Um estudo recente divulgado na revista científica Geomatics apresentou a análise de um conjunto de pegadas fossilizadas encontrado próximo à cidade de Ouray, no interior do Colorado, nos Estados Unidos. As marcas, atribuídas a um saurópode que viveu há cerca de 150 milhões de anos, chamaram a atenção de pesquisadores por sugerirem que o animal poderia estar mancando no momento em que deixou o rastro no solo.
A trilha preservada está localizada na área conhecida como West Gold Hill e possui 95,5 metros de extensão. O rastro contém mais de 130 pegadas atribuídas a um dinossauro do grupo que engloba espécies como Diplodocus e Camarasaurus. O trajeto se destaca por formar um círculo, característica considerada rara no registro fóssil, já que trilhas de saurópodes geralmente seguem direções lineares. Segundo os responsáveis pelo estudo, trata-se de uma das trilhas mais longas e com curva acentuada já descritas para esse tipo de animal.
A documentação do percurso exigiu o uso de tecnologia aérea. A extensão e a curvatura dificultavam o registro detalhado apenas a partir do solo, por isso foi utilizada fotografia feita por drone. As imagens de alta resolução permitiram a elaboração de um modelo digital tridimensional, capaz de reproduzir a trilha com precisão milimétrica. Essa técnica tornou possível observar diferenças sutis no padrão de caminhada do animal ao longo de toda a volta registrada.
O modelo mostra que o dinossauro iniciou o trajeto caminhando para o nordeste, completou uma curva e retornou à mesma direção. Duas características encontradas no percurso chamaram a atenção dos pesquisadores. A primeira é a alteração no espaçamento entre as pegadas da esquerda e da direita. O padrão muda de uma largura estreita para uma mais ampla, indicando que o animal poderia modificar sua postura durante a caminhada.
Segundo os cientistas, esse tipo de variação pode levar a equívocos ao se analisar apenas trechos isolados de trilhas fósseis. A segunda característica observada foi a diferença no comprimento dos passos. Os pesquisadores identificaram cerca de 10 centímetros de discrepância entre as passadas da perna esquerda e da direita, o que pode sugerir uma possível claudicação, embora exista a possibilidade de o animal apenas exercer mais força em um dos lados do corpo.
O estudo aponta que o uso de drones e de reconstruções digitais permite aprimorar a análise de trilhas extensas, possibilitando identificar detalhes antes inacessíveis. A técnica pode ser aplicada também em outros sítios paleontológicos, contribuindo para a compreensão mais ampla dos padrões de locomoção de dinossauros de grande porte.
>>> Leia mais: Complexo sacrificial de 2.400 anos na Rússia revela rituais misteriosos




