Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Frontiers on Marine Science, trouxe à luz uma preocupante realidade sobre a pesca de arrasto de fundo praticada por embarcações brasileiras. O estudo, realizado ao longo de dois anos, concentrou-se na captura acidental do cavalo-marinho patagônico (Hippocampus patagonicus), uma espécie protegida e de distribuição restrita. Os resultados revelaram não apenas a magnitude desse impacto, mas também alertaram para as consequências devastadoras que a atividade pesqueira desenfreada pode ter sobre essa população marinha vulnerável.
Monitorando embarcações pesqueiras ao longo do litoral sudeste do Brasil, os pesquisadores estimaram que cerca de 3,7 mil arrastões de fundo ocorrem diariamente na região, visando principalmente peixes e camarões. No entanto, por trás dessa prática, está um efeito colateral preocupante: a captura inadvertida de cavalos-marinhos patagônicos. Em média, cada barco pesqueiro arrasta consigo seis desses animais por dia, revelando uma pressão significativa sobre essa espécie de distribuição limitada.
A venda desses cavalos-marinhos capturados acidentalmente alimenta um mercado negro em ascensão. Especialistas alertam que, embora as regulamentações tenham tornado o comércio mais clandestino, a demanda persiste. A pesquisa sugere que o número real de cavalos-marinhos arrastados anualmente pela frota pesqueira brasileira pode chegar a impressionantes 2,3 milhões de indivíduos, colocando o país entre os principais fornecedores globais dessa espécie.
Rosana Silveira, pesquisadora líder do estudo, destaca que a captura acessória de cavalos-marinhos representa uma ameaça séria à sua população no Brasil. Para ela, é essencial que os esforços de conservação se concentrem não apenas na repressão do comércio ilegal, mas também na redução da pesca de arrasto de fundo. Sarah Foster, especialista em cavalos-marinhos, ressalta que onde quer que haja essa prática pesqueira, há um problema para a conservação desses animais delicados.
A pesquisa recente sobre a captura acidental de cavalos-marinhos patagônicos por barcos brasileiros lança luz sobre um aspecto sombrio da atividade pesqueira. O estudo não apenas evidencia a escala alarmante desse impacto, mas também ressalta a necessidade premente de intervenções governamentais e esforços de conservação para garantir a sobrevivência dessa espécie única e vulnerável. Enquanto o comércio ilegal persistir e a pesca de arrasto de fundo continuar sem controle, o futuro dos cavalos-marinhos patagônicos no Brasil permanece incerto, exigindo ações decisivas para proteger esses tesouros marinhos para as gerações futuras.