O Governo do Estado do Paraná deu mais um passo na consolidação de sua política ambiental ao publicar, nesta segunda-feira (21), o edital de concorrência internacional eletrônica para aquisição de três radares meteorológicos de última geração.
A medida, oficializada no Diário Oficial do Estado, representa um investimento de cerca de R$ 38,4 milhões (US$ 6,87 milhões) e integra o projeto estratégico Monitora Paraná, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável. A ação reforça o protagonismo do Estado na agenda nacional de enfrentamento às mudanças climáticas e prevenção de desastres.
A licitação será realizada em setembro, com abertura de propostas marcada para o dia 10, às 9h30, por meio do sistema www.compras.gov.br. Essa contratação marca o início de uma política pública estruturante voltada à proteção de vidas, à redução de prejuízos econômicos e ao fortalecimento da capacidade estatal de resposta a eventos meteorológicos extremos.
A gestão estadual também já sinalizou que, na sequência, um novo edital será lançado para ampliação da rede por meio da compra de mais três radares, uma boia oceanográfica e a expansão das estações meteorológicas e hidrológicas, dentro do projeto complementar Monitora Litoral. A política pública em curso prevê integração com os sistemas da Defesa Civil e reforça a inteligência de monitoramento em todo o território paranaense.
Os dois projetos somam R$ 70,4 milhões em investimentos e contam com uma particularidade política relevante: os recursos são provenientes da indenização paga pela Petrobras por um vazamento de óleo ocorrido no Rio Iguaçu, em 2000, no município de Araucária. O uso desse montante para estruturar uma rede de radares de última geração transforma um passivo ambiental histórico em ativo público com alto valor social e preventivo.
Sob coordenação do Simepar e do Instituto Água e Terra (IAT), ambos vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (Sedest), o processo licitatório foi dividido em três lotes: radares das bandas S, C e X, cada um com aplicação estratégica para diferentes regiões e contextos climáticos do estado. Segundo o secretário estadual Rafael Greca, o investimento representa um avanço na soberania tecnológica do Paraná e na construção de um sistema de alerta moderno, alinhado às melhores práticas globais.
Atualmente, o Paraná conta com três radares meteorológicos operados pelo Simepar: um de banda X em Curitiba e dois de banda S em Teixeira Soares e Cascavel. Os novos equipamentos serão instalados em pontos estratégicos: Jandaia do Sul (radar banda S), Campo Magro (banda C) e Pontal do Paraná (banda X). Com isso, o governo busca garantir cobertura total, com eliminação de pontos cegos e reforço nos alertas para deslizamentos, enchentes, estiagens e eventos extremos.
A política adotada tem como um de seus pilares a integração com a Rede de Prevenção de Acidentes Meteorológicos e Hidrológicos (REPAMH) e com o Sistema Integrado de Gestão de Riscos (SIGRisco), fortalecendo o planejamento estadual diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Para o presidente do IAT, Everton Souza, a decisão do governo é estratégica. “Estamos avançando em políticas públicas de prevenção, com dados técnicos e infraestrutura capaz de salvar vidas e mitigar prejuízos”, disse.
Os equipamentos adquiridos também são um marco tecnológico. O radar de banda S, a ser instalado em Jandaia do Sul, terá o maior alcance e alta resistência a chuvas intensas. Já o de banda C, em Campo Magro, combina bom alcance com definição intermediária, ideal para regiões metropolitanas. No Litoral, o radar de banda X permitirá observações de altíssima resolução, fundamental para áreas sujeitas a frentes frias e ressacas.
Paulo de Tarso, diretor-presidente do Simepar, destacou que o modelo de rede híbrida adotado pelo Paraná coloca o Estado entre os mais avançados do país em previsão e resposta climática. “A nova estrutura não apenas qualifica nossa previsão, como representa uma ação política inteligente, baseada em ciência, tecnologia e responsabilidade pública”, concluiu.
A iniciativa mostra como decisões de governo, quando aliadas a critérios técnicos, podem transformar passivos ambientais em soluções duradouras. O Paraná assume, com esse projeto, uma posição de liderança em políticas climáticas regionais, antecipando um cenário em que estados e municípios terão papel ainda mais relevante na gestão de riscos e na adaptação às mudanças globais.
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