O Paraná, tem se destacado pela sua produção agrícola diversificada, que consegue se adaptar tanto às culturas de verão quanto de inverno. Um dos produtos que tem ganhado visibilidade é a bucha vegetal, cultivada comercialmente em 41 municípios e que, em 2023, gerou R$ 5,4 milhões em Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP). Este cultivo peculiar, que envolve uma planta trepadeira cujos frutos secos são transformados em fibras, revela não apenas um potencial econômico, mas também uma preocupação crescente com a sustentabilidade.
A bucha vegetal, conhecida por sua versatilidade, tem sido usada principalmente como esponja de banho e para limpeza doméstica. No entanto, seu valor vai além, devido às suas propriedades como isolante acústico e térmico e seu poder de filtragem. Além disso, por ser biodegradável e reciclável, a bucha vegetal se apresenta como uma alternativa ecológica às esponjas sintéticas, sendo cada vez mais valorizada no mercado global por sua contribuição ao meio ambiente. A utilização da planta também tem raízes na medicina popular, reforçando sua relevância cultural e histórica.
O cultivo da bucha vegetal no Paraná é realizado em uma área de 104 hectares, o que resultou na produção de 2,3 milhões de unidades em 2023. A principal região produtora está localizada no entorno de Maringá, no Noroeste do estado, responsável por 66,3% da produção total. O município de Marialva se destaca como o maior produtor, com 30 hectares cultivados e 800 mil unidades geradas, representando um VBP de R$ 1,9 milhão. As cidades de Floraí e São Jorge do Ivaí também têm se destacado, cada uma com 10 hectares cultivados, resultando em 250 mil unidades e um VBP de R$ 580 mil.
O cultivo de bucha vegetal tem grande importância para a agricultura familiar do Paraná, sendo uma atividade de destaque especialmente nas áreas rurais. Segundo Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a bucha vegetal é um produto ecológico por natureza, sendo cultivada comercialmente de forma sustentável, o que aumenta seu valor dentro da economia agropecuária do estado.
Além de ser uma opção ecológica, a bucha vegetal é considerada uma cultura complementar às grandes atividades da agropecuária, que acaba por se beneficiar do cultivo diversificado. O sucesso dessa produção pode ser visto não só em termos econômicos, mas também pela valorização crescente do conceito de produtos sustentáveis.
Ao focar no cultivo de produtos ecológicos, o estado também se posiciona de maneira estratégica no mercado global, especialmente no contexto da crescente demanda por soluções sustentáveis. O cultivo de bucha vegetal, portanto, tem não só impacto local, mas também um potencial de expansão para mercados internacionais que buscam alternativas mais verdes e biodegradáveis.
O panorama geral da agricultura no Paraná
O Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral, que cobre a semana de 31 de janeiro a 6 de fevereiro, também trouxe outras atualizações sobre a agricultura paranaense. A safra de milho, por exemplo, avançou rapidamente, ocupando já 28% da área prevista de 2,56 milhões de hectares para 2024/25, resultado de condições climáticas mais favoráveis. Em contraste, o cultivo de trigo tem enfrentado dificuldades, como a seca e as geadas, que impactaram negativamente a produção nos últimos anos. A produção de tomate, por outro lado, mostra um crescimento de 12% na produção estimada, com 170,5 mil toneladas previstas para 2024.
Esses dados refletem a complexidade e a diversidade da agricultura do Paraná, que vai além de culturas tradicionais, como soja e milho, ao incluir alternativas como a bucha vegetal, que podem ser vitais para fortalecer a economia local e garantir a sustentabilidade no setor agrícola.