O mês de setembro marca uma campanha importante em todo o Brasil: o Setembro Verde, um período dedicado à conscientização e ao incentivo da doação de órgãos. No Paraná, o movimento ganha ainda mais relevância, pois o estado lidera o ranking nacional de doações, destacando-se pela solidariedade de sua população.
Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Paraná é o estado com maior número de doações por milhão de população (pmp), reforçando seu compromisso em salvar vidas e apoiar pacientes que aguardam transplantes.
O Paraná se mantém como o estado com o maior índice de doações por milhão de população no Brasil, com uma taxa de 41,6 pmp, superando estados como Rondônia (40,5 pmp) e Santa Catarina (39,4 pmp). Esses números refletem um esforço contínuo das autoridades de saúde e da população em promover a doação de órgãos como um ato de solidariedade. Em contraste, a média nacional é de 19,1 pmp, evidenciando o protagonismo do Paraná nesse cenário.
Além do elevado número de doações, o Paraná também se destaca por possuir a menor taxa de recusa familiar no país, com apenas 25% das famílias negando a doação após entrevistas, contra uma média nacional significativamente maior. Esse índice reflete o trabalho de conscientização e a confiança que as famílias depositam no processo de doação, mesmo em momentos de dor.
A doação de órgãos é um processo que envolve grande sensibilidade e empatia. O secretário de Estado da Saúde do Paraná, César Neves, destaca que “salvar vidas por meio das doações só é possível graças à solidariedade do povo paranaense que, mesmo em meio à perda, opta por dar uma nova chance a outras pessoas”. No estado, cerca de 3,8 mil pessoas aguardam na fila por um transplante, sendo a maioria para rins, córneas e fígado.
Michele Canato Costa é uma das pessoas que vivenciaram essa generosidade de perto. Após a morte de seu pai, a família decidiu doar seus órgãos, o que salvou quatro vidas. “O momento da doação transformou nosso luto em amor e solidariedade. Saber que o coração do meu pai continua batendo em outra pessoa trouxe conforto à nossa dor”, relata Michele, ressaltando o impacto positivo que a doação trouxe para sua família.
O sucesso do Paraná na doação de órgãos é impulsionado pelo trabalho do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), que coordena todas as atividades de doação e transplantes no estado. Composto pela Central Estadual de Transplantes (CET/PR) e quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) distribuídas estrategicamente em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel, o sistema conta com uma ampla rede de profissionais e infraestrutura.
A estrutura é composta por aproximadamente 700 profissionais, 23 equipes de transplantes, e 16 centros especializados em transplantes de órgãos. Além disso, o governo estadual investe em logística para o transporte de órgãos, com nove veículos próprios e 12 aeronaves que realizam missões emergenciais, garantindo que os órgãos cheguem rapidamente aos pacientes que mais precisam.
No Brasil, a doação de órgãos só acontece após autorização da família do doador, tornando o processo de conscientização crucial. O Paraná, com a menor taxa de recusa do país, se destaca pelo trabalho incansável das equipes médicas na abordagem das famílias. “Nossa missão é oferecer o suporte necessário para que as famílias possam tomar essa decisão com confiança e segurança, sabendo que estão ajudando a salvar vidas”, explica Juliana Ribeiro Giugni, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes.
A história de Maycon Douglas Caetano de Almeida Moreno é um exemplo do impacto transformador da doação. Aos 35 anos, ele recebeu um novo coração após um ano e meio de espera. “A doação de órgãos mudou a minha vida. Graças a um doador e à decisão de sua família, eu ganhei uma nova chance de viver”, conta Maycon, reforçando a importância de quebrar preconceitos e apoiar a causa.
Instituído pela Lei Federal nº 11.584/2007, o Dia Nacional da Doação de Órgãos é celebrado em 27 de setembro, mas as ações de conscientização se estendem ao longo de todo o mês, conhecido como Setembro Verde. No Paraná, além das ações nacionais, o estado promove o Setembro Vermelho, uma iniciativa estadual voltada para o esclarecimento e incentivo à doação de órgãos e tecidos.
Essas campanhas têm o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da doação, explicando o processo e desmistificando preconceitos. “A informação é a chave para aumentar as doações. Quando as pessoas compreendem o impacto positivo que a doação pode ter na vida de outras pessoas, elas se sentem mais encorajadas a participar”, afirma a coordenadora Juliana Ribeiro.