Pesquisa com bactérias amazônicas aponta para fármacos inovadores

Com a crescente busca por medicamentos mais eficazes, uma parceria científica entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) está revolucionando a forma como o Brasil investiga fármacos com potencial antibiótico e antitumoral.

Para isso, amostras de solo retiradas da Amazônia, mais precisamente do Parque Estadual do Utinga, em Belém, estão sendo levadas para Campinas (SP) onde são analisadas com a ajuda do acelerador Sirius, o maior microscópio da América do Sul. Essa tecnologia de ponta permite que cientistas examinem com precisão os genes das bactérias do solo amazônico, buscando substâncias capazes de combater doenças e até curar câncer.

A equipe de pesquisadores descobriu que, entre as bactérias estudadas, muitas ainda têm substâncias e enzimas desconhecidas para a ciência, que poderiam ser fundamentais para o desenvolvimento de novos tratamentos. Usando sequenciamento genético avançado e técnicas como a metabologenômica, é possível identificar quais genes produzem essas substâncias e, posteriormente, “ensinar” bactérias cultivadas em laboratório a produzi-las em maior escala.

O processo é parte de um esforço mais amplo para proteger e estudar a biodiversidade única da Amazônia, um dos biomas mais ricos e ainda pouco explorados do mundo. As substâncias encontradas nesse solo, de moléculas ainda desconhecidas, têm grande potencial para criar fármacos com um impacto mundial, já que mais de 2/3 dos medicamentos existentes têm origem em moléculas naturais.

A parceria entre o CNPEM e a UFPA também é essencial para o avanço de projetos estratégicos no combate à devastação do bioma amazônico, com investimentos na ordem de R$ 500 milhões para pesquisa científica durante essa década. Embora o ecossistema da Amazônia esteja sendo severamente impactado pelas queimadas, o trabalho contínuo dos cientistas ajuda a valorizar sua biodiversidade, com a esperança de que as descobertas em curso possam beneficiar a saúde humana e também o meio ambiente.