidades estaduais de Guarapuava e Ponta Grossa e a Universidade Federal do Paraná, além de contar com parcerias nacionais e internacionais.

De acordo com o professor David Livingstone Figueiredo, coordenador do projeto, o Vale do Genoma foi essencial para o rápido avanço das pesquisas. “A estrutura criada aqui conecta ciência, saúde e desenvolvimento econômico. Além disso, nos permite colaborar com pesquisadores de todo o Brasil”, destaca.

Como funciona o Genomas Paraná

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A pesquisa conta com duas formas de recrutamento: visitas aleatórias a residências selecionadas e inscrições voluntárias por meio do site do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC) de Guarapuava. Até agora, cerca de 3 mil paranaenses já participaram do projeto, que busca alcançar um total de 4.500 indivíduos, incluindo um grupo específico de idosos cognitivamente saudáveis com mais de 80 anos.

Os participantes fornecem amostras de sangue, saliva e fezes, além de responderem a um extenso questionário epidemiológico. Todo o material coletado é analisado no IPEC Guarapuava, que utiliza sequenciadores capazes de processar dezenas de amostras simultaneamente.

Segundo Figueiredo, os dados obtidos são armazenados em nuvem e protegidos por rígidos protocolos de segurança. “Essas informações servirão como base para políticas públicas voltadas à saúde e para o desenvolvimento de tratamentos personalizados, ampliando a atuação da medicina de precisão no Paraná”, explica o pesquisador.

Benefícios e impacto da pesquisa genética

O mapeamento genético oferece benefícios que vão além da medicina de precisão. O projeto abre portas para avanços em diversas áreas, como a agricultura, ao criar expertise na análise de dados genéticos. Além disso, atrai investimentos de empresas de biotecnologia, consolidando o Paraná como um hub tecnológico e científico.

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Outro destaque é a integração do Genomas Paraná ao projeto nacional Genoma SUS, que busca criar um banco de dados genéticos de 21 mil brasileiros. Com isso, o Paraná deve receber um investimento adicional de R$ 30 milhões nos próximos três anos, fortalecendo ainda mais sua posição de liderança no cenário científico nacional.

Perspectivas para o futuro

Com previsão de durar uma década, o Genomas Paraná é apenas o início de um ambicioso plano de desenvolvimento científico. A criação de um banco de dados integrado, que combinará informações genéticas com dados ambientais e sociais, promete revolucionar o diagnóstico precoce e a formulação de políticas de saúde.

O projeto também prepara o Paraná para ser referência em medicina de precisão, oferecendo tratamentos individualizados e mais eficazes. “Estamos criando um modelo que será exemplo para outros estados e países”, conclui Figueiredo.