Lançado Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Aeronaves de Pequeno Porte, com foco no desenvolvimento de aeronaves não tripuladas para pulverização agrícola, com apoio do Governo do Estado e investimentos em tecnologia e inovação
Foi lançado na sexta-feira, 25 de abril, o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Aeronaves de Pequeno Porte, com o objetivo de impulsionar os avanços na tecnologia aeronáutica do Paraná. O foco inicial do projeto está no desenvolvimento de aviões agrícolas não tripulados, especificamente para pulverização.
A primeira fase do projeto envolve o voo remotamente controlado do AgroVANT, uma aeronave de pulverização agrícola com mais de uma tonelada, equipada com asas fixas. Em um estágio futuro, a meta é alcançar a autonomia total da aeronave. O projeto conta com um investimento de R$ 2,7 milhões do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária.
A inovação proposta pelos pesquisadores é um sistema de controle digital para aeronaves de asa fixa, movidas a combustão, voltadas para pulverização agrícola. A tecnologia permitirá que a aeronave realize voos supervisionados, com apoio de sistemas de câmeras e sistemas inteligentes embarcados.
O NAPI Aeronaves de Pequeno Porte envolve pesquisadores de várias instituições, como a UTFPR, o Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a IPE Aeronaves.
De acordo com Douglas Renaux, pesquisador da UTFPR e articulador do NAPI, o desenvolvimento de um sistema de controle digital para uma aeronave não tripulada de mais de uma tonelada é uma iniciativa inédita e desafiadora.
A proposta inicial é que a aeronave seja pilotada remotamente, com a ambição de tornar a aeronave completamente autônoma ao longo do tempo. “A longo prazo, queremos que a aeronave opere sem a necessidade de um piloto no solo, aumentando a eficiência, segurança e reduzindo os riscos de acidentes, comuns na aviação agrícola”, explica Renaux.
O projeto visa também a melhoria na eficiência das operações agrícolas, possibilitando a programação antecipada da decolagem, trajeto de voo, pulverização e retorno da aeronave, otimizando o tempo de trabalho e minimizando custos. Segundo Renaux, a eliminação do piloto da aeronave traz benefícios significativos, como o aumento da efetividade, segurança e eficiência operacional.
A IPE Aeronaves, uma empresa paranaense com 50 anos de experiência, contribui com a aeronave, que está sendo desenvolvida há mais de dois anos. O sócio-gerente da IPE, João Carlos Boscardin, destaca que o mercado para essa tecnologia é promissor, não só no Brasil, mas também na América do Norte, Europa e África.
Ele afirma que a tecnologia pode reduzir significativamente os acidentes com pilotos, que atualmente são uma preocupação constante na aviação agrícola.
Atualmente, as aeronaves sem piloto utilizadas na pulverização agrícola são os multicópteros, que apresentam baixa autonomia e eficiência. O novo projeto, com aeronave de asa fixa, promete ganhos consideráveis em velocidade, eficiência e capacidade de carga. “Enquanto os multicópteros voam a 20 km/h, a nossa aeronave voará a 150 km/h, cobrindo uma área muito maior em menos tempo”, explica Renaux.
A parceria entre universidades e empresas locais é um dos grandes diferenciais do projeto, com a expectativa de gerar empregos e fomentar a inovação tecnológica no estado.
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, destacou a importância da colaboração entre instituições acadêmicas e empresas privadas para o desenvolvimento de tecnologias de alto valor agregado. O reitor da UTFPR, Everton Ricardi Lozano da Silva, também ressaltou a relevância do NAPI, considerando-o um passo importante para a ciência e a inovação no Paraná.
Além dos benefícios operacionais, o projeto também traz vantagens ambientais, como a possibilidade de realizar pulverizações noturnas ou em condições de visibilidade reduzida, o que permite maior aproveitamento do tempo.
A ausência de rastros de pneus e a redução da compactação do solo, comuns com o uso de maquinário agrícola pesado, também são aspectos positivos da nova tecnologia, que contribui para a preservação da qualidade do solo a longo prazo.
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