Paraná consolida, mais uma vez, sua posição de destaque no cenário nacional quando o assunto é doação de órgãos
Em 2024, o Estado atingiu uma marca histórica: 42,3 doadores por milhão de população (pmp), índice que o mantém no topo do ranking brasileiro e representa mais do que o dobro da média nacional, atualmente em 19,2 pmp. Trata-se de um resultado expressivo, que não apenas impressiona pelos números, mas também pelo significado humano por trás de cada doação.
Esse avanço é fruto de um trabalho integrado e eficiente entre hospitais, equipes médicas, coordenações de transplantes e, principalmente, da conscientização da população paranaense.
A elevada taxa de doadores é um reflexo direto do entendimento social sobre a importância da doação de órgãos como um ato de generosidade que salva vidas. É o reconhecimento de que, mesmo em momentos de dor, como a perda de um ente querido, é possível transformar luto em esperança para outras famílias.
Mais que uma simples estatística, o número alcançado pelo Paraná representa um gesto coletivo de empatia, humanidade e responsabilidade social. Também evidencia a maturidade do sistema público de saúde do Estado, que tem investido em capacitação de profissionais, campanhas informativas e melhorias na logística que envolve a identificação, a captação e o transporte de órgãos com agilidade e segurança.
Ao assumir esse protagonismo nacional, o Paraná não apenas estabelece uma referência para outras unidades da federação, como também inspira uma cultura de solidariedade que se fortalece a cada ano. O compromisso com a vida, com a dignidade humana e com o aprimoramento dos serviços de saúde é, sem dúvida, uma das marcas mais nobres desse resultado.
Sistema de Transplantes do Paraná é modelo para o Brasil
O Estado também lidera outro indicador crucial: o de doadores cujos órgãos foram efetivamente transplantados, com 36 pmp ante a média nacional de 17,5 pmp. Os dados são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), divulgado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Essa liderança é resultado direto de uma política pública bem estruturada, investimentos consistentes e, principalmente, de um povo que, mesmo na dor, escolhe dar continuidade à vida.
No Brasil, a autorização familiar é obrigatória para que a doação se efetive, mesmo quando o desejo de doar é manifestado em vida. O Paraná apresenta a menor taxa de recusa familiar do país: 28%, contra 46% da média nacional. Isso se deve à abordagem humanizada das equipes do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), que passam por formação especializada para lidar com o momento de luto.
Em 2024, foram 500 doadores efetivos no Paraná, resultando em 903 transplantes de órgãos e 1.248 de córneas. O Estado também figurou entre os maiores em transplantes de medula óssea (410), rim (550), fígado (304), coração (43) e pâncreas (6).
Capacitação constante e estrutura moderna fortalecem o sistema
Ao todo, mais de 1.600 profissionais foram capacitados pelo SET/PR nos últimos dois anos em cursos sobre determinação de morte encefálica, acolhimento familiar e atuação em centros cirúrgicos.
O sistema conta com quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), 70 hospitais notificantes, 34 equipes transplantadoras de órgãos, 72 equipes de tecidos e uma logística de transporte terrestre e aéreo que garante agilidade essencial para o sucesso dos transplantes.
Com investimento de R$ 1,9 milhão, o governo estadual renovou a frota de 18 veículos do SET/PR e conta com apoio da Casa Militar para transporte aéreo 24h. Em 2024, foram realizados 133 voos com 250 órgãos transportados, incluindo 30 corações, que possuem apenas quatro horas de tempo de isquemia.
Fila de espera ainda é um desafio
Apesar dos avanços expressivos e da eficiência do sistema de transplantes no Paraná, a fila de espera ainda representa um desafio nacional que exige atenção constante.
Atualmente, mais de 67 mil brasileiros aguardam por um transplante que pode significar a diferença entre a vida e a morte, desse total, 3.843 são paranaenses que vivem diariamente a angústia da incerteza, na esperança de um gesto de solidariedade. O rim continua sendo o órgão mais requisitado, com 1.955 pessoas na fila apenas no Paraná, seguido pelas córneas, que afetam diretamente a qualidade de vida de quem depende da visão, e o fígado, cuja demanda crescente preocupa especialistas.
Essa realidade escancara a necessidade de fortalecer ainda mais a cultura da doação de órgãos no país, combatendo mitos, incentivando o diálogo familiar e promovendo campanhas de conscientização permanentes. A mobilização da sociedade, aliada a políticas públicas eficazes, é a chave para transformar o cenário atual e garantir que mais pessoas tenham acesso à chance de recomeçar por meio do transplante.
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